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12/12/2002 - 10h03

Bancos ganham mais e famílias devem mais, diz IBGE

PEDRO SOARES
da Folha de S.Paulo, no Rio

Os bancos e instituições financeiras aumentaram seus ganhos e seu peso no PIB (Produto Interno Bruto) em 2001, enquanto as famílias ficaram mais endividadas e com uma poupança menor. É o que mostra a pesquisa de Contas Nacionais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no período de 1999 a 2001.

Segundo o IBGE divulgou ontem, a poupança das famílias caiu de R$ 79,26 bilhões em 1999 para R$ 56,66 bilhões em 2001 _retração de 28,5%. Já a dos bancos cresceu de R$ 6,78 bilhões para R$ 20,49 bilhões _alta de 202%.

Para Eduardo Nunes, gerente do Departamento de Contas Nacionais do IBGE, aumento de juros, de spreads bancários (diferença entre a quanto captam e a quanto emprestam), a valorização do câmbio e a menor oferta de financiamentos explicam o fato de os bancos terem aumentado a poupança.

"Só o setor financeiro, em 2001, teve capacidade de se financiar e sua taxa de poupança subiu. Se alguém ganha, outros têm de perder", disse.

Em 2001, o nível de endividamento das famílias (medido pela necessidade de financiamento) cresceu, atingindo R$ 15,88 bilhões. Trata-se de uma inversão em relação a 1999, quando as famílias tinham uma capacidade de financiamento (sobra de recursos) de R$ 20,9 bilhões.

Em 2001, só as empresas financeiras (bancos, seguradoras e fundos de pensão) tiveram capacidade de financiar, com R$ 26,1 bilhões disponíveis. Em 1999, eram R$ 4,86 bilhões.

Os bancos também lucraram em 2001 com a alta do dólar: aumentaram o percentual de seus títulos atrelados à moeda _que subiu quase 30% naquele ano_ de 22,3% em dezembro de 2000 para 28,6% em dezembro de 2001.

"Em 2001, a renda caiu, o emprego se manteve estável, as despesas com consumo e investimentos cresceram [sob impacto do dólar e dos juros]. Com isso tudo, o nível de endividamento cresceu e a poupança das famílias caiu", disse Nunes.

O consumo familiar teve uma pequena expansão em 2001: 0,7% ante 2000. Os motivos, segundo o IBGE, mais uma vez são juros altos e renda em queda.
No conceito de famílias do IBGE, estão agrupadas não só as consumidoras como as produtoras também. Com isso, estão incluídas a maior parte do setor agropecuário e microempresas.

Com uma poupança maior, o peso relativo das empresas financeiras no PIB subiu: era de 5,99% em 1999, caiu para 5,18% em 2000 e voltou a crescer para 6,23% em 2001. Já a participação das famílias recuou de 34,36% em 1999 para 31,71% em 2001. Em 2000, fora 32,15%.

Não só as famílias perderam em 2001. Os juros elevados e o câmbio alto prejudicaram também as empresas do setor produtivo. Porém a sua participação no PIB subiu de 48,27% em 99 para 50,93%.

O endividamento das empresas não-financeiras também aumentou: ficou em R$ 20,47 bilhões, contra R$ 8,68 bilhões em 2000.

Em 2001, o PIB cresceu 1,42%, chegando a um valor total de R$ 1,2 trilhão. Em 2001, o Brasil remeteu R$ 46,69 bilhões para o exterior sob forma, principalmente, de pagamento de juros e dividendos. O dinheiro na maioria das vezes é enviado por multinacionais para suas sedes, segundo o IBGE. Do resto do mundo, o Brasil recebeu R$ 219 milhões em dividendos.
 

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