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22/05/2003
-
12h01
da Folha Online, em Brasília
As críticas do vice-presidente da República, José Alencar, à competência do Banco Central foram respondidas pelo presidente da instituição, Henrique Meirelles, e expuseram o racha dentro do governo em relação à condução da política monetária.
O presidente do BC, Henrique Meirelles, afirmou hoje que o "sucesso" da política de juros da instituição será definido a partir do controle da inflação.
"O que define ou não a competência do BC é o seu sucesso ou não no cumprimento da sua missão básica, que é o controle da inflação. Portanto, é isso que vai decidir o nível de competência desta ou de qualquer administração ou de qualquer BC", afirmou.
Anteontem, Alencar, quando indagado se faltava "competência" ao BC, disse: "Claro que está". Também falou, pedindo queda dos juros, que, "se não tivermos coragem de defender nosso país, temos de pedir desculpas aos 175 milhões [de brasileiros] e voltar para casa".
As declarações levaram Lula a repreender Alencar. No entanto, isso não foi suficiente para evitar que o vice-presidente mantivesse o "coro" pelo juro menor após o BC anunciar no início da tarde de ontem a manutenção da taxa em 26,5% ao ano.
"Sempre critiquei, a minha vida inteira. Acho que as críticas contribuem. Tenho compromisso com a minha história de vida", disse Alencar após a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária).
As críticas duras e a pressão pela redução dos juros não são exclusividade do vice-presidente. Outros integrantes do governo, como o ministro Ciro Gomes (Integração Nacional), já se manifestaram publicamente pela queda da taxa básica de juros.
Sem divisão
Após responder diretamente as críticas de Alencar, Meirelles negou uma divisão no governo.
"O BC deve estar preparado para estar no centro dos assuntos. Nossa posição é de serenidade e de tranquilidade", afirmou o presidente do BC.
Meirelles classificou as críticas à instituição como "um apelo para que se trabalhe pela queda dos juros a longo prazo", mas disse que não cabe ao BC definir quem no governo está autorizado a comentar a competência da autoridade monetária.
"Não é de competência do BC decidir se uma autoridade deve ou não falar sobre cada assunto", disse.
O diretor demissionário de Política Econômica do BC, Ilan Goldfajn, também saiu em defesa do trabalho da instituição. "Acredito que estamos no caminho certo. Está claro que a confiança foi retomada e isso se vê a olho nu", disse. Entretanto, disse aceitar bem as críticas à atuação do BC. "Isso são ossos do ofício", afirmou.
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FELIPE FREIREda Folha Online, em Brasília
As críticas do vice-presidente da República, José Alencar, à competência do Banco Central foram respondidas pelo presidente da instituição, Henrique Meirelles, e expuseram o racha dentro do governo em relação à condução da política monetária.
O presidente do BC, Henrique Meirelles, afirmou hoje que o "sucesso" da política de juros da instituição será definido a partir do controle da inflação.
"O que define ou não a competência do BC é o seu sucesso ou não no cumprimento da sua missão básica, que é o controle da inflação. Portanto, é isso que vai decidir o nível de competência desta ou de qualquer administração ou de qualquer BC", afirmou.
Anteontem, Alencar, quando indagado se faltava "competência" ao BC, disse: "Claro que está". Também falou, pedindo queda dos juros, que, "se não tivermos coragem de defender nosso país, temos de pedir desculpas aos 175 milhões [de brasileiros] e voltar para casa".
As declarações levaram Lula a repreender Alencar. No entanto, isso não foi suficiente para evitar que o vice-presidente mantivesse o "coro" pelo juro menor após o BC anunciar no início da tarde de ontem a manutenção da taxa em 26,5% ao ano.
"Sempre critiquei, a minha vida inteira. Acho que as críticas contribuem. Tenho compromisso com a minha história de vida", disse Alencar após a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária).
As críticas duras e a pressão pela redução dos juros não são exclusividade do vice-presidente. Outros integrantes do governo, como o ministro Ciro Gomes (Integração Nacional), já se manifestaram publicamente pela queda da taxa básica de juros.
Sem divisão
Após responder diretamente as críticas de Alencar, Meirelles negou uma divisão no governo.
"O BC deve estar preparado para estar no centro dos assuntos. Nossa posição é de serenidade e de tranquilidade", afirmou o presidente do BC.
Meirelles classificou as críticas à instituição como "um apelo para que se trabalhe pela queda dos juros a longo prazo", mas disse que não cabe ao BC definir quem no governo está autorizado a comentar a competência da autoridade monetária.
"Não é de competência do BC decidir se uma autoridade deve ou não falar sobre cada assunto", disse.
O diretor demissionário de Política Econômica do BC, Ilan Goldfajn, também saiu em defesa do trabalho da instituição. "Acredito que estamos no caminho certo. Está claro que a confiança foi retomada e isso se vê a olho nu", disse. Entretanto, disse aceitar bem as críticas à atuação do BC. "Isso são ossos do ofício", afirmou.
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