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17/03/2004
-
19h27
JOÃO SANDRINI
da Folha Online, em Brasília
Em meio a um bombardeio de críticas, o Copom (Comitê de Política Monetária, do Banco Central) decidiu hoje ceder e reduzir a taxa básica de juros da economia brasileira para 16,25% ao ano, o menor patamar desde abril de 2001. A decisão foi por seis votos a três.
A decisão surpreende o mercado, que esperava a manutenção dos juros em 16,5% e o retorno à trajetória de quedas apenas em abril. No entanto, o corte agrada empresários, sindicalistas e até mesmo membros do governo, que podem ganhar dos críticos um período de trégua.
"Tendo em vista indicações recentes de redução do risco de desvio da inflação em relação às metas, o Copom decidiu, por seis votos a três, reduzir a taxa Selic para 16,25% ao ano, sem viés", divulgou o Banco Central.
Nas últimas semanas, as pressões para o Copom baixar os juros foram tão intensas que o deputado Waldemar Costa Neto (SP), presidente do PL, um dos mais importantes partidos da base aliada do governo, chegou a defender abertamente a demissão do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
A política econômica passou a dividir com o caso Waldomiro Diniz o foco das críticas ao governo Lula no final do mês passado, quando o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que a economia brasileira havia encolhido 0,2% em 2003.
De lá para cá, até o PT divulgou documento defendendo mudanças na economia. Além disso, nas últimas semanas diversos índices de inflação mostraram o recuo da inflação em fevereiro e pequenas pressões sobre os preços em março. Por isso, haveria espaço para o corte de juros.
A decisão do Copom é particularmente positiva para Palocci, que na última sexta-feira acabou, pela primeira vez, citado no caso Waldomiro juntamente com o ministro da Casa Civil, José Dirceu.
Em depoimento à Polícia Federal, funcionários da Gtech, empresa que presta serviços de loteria para a Caixa Econômica Federal, disseram que Waldomiro, o ex-assessor de Dirceu flagrado pedindo propina, teria tentado beneficiar Rogério Tadeu Buratti, que foi assessor de Palocci quando o ministro ainda era prefeito de Ribeirão Preto (SP). Palocci não quis comentar as denúncias.
Por último, a decisão do Copom mostra que o BC poderá ser mais flexível nos próximos meses em relação ao cumprimento da meta de inflação de 5,5% neste ano. A meta tem uma margem de erro de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo --ou seja, podendo chegar a 8%-- mas até agora o BC sinalizava que buscaria seu centro.
A ata com todas as explicações do BC sobre a reunião de hoje será divulgada na quinta-feira da próxima semana. O Copom só poderá voltar a mexer nos juros na reunião dos dias 13 e 14 de abril.
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da Folha Online, em Brasília
Em meio a um bombardeio de críticas, o Copom (Comitê de Política Monetária, do Banco Central) decidiu hoje ceder e reduzir a taxa básica de juros da economia brasileira para 16,25% ao ano, o menor patamar desde abril de 2001. A decisão foi por seis votos a três.
A decisão surpreende o mercado, que esperava a manutenção dos juros em 16,5% e o retorno à trajetória de quedas apenas em abril. No entanto, o corte agrada empresários, sindicalistas e até mesmo membros do governo, que podem ganhar dos críticos um período de trégua.
"Tendo em vista indicações recentes de redução do risco de desvio da inflação em relação às metas, o Copom decidiu, por seis votos a três, reduzir a taxa Selic para 16,25% ao ano, sem viés", divulgou o Banco Central.
Nas últimas semanas, as pressões para o Copom baixar os juros foram tão intensas que o deputado Waldemar Costa Neto (SP), presidente do PL, um dos mais importantes partidos da base aliada do governo, chegou a defender abertamente a demissão do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
A política econômica passou a dividir com o caso Waldomiro Diniz o foco das críticas ao governo Lula no final do mês passado, quando o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que a economia brasileira havia encolhido 0,2% em 2003.
De lá para cá, até o PT divulgou documento defendendo mudanças na economia. Além disso, nas últimas semanas diversos índices de inflação mostraram o recuo da inflação em fevereiro e pequenas pressões sobre os preços em março. Por isso, haveria espaço para o corte de juros.
A decisão do Copom é particularmente positiva para Palocci, que na última sexta-feira acabou, pela primeira vez, citado no caso Waldomiro juntamente com o ministro da Casa Civil, José Dirceu.
Em depoimento à Polícia Federal, funcionários da Gtech, empresa que presta serviços de loteria para a Caixa Econômica Federal, disseram que Waldomiro, o ex-assessor de Dirceu flagrado pedindo propina, teria tentado beneficiar Rogério Tadeu Buratti, que foi assessor de Palocci quando o ministro ainda era prefeito de Ribeirão Preto (SP). Palocci não quis comentar as denúncias.
Por último, a decisão do Copom mostra que o BC poderá ser mais flexível nos próximos meses em relação ao cumprimento da meta de inflação de 5,5% neste ano. A meta tem uma margem de erro de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo --ou seja, podendo chegar a 8%-- mas até agora o BC sinalizava que buscaria seu centro.
A ata com todas as explicações do BC sobre a reunião de hoje será divulgada na quinta-feira da próxima semana. O Copom só poderá voltar a mexer nos juros na reunião dos dias 13 e 14 de abril.
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