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27/01/2003
-
06h59
da Folha de S.Paulo, em Davos
George Soros, 72, uma espécie de nome-símbolo do megainvestimento (ou da megaespeculação), inverteu completamente o raciocínio que fez para a Folha em junho passado quando a campanha eleitoral brasileira começava a esquentar.
Naquele momento, Soros dizia que os mercados financeiros imporiam o caos se os eleitores, nas pesquisas, não optassem firmemente por José Serra, o candidato do governo Fernando Henrique Cardoso. Era, portanto, um teste de resistência para a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva.
Ontem, em encontro com o próprio Lula, em Davos, Soros disse que o teste agora seria para o próprio mercado financeiro. Ou seja, o mercado teria de demonstrar que é capaz de aceitar um resultado eleitoral impecavelmente legítimo e democrático. O megafinancista acrescentou que o governo Lula "tem de dar certo", opinião obviamente compartilhada pelo presidente brasileiro.
"Pelo menos as pessoas que conhecem o Brasil sabem o que significa a nossa vitória e torcem para que dê certo. Se não der, o que vem depois?", perguntava o próprio Lula, em conversa com jornalistas, minutos depois de se despedir de Soros.
Ao recebê-lo, Lula foi irônico. Não tocou na tese "Serra ou caos", mas disse que tinha muito prazer em conhecer o investidor, porque muitas vezes as pessoas formam impressões erradas umas das outras, a partir de informações nem sempre corretas.
Ironia à parte, o presidente só pode ter ficado satisfeito com Soros, porque esse financista de origem húngara, naturalizado norte-americano, se disse disposto a ajudar o governo brasileiro em organismos internacionais e na complicada batalha para reduzir o risco-país.
O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, contou depois à Folha que Soros propôs ajudar também na operação de redução dos "spreads" (a diferença entre o que os agentes financeiros cobram pelos seus empréstimos e o que pagam aos investidores ou correntistas). Essa é uma das questões microeconômicas em que o governo do PT aposta para irrigar a economia com mais crédito e estimular o crescimento.
Sempre segundo Palocci, Soros tem várias experiências a respeito de redução de "spreads" que serão agora analisadas pela equipe econômica. Depois, há até a possibilidade de que técnicos da Fazenda viajem ao exterior, para aprofundar os estudos.
Veja também o especial Fóruns Globais
Veja também o especial Governo Lula
George Soros afirma agora que governo do PT "tem de dar certo"
CLÓVIS ROSSIda Folha de S.Paulo, em Davos
George Soros, 72, uma espécie de nome-símbolo do megainvestimento (ou da megaespeculação), inverteu completamente o raciocínio que fez para a Folha em junho passado quando a campanha eleitoral brasileira começava a esquentar.
Naquele momento, Soros dizia que os mercados financeiros imporiam o caos se os eleitores, nas pesquisas, não optassem firmemente por José Serra, o candidato do governo Fernando Henrique Cardoso. Era, portanto, um teste de resistência para a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva.
Ontem, em encontro com o próprio Lula, em Davos, Soros disse que o teste agora seria para o próprio mercado financeiro. Ou seja, o mercado teria de demonstrar que é capaz de aceitar um resultado eleitoral impecavelmente legítimo e democrático. O megafinancista acrescentou que o governo Lula "tem de dar certo", opinião obviamente compartilhada pelo presidente brasileiro.
"Pelo menos as pessoas que conhecem o Brasil sabem o que significa a nossa vitória e torcem para que dê certo. Se não der, o que vem depois?", perguntava o próprio Lula, em conversa com jornalistas, minutos depois de se despedir de Soros.
Ao recebê-lo, Lula foi irônico. Não tocou na tese "Serra ou caos", mas disse que tinha muito prazer em conhecer o investidor, porque muitas vezes as pessoas formam impressões erradas umas das outras, a partir de informações nem sempre corretas.
Ironia à parte, o presidente só pode ter ficado satisfeito com Soros, porque esse financista de origem húngara, naturalizado norte-americano, se disse disposto a ajudar o governo brasileiro em organismos internacionais e na complicada batalha para reduzir o risco-país.
O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, contou depois à Folha que Soros propôs ajudar também na operação de redução dos "spreads" (a diferença entre o que os agentes financeiros cobram pelos seus empréstimos e o que pagam aos investidores ou correntistas). Essa é uma das questões microeconômicas em que o governo do PT aposta para irrigar a economia com mais crédito e estimular o crescimento.
Sempre segundo Palocci, Soros tem várias experiências a respeito de redução de "spreads" que serão agora analisadas pela equipe econômica. Depois, há até a possibilidade de que técnicos da Fazenda viajem ao exterior, para aprofundar os estudos.
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