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20/09/2003 - 09h07

Para Fiesp, desconto em folha incentiva endividamento do assalariado

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FABIANA FUTEMA
da Folha Online

A indústria paulista vê com preocupação os incentivos dados ao governo para o empréstimo financeiro com desconto em folha de pagamento.

Para o diretor do Departamento de Economia da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Roberto Faldini, as facilidades para concessão de crédito podem se transformar num tiro no pé tanto do trabalhador quanto do setor produtivo.

"Temo que toda a boa vontade do governo para incentivar a sociedade a voltar a consumir e ampliar o crédito ao consumidor acabem induzindo a população ao endividamento", disse Faldini.

Segundo ele, não é a redução dos juros das linhas de crédito que vai incentivar a retomada do crescimento sustentável da economia, mas sim medidas focadas na geração de emprego, elevação da renda, redução da carga tributária e diminuição do custo da folha de pagamento.

"O brasileiro já está acostumado a se endividar. É preciso aprender a consumidor com os recursos disponíveis e não se endividar", afirmou Faldini.

Desemprego elevado

Faldini disse que o momento atual não permite que o trabalhador contrate empréstimos a longo prazo por conta da possibilidade de desemprego.

O Santander Banespa, por exemplo, vai liberar empréstimos a partir de R$ 300, que poderão ser pagos em até 48 meses (4 anos). Segundo Faldini, esse prazo de pagamento é muito longo diante dos atuais níveis de desemprego e de queda de massa salarial.

"Nenhum trabalhador pode contratar um empréstimo hoje com a garantia de que estará empregado por tanto tempo. O empréstimo pode se transformar numa dívida impagável e isso pode atrapalhar o desempenho do trabalhador", disse ele.

Crédito artificial

O diretor do Departamento de Economia da Fiesp afirmou que a concessão de crédito com desconto em folha gera uma renda artificial ao trabalhador.

"Além de comprometer a renda futura, essas linhas de crédito antecipam o consumo. Num primeiro momento, o trabalhador é incentivado a consumir. Mas depois terá de economizar para pagar sua dívida", afirmou Faldini.

Para ele, o endividamento bancário rompe com o compromisso do governo de estimular a produção em detrimento da atividade financeira. "Os bancos continuarão lucrando em cima do endividamento dos trabalhadores. A intenção é muito boa, mas o risco desse crédito é muito alto. E as taxas, apesar de menores, também continuam muito altas."

Mais crédito para o trabalhador

O superintendente nacional de Empréstimos da Caixa Econômica Federal, Jorge Pedro de Lima Filho, disse que a Fiesp não entendeu o objetivo do incentivo para o desconto em folha de pagamento.

"O Brasil tem uma das menores relações crédito/PIB (Produto Interno Bruto). O governo quer ampliar esse percentual e incentivar a competição entre os bancos privados para forçar a redução dos juros ao trabalhador", afirmou Pedro.

O vice-presidente de varejo do Banco do Brasil, Edson Monteiro, disse que o objetivo do crédito com desconto em folha é repassar para o empregado os benefícios que as instituições já oferecem para os empregadores.

"Os bancos oferecem taxas competitivas para as empresas escolherem a instituição pela qual vão fazer o pagamento de seus funcionários. Esse benefício, que hoje é só do empresário, será repassado para o funcionário por meio da redução de juros", disse.

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