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15/02/2004 - 07h01

BNDES estuda financiar dívidas e papel

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da Folha de S.Paulo, no Rio

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Lessa, informou que está em análise a criação de uma linha de financiamento para a compra de papel de imprensa. Será um empréstimo de médio prazo, para aliviar a situação financeira dos grupos de mídia impressa.

Lessa defendeu o socorro ao setor, mas demonstrou desconforto com a situação. Disse que o financiamento para a compra de papel é uma operação típica de capital de giro, "que o banco não gosta de fazer", e que as empresas de comunicação têm capital fechado e um "peso muito grande das personalidades que as dirigem".

Representantes de alguns dos principais grupos do setor --entre eles, a Folha da Manhã S.A., que edita a Folha-- estiveram com Lessa, em outubro, para pedir a criação de linhas de crédito para a compra de papel e para recomposição de dívidas.

Na ocasião, foi apresentado um estudo com a estimativa de endividamento total do setor, de R$ 10 bilhões. O estudo foi encomendado pela ANJ (Associação Nacional de Jornais), pela Abert (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão) e pela Aner (Associação Nacional das Editoras de Revistas). As associações pediram crédito equivalente a um ano de consumo de papel, cerca de R$ 1,2 bilhão, com três anos de prazo para pagamento, dois anos de carência e pagamento semestral dos juros. As beneficiárias seriam empresas de jornais e revistas. O programa teria duração de um ano e meio, até a regularização das linhas de financiamento.

Segundo Carlos Lessa, o pedido implicaria um desembolso muito alto e deve ser atendido em parte. O quanto disso será atendido ele não esclareceu: "O financiamento é parecido com o cobertor e a fogueira. Se o cobertor for menor do que a fogueira, ela reacende. Tem de ser grande o suficiente para abafar o fogo".

Em entrevista à Folha, ele disse que o setor fez dívidas em dólar nos anos 90 para modernizar e expandir instalações e, depois, foi frustrado pela falta de crescimento econômico. Segundo ele, o choque cambial desequilibrou financeiramente as empresas, que recorreram aos bancos a curto prazo. No caso da mídia impressa, segundo Lessa, houve um outro agravante: com o aumento do risco Brasil, reduziu-se o crédito para financiamento da importação de papel, e as empresas tiveram de comprar à vista.

Refinanciamento

As três entidades pediram uma linha especial de crédito, cerca de R$ 5 bilhões, de longo prazo, para substituir dívidas com bancos e mercado de capitais, no Brasil e no exterior, contraídas ou garantidas por empresas de comunicação. A maior devedora é a Globopar, cuja dívida no exterior é garantida pela TV Globo.

O documento entregue ao BNDES, em outubro, sugere que sejam refinanciados 50% das dívidas existentes em 31 de dezembro de 2002, o que significaria uma linha de crédito de R$ 5 bilhões, com dez anos para pagamento.

Segundo Carlos Lessa, o BNDES é favorável a auxiliar a mídia --"uma nação que não tenha sua própria mídia não sustenta sua identidade nacional a longo prazo", diz--, mas o assunto foge à alçada do banco e exige decisão superior, da Presidência da República, por envolver a indústria de comunicação e pelo fato de o setor se encontrar em situação "muito especial, muito grave".

"Um programa desse tipo tem de ser muito bem desenhado, para que não seja instrumento de interferência e de manipulação. Não podemos construir nada que seja interpretado como favorecimento a grupo, grupos ou segmento do setor", completou.
 

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