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08/01/2004
-
15h25
ELAINE COTTA
da Folha Online
O C-Bond, principal título da dívida pública brasileira, bateu recorde hoje e já supera a cotação de 100% de valor de face. No meio da tarde, o papel chegou a ser cotado a 100,25% do valor de face, o maior preço desde que começou a ser negociado, em 1994.
Com a valorização do papel, a taxa de risco-país cai 2,85%, aos 409 pontos básicos, o menor patamar desde outubro de 1997. No auge da crise econômica pré-eleitoral em 2002, o C-Bond chegou a ser negociado a 48,68% do valor de face, metade do que vale hoje.
A Bovespa opera em alta de 0,36%, aos 23.404 pontos. O dólar comercial também reflete o otimismo do mercado e cai 0,41%, cotado a R$ 2,848.
O C-Bond cotado a mais 100% do valor de face possibilita que o governo brasileiro exerça a opção de recompra dos títulos, prevista no contrato de emissão dos papéis.
Os C-Bonds foram emitidos em abril de 1994, durante o programa de reestruturação da dívida externa brasileira. Os papéis vencem em 15 de abril de 2014 e a recompra ajudaria a melhorar o perfil de endividamento do país.
Se optar pela recompra, o governo terá de avisar o mercado com antecedência --entre 30 e 60 dias antes do resgate--, que deverá ser feito no dia 15 de abril, mesma data em que vence o pagamento de juros.
A operação de recompra chegou a ser comentada por analistas e admitida pelo diretor da área internacional do Banco Central, Alexandre Schwartsman, no ano passado.
"Pode ser uma alternativa para o país", afirmou Schwartsman, quando os rumores começaram a surgir no final do ano passado, quando o C-Bond chegou a ser negociado próximo dos 98% do valor de face.
Captação
A expectativa do mercado é de que o Brasil volte ao mercado internacional ainda neste mês para captar recursos, a exemplo de outros países emergentes (México, Venezuela e Turquia), que já aproveitam a forte demanda dos investidores por papéis que rendem mais do que os títulos dos EUA.
Anteontem, o México vendeu US$ 1 bilhão, o dobro da oferta inicial, em bônus com prazo de cinco anos, com o papel pagando juro de 7% acima da Libor (taxa interbancária de Londres). Foi uma das mais baixas da história do país, em uma operação liderada pelo Citigroup e Deutsche Bank.
Ontem, foi a vez da Venezuela captar US$ 1 bilhão com bônus de 30 anos, pagando uma taxa de 10,125% ao investidor ou 503 pontos acima dos títulos do Tesouro dos EUA. A demanda foi estimada em US$ 3 bilhões. A captação foi liderada pelo JP Morgan.
A Turquia também vendeu hoje US$ 1,5 bilhão em bônus de 30 anos, com retorno ao investidor de 8,23% ou 316 pontos acima da taxa paga pelos papéis americanos de referência, em uma operação liderada pelo Citigroup e UBS.
Amortização
No dia 15 de abril, o governo também começa a amortizar parte do total da dívida com C-Bond. O país deve desembolsar cerca de US$ 310 milhões, de acordo com cálculos da consultoria Global Invest. A segunda parcela --do mesmo valor-- vence no dia 15 de outubro.
Neste ano, ao todo, serão gastos pelo menos US$ 620 milhões com amortização da dívida emitida em C-Bonds. A dívida total é de US$ 6,5 bilhões (saldo devedor atual, segundo dados do Banco Central).
O governo também terá gastos com o pagamento de juros desses títulos, cuja remuneração tem variação de cerca de 9,5% ao ano sobre o valor de face dos papéis.
A proximidade do início do pagamento das amortizações do total da dívida é um dos fatores que levantou no mercado a expectativa de que o governo optaria por recomprar, ou trocar, os papéis a partir deste ano caso se atinja os 100% do valor de face.
Troca
Segundo alguns analistas, para o governo, seria vantajoso substituir o C-Bond por outro título, redistribuir os vencimentos e se livrar da amortização de capital que começa neste ano.
Apesar de ser um título com alta liquidez no mercado, o C-Bond paga um "spread" (taxa de risco adicional cobrada no mercado financeiro internacional) maior que outros títulos da dívida brasileira. Isso porque o C-Bond é um título que foi criado para reestruturar uma dívida anterior, que o governo não tinha como pagar.
Só para exemplificar, o spread pago pelo C-Bond, que vence em 2014, varia em torno dos 430 pontos básicos, valor maior que o Global 30, que vence em 2030, que paga 420 pontos básicos. O spread do Global 2010, por exemplo, é de 300 pontos básicos.
Leia mais
Sem opção de recompra, C-Bond teria batido os 100% antes
Saiba mais sobre o C-Bond, principal título da dívida brasileira
Mercado só trocaria C-Bond com "ótima" oferta do governo
C-Bond supera os 100% do valor de face; Bolsa sobe e dólar cai
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da Folha Online
O C-Bond, principal título da dívida pública brasileira, bateu recorde hoje e já supera a cotação de 100% de valor de face. No meio da tarde, o papel chegou a ser cotado a 100,25% do valor de face, o maior preço desde que começou a ser negociado, em 1994.
Com a valorização do papel, a taxa de risco-país cai 2,85%, aos 409 pontos básicos, o menor patamar desde outubro de 1997. No auge da crise econômica pré-eleitoral em 2002, o C-Bond chegou a ser negociado a 48,68% do valor de face, metade do que vale hoje.
A Bovespa opera em alta de 0,36%, aos 23.404 pontos. O dólar comercial também reflete o otimismo do mercado e cai 0,41%, cotado a R$ 2,848.
O C-Bond cotado a mais 100% do valor de face possibilita que o governo brasileiro exerça a opção de recompra dos títulos, prevista no contrato de emissão dos papéis.
Os C-Bonds foram emitidos em abril de 1994, durante o programa de reestruturação da dívida externa brasileira. Os papéis vencem em 15 de abril de 2014 e a recompra ajudaria a melhorar o perfil de endividamento do país.
Se optar pela recompra, o governo terá de avisar o mercado com antecedência --entre 30 e 60 dias antes do resgate--, que deverá ser feito no dia 15 de abril, mesma data em que vence o pagamento de juros.
A operação de recompra chegou a ser comentada por analistas e admitida pelo diretor da área internacional do Banco Central, Alexandre Schwartsman, no ano passado.
"Pode ser uma alternativa para o país", afirmou Schwartsman, quando os rumores começaram a surgir no final do ano passado, quando o C-Bond chegou a ser negociado próximo dos 98% do valor de face.
Captação
A expectativa do mercado é de que o Brasil volte ao mercado internacional ainda neste mês para captar recursos, a exemplo de outros países emergentes (México, Venezuela e Turquia), que já aproveitam a forte demanda dos investidores por papéis que rendem mais do que os títulos dos EUA.
Anteontem, o México vendeu US$ 1 bilhão, o dobro da oferta inicial, em bônus com prazo de cinco anos, com o papel pagando juro de 7% acima da Libor (taxa interbancária de Londres). Foi uma das mais baixas da história do país, em uma operação liderada pelo Citigroup e Deutsche Bank.
Ontem, foi a vez da Venezuela captar US$ 1 bilhão com bônus de 30 anos, pagando uma taxa de 10,125% ao investidor ou 503 pontos acima dos títulos do Tesouro dos EUA. A demanda foi estimada em US$ 3 bilhões. A captação foi liderada pelo JP Morgan.
A Turquia também vendeu hoje US$ 1,5 bilhão em bônus de 30 anos, com retorno ao investidor de 8,23% ou 316 pontos acima da taxa paga pelos papéis americanos de referência, em uma operação liderada pelo Citigroup e UBS.
Amortização
No dia 15 de abril, o governo também começa a amortizar parte do total da dívida com C-Bond. O país deve desembolsar cerca de US$ 310 milhões, de acordo com cálculos da consultoria Global Invest. A segunda parcela --do mesmo valor-- vence no dia 15 de outubro.
Neste ano, ao todo, serão gastos pelo menos US$ 620 milhões com amortização da dívida emitida em C-Bonds. A dívida total é de US$ 6,5 bilhões (saldo devedor atual, segundo dados do Banco Central).
O governo também terá gastos com o pagamento de juros desses títulos, cuja remuneração tem variação de cerca de 9,5% ao ano sobre o valor de face dos papéis.
A proximidade do início do pagamento das amortizações do total da dívida é um dos fatores que levantou no mercado a expectativa de que o governo optaria por recomprar, ou trocar, os papéis a partir deste ano caso se atinja os 100% do valor de face.
Troca
Segundo alguns analistas, para o governo, seria vantajoso substituir o C-Bond por outro título, redistribuir os vencimentos e se livrar da amortização de capital que começa neste ano.
Apesar de ser um título com alta liquidez no mercado, o C-Bond paga um "spread" (taxa de risco adicional cobrada no mercado financeiro internacional) maior que outros títulos da dívida brasileira. Isso porque o C-Bond é um título que foi criado para reestruturar uma dívida anterior, que o governo não tinha como pagar.
Só para exemplificar, o spread pago pelo C-Bond, que vence em 2014, varia em torno dos 430 pontos básicos, valor maior que o Global 30, que vence em 2030, que paga 420 pontos básicos. O spread do Global 2010, por exemplo, é de 300 pontos básicos.
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