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08/12/2003 - 08h05

Juro baixo e dólar alto impulsionam países, aponta estudo

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GUILHERME BARROS
da Folha de S. Paulo

Os países que adotaram uma política de taxas de juros baixas e de câmbio desvalorizado foram os que apresentaram os melhores desempenhos econômico e social nos últimos 20 anos. Já os países que fizeram uma opção contrária (juros altos e câmbio valorizado), como o Brasil, não foram bem-sucedidos.

A conclusão consta em trabalho realizado pelo Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) com base no comportamento dos principais índices econômicos e sociais de 19 países, entre 1980 e 2001.

Para medir o desempenho social dos países, o Iedi utilizou como termômetro o comportamento do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da ONU (Organizações das Nações Unidas). O IDH mede o desenvolvimento dos países com base na expectativa de vida, no nível educacional e na renda per capita.

De acordo com a pesquisa do Iedi, os países que apresentaram maiores taxas de expansão do PIB e de crescimento do IDH, entre 1980 e 2001, foram China, Coréia do Sul, Cingapura, Malásia, Tailândia, Índia, Irlanda, Indonésia e Chile.

Esses países, entre os anos de 1980 e 2001, ampliaram sua participação no PIB mundial de 3,7% para 8,9% e cresceram a taxas de pelo menos 5% ao ano. Além disso, aumentaram seu IDH em 21%. Os destaques são China, Índia e Indonésia.

Segundo o economista do Iedi Júlio Sérgio Gomes de Almeida, autor do trabalho, esses nove países foram os que também apresentaram os maiores índices de desvalorização real do câmbio dos últimos 20 anos, as menores taxas de juros reais (segundo a média de 1990 a 2001) e o maior nível de crédito ao setor privado. Outras duas características comuns desses nove países foram baixa inflação e superávit externo elevado.

De acordo com Gomes de Almeida, a manutenção dessas condições permitiu que esse seleto grupo de países em desenvolvimento enfrentasse com êxito as ameaças ao crescimento provenientes da globalização financeira dos anos 90.

Já os países que optaram pela valorização de suas moedas e por juros altos, como foi o caso do Brasil, aparecem como destaque negativo na pesquisa do Iedi. Eles formam o grupo com baixo crescimento, avanço em menor escala dos indicadores sociais, maior vulnerabilidade externa e manutenção de situações estruturais desfavoráveis, como baixa taxa de investimento.

No grupo de países com crescimento abaixo da média anual do mundo (2,8%) e dos EUA (3,1%), mas com expansão acima de 2%, aparecem Japão, França, Brasil, México e Filipinas.

Esses países reduziram a participação no PIB mundial de 27,1% para 25,3%. Se excluídos os países desenvolvidos (Japão e França), a participação cai de 4,1% para 3,7%. O IDH do grupo cresceu 9,1% na média. Dos países desenvolvidos, o IDH médio cresceu 11,5%. Conclusão: o mais baixo crescimento foi acompanhado de menor alteração no desenvolvimento humano.

O grande problema, na opinião de Gomes de Almeida, é a manutenção da política de juros altos e câmbio valorizado no Brasil. "Enquanto não tivermos juros menores e câmbio mais desvalorizado, não vamos ter crescimento sustentável", diz o economista.

A política econômica do governo Lula tem sido lenta no processo de redução dos juros e não parece convencida a desvalorizar a moeda.

Na quinta-feira passada, por exemplo, o diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Alexandre Schwartsman, disse que o atual patamar do câmbio estava num nível razoável, o que contraria a opinião do Iedi e de exportadores, que defendem uma taxa acima de R$ 3 por dólar.

Gomes de Almeida ainda selecionou um terceiro grupo de países, que cresceram menos de 2% ou ano ou até encolheram. São os seguintes: Alemanha, Argentina, África do Sul e Rússia _que sofreu grandes modificações estruturais a partir do desdobramento da URSS. Esses países reduziram sua participação no PIB mundial de 13,5% para 10,2%. O IDH do grupo cresceu muito pouco: 3,2%.
 

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