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27/01/2003
-
07h16
Ao se reunir ontem com cerca de 20 empresários, de diferentes setores econômicos, a comitiva do presidente Lula que foi a Davos ouviu a informação de que ninguém se arriscará a investir dinheiro nos setores de mídia no Brasil se for mantido o teto atual (30% sobre o capital total) para a participação de estrangeiros.
A avaliação foi feita por Juan Luis Cebrian Echarri, executivo-chefe do Grupo Prisa, o maior grupo de mídia da Espanha, dono, entre outros, do "El País", o principal jornal local.
Cebrian disse ainda que, exceto no Brasil e na Argentina, o limite para a participação do capital estrangeiro na mídia, na América Latina, passa sempre de 50% e pode chegar até à propriedade total.
O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, disse que estudaria a sugestão de Cebrian. "Vou consultar antes as empresas do setor", contou depois à Folha.
Não foi a única sugestão ouvida pela equipe de Lula em Davos: Samuel Zavati, vice-presidente sênior do banco holandês ABN Amro, cobrou a Lei de Falências que já está nos planos da nova equipe econômica e seria a única forma de aumentar o crédito no país.
Hoje, como os emprestadores acreditam que não têm garantias suficientes de receber de volta o dinheiro, ou aumentam os juros ou simplesmente não emprestam.
Uma lei de falências que desse as garantias desejadas seria uma maneira de estimular, por exemplo, financiamento habitacional.
Já as multinacionais representadas no encontro reclamaram dos entraves burocráticos às exportações, o que contraria o desejo publicamente expresso pelo ministro Luiz Fernando Furlan de que elas sejam parte importante no esforço de aumentar as vendas externas brasileiras.
"Podem ficar tranquilos que esse assunto cabe ao meu ministério e eu tenho 30 anos de sofrimento com isso", respondeu Furlan. Ele era presidente da Sadia, uma das maiores exportadoras brasileiras, até assumir, no dia 1º, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Os empresários cobraram também uma espécie de calendário das reformas econômicas que o PT promete (em especial a previdenciária, mas também a tributária e a da legislação trabalhista).
Os funcionários brasileiros evitaram, como é óbvio, comprometer-se com qualquer data específica, na medida em que a regra de ouvir antes os setores interessados não vale apenas para a mídia, mas para tudo. Sem falar no fato de que o Congresso Nacional ainda não começou a trabalhar na nova legislatura.
Veja também o especial Fóruns Globais
Investidor quer mais que 30% do capital da mídia
da Folha de S.Paulo, em DavosAo se reunir ontem com cerca de 20 empresários, de diferentes setores econômicos, a comitiva do presidente Lula que foi a Davos ouviu a informação de que ninguém se arriscará a investir dinheiro nos setores de mídia no Brasil se for mantido o teto atual (30% sobre o capital total) para a participação de estrangeiros.
A avaliação foi feita por Juan Luis Cebrian Echarri, executivo-chefe do Grupo Prisa, o maior grupo de mídia da Espanha, dono, entre outros, do "El País", o principal jornal local.
Cebrian disse ainda que, exceto no Brasil e na Argentina, o limite para a participação do capital estrangeiro na mídia, na América Latina, passa sempre de 50% e pode chegar até à propriedade total.
O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, disse que estudaria a sugestão de Cebrian. "Vou consultar antes as empresas do setor", contou depois à Folha.
Não foi a única sugestão ouvida pela equipe de Lula em Davos: Samuel Zavati, vice-presidente sênior do banco holandês ABN Amro, cobrou a Lei de Falências que já está nos planos da nova equipe econômica e seria a única forma de aumentar o crédito no país.
Hoje, como os emprestadores acreditam que não têm garantias suficientes de receber de volta o dinheiro, ou aumentam os juros ou simplesmente não emprestam.
Uma lei de falências que desse as garantias desejadas seria uma maneira de estimular, por exemplo, financiamento habitacional.
Já as multinacionais representadas no encontro reclamaram dos entraves burocráticos às exportações, o que contraria o desejo publicamente expresso pelo ministro Luiz Fernando Furlan de que elas sejam parte importante no esforço de aumentar as vendas externas brasileiras.
"Podem ficar tranquilos que esse assunto cabe ao meu ministério e eu tenho 30 anos de sofrimento com isso", respondeu Furlan. Ele era presidente da Sadia, uma das maiores exportadoras brasileiras, até assumir, no dia 1º, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Os empresários cobraram também uma espécie de calendário das reformas econômicas que o PT promete (em especial a previdenciária, mas também a tributária e a da legislação trabalhista).
Os funcionários brasileiros evitaram, como é óbvio, comprometer-se com qualquer data específica, na medida em que a regra de ouvir antes os setores interessados não vale apenas para a mídia, mas para tudo. Sem falar no fato de que o Congresso Nacional ainda não começou a trabalhar na nova legislatura.
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