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05/07/2003
-
15h01
da Folha Online, no Rio
Quase um milhão de pessoas deixaram de entrar na taxa oficial de desemprego do país de maio. A taxa chegou a 12,8% da PEA (População Economicamente Ativa) na média das seis maiores regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no Brasil. Foi a maior taxa em 14 meses.
Pela taxa, o IBGE estima que 2,7 milhões de pessoas estejam sem emprego nas regiões pesquisadas. Ou seja: a taxa oficial de desemprego brasileira deixa de contabilizar quase um terço do atual número de desempregados conhecido.
A razão do "esquecimento" é que o IBGE só considera como desempregado aquele que procurou emprego nos 30 dias anteriores à consulta. Não inclui a pessoa que quer trabalhar, está disponível, mas, por um motivo qualquer, não procurou emprego nesse período.
Entre os "esquecidos", por exemplo, estão aqueles quem fazem um "bico" numa semana, mas não conseguem um outro trabalho na semana seguinte. Se o "bico" é regular ou feito na semana da pesquisa, a pessoa é considerada empregada. Se não procura emprego, é colocada fora do mercado de trabalho.
O IBGE contesta esse "esquecimento". Afirma que não pode incluir esse contingente entre os desempregados porque, dessa forma, estaria contando pessoas que deixaram definitivamente o mercado de trabalho, como recém-aposentados e mulheres que pararam de trabalhar para cuidar dos filhos.
São 925 mil pessoas que se encaixaram nesse perfil em maio, segundo o próprio IBGE, que segue orientação da OIT (Organização Internacional do Trabalho) no cálculo.
Todas elas não procuraram trabalho havia um mês ou não trabalharam havia sete dias antes da consulta do instituto. O grupo "esquecido" na taxa de desemprego, porém, já trabalhou ou procurou emprego no último ano e/ou estava disponível para trabalhar.
Em maio do ano passado, ainda na gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, 1,13 milhão de brasileiros não entraram nas estatísticas oficiais do desemprego por conta desse mesmo motivo. Em janeiro deste ano, primeiro mês do governo Lula, o contigente correspondeu a 931 mil.
IBGE contesta
A chefe do Departamento de Emprego e Salário do IBGE, Ângela Jorge, contesta a interpretação de que deveria ser incluído esse contingente "esquecido" na taxa oficial. Segundo ela, não é possível misturá-los ao contigente de desocupados.
Para ela, os dados sobre esse grupo de brasileiros, denominados de "marginalmente ligados à PEA", ainda precisam de uma análise mais aprofundada por tratar-se de uma pesquisa iniciada recentemente pelo IBGE. A nova pesquisa de Emprego e Salário do IBGE começou a ser divulgada oficialmente em dezembro do ano passado, seguindo recomendações da OIT (Organização Internacional de Trabalho).
"É um indicador novo. É necessário analisar melhor porque entra nesse grupo quem se aposenta ou a mulher que decide parar de trabalhar porque teve um filho. Não se sabe se eles vão voltar a fazer parte da PEA", disse.
Esse grupo também não seria inteiramente apurado se a pesquisa do IBGE seguisse a metodologia do Seade/Dieese, que inclui o chamado desemprego oculto, mas utiliza outros critérios que dificultam a comparação.
Desemprego é maior
Para a professora da UFF (Universidade Federal Fluminense) Hildete Pereira de Melo, especialista em mercado de trabalho, esses "esquecidos" devem ser consideradas desempregadas, porque já participaram do mercado de trabalho no ano pesquisado.
"São quase um milhão de desempregados. É mais de um terço do total de desocupados do que foi divulgado", afirmou. O IBGE apurou 2,7 milhão de desempregados em maio.
Segundo Hildete, esse grupo é formado principalmente por quem faz "bico", que pode trabalhar numa semana e não trabalhar na outra, mas que continua procurando um emprego definitivo.
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IBGE "esquece" um milhão de pessoas no cálculo do desemprego
ANA PAULA GRABOISda Folha Online, no Rio
Quase um milhão de pessoas deixaram de entrar na taxa oficial de desemprego do país de maio. A taxa chegou a 12,8% da PEA (População Economicamente Ativa) na média das seis maiores regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no Brasil. Foi a maior taxa em 14 meses.
Pela taxa, o IBGE estima que 2,7 milhões de pessoas estejam sem emprego nas regiões pesquisadas. Ou seja: a taxa oficial de desemprego brasileira deixa de contabilizar quase um terço do atual número de desempregados conhecido.
A razão do "esquecimento" é que o IBGE só considera como desempregado aquele que procurou emprego nos 30 dias anteriores à consulta. Não inclui a pessoa que quer trabalhar, está disponível, mas, por um motivo qualquer, não procurou emprego nesse período.
Entre os "esquecidos", por exemplo, estão aqueles quem fazem um "bico" numa semana, mas não conseguem um outro trabalho na semana seguinte. Se o "bico" é regular ou feito na semana da pesquisa, a pessoa é considerada empregada. Se não procura emprego, é colocada fora do mercado de trabalho.
O IBGE contesta esse "esquecimento". Afirma que não pode incluir esse contingente entre os desempregados porque, dessa forma, estaria contando pessoas que deixaram definitivamente o mercado de trabalho, como recém-aposentados e mulheres que pararam de trabalhar para cuidar dos filhos.
São 925 mil pessoas que se encaixaram nesse perfil em maio, segundo o próprio IBGE, que segue orientação da OIT (Organização Internacional do Trabalho) no cálculo.
Todas elas não procuraram trabalho havia um mês ou não trabalharam havia sete dias antes da consulta do instituto. O grupo "esquecido" na taxa de desemprego, porém, já trabalhou ou procurou emprego no último ano e/ou estava disponível para trabalhar.
Em maio do ano passado, ainda na gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, 1,13 milhão de brasileiros não entraram nas estatísticas oficiais do desemprego por conta desse mesmo motivo. Em janeiro deste ano, primeiro mês do governo Lula, o contigente correspondeu a 931 mil.
IBGE contesta
A chefe do Departamento de Emprego e Salário do IBGE, Ângela Jorge, contesta a interpretação de que deveria ser incluído esse contingente "esquecido" na taxa oficial. Segundo ela, não é possível misturá-los ao contigente de desocupados.
Para ela, os dados sobre esse grupo de brasileiros, denominados de "marginalmente ligados à PEA", ainda precisam de uma análise mais aprofundada por tratar-se de uma pesquisa iniciada recentemente pelo IBGE. A nova pesquisa de Emprego e Salário do IBGE começou a ser divulgada oficialmente em dezembro do ano passado, seguindo recomendações da OIT (Organização Internacional de Trabalho).
"É um indicador novo. É necessário analisar melhor porque entra nesse grupo quem se aposenta ou a mulher que decide parar de trabalhar porque teve um filho. Não se sabe se eles vão voltar a fazer parte da PEA", disse.
Esse grupo também não seria inteiramente apurado se a pesquisa do IBGE seguisse a metodologia do Seade/Dieese, que inclui o chamado desemprego oculto, mas utiliza outros critérios que dificultam a comparação.
Desemprego é maior
Para a professora da UFF (Universidade Federal Fluminense) Hildete Pereira de Melo, especialista em mercado de trabalho, esses "esquecidos" devem ser consideradas desempregadas, porque já participaram do mercado de trabalho no ano pesquisado.
"São quase um milhão de desempregados. É mais de um terço do total de desocupados do que foi divulgado", afirmou. O IBGE apurou 2,7 milhão de desempregados em maio.
Segundo Hildete, esse grupo é formado principalmente por quem faz "bico", que pode trabalhar numa semana e não trabalhar na outra, mas que continua procurando um emprego definitivo.
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