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12/04/2004
-
10h20
CHICO SANTOS
da Folha de S. Paulo, no Rio
O cearense Agamenon de Almeida, 55, sanfoneiro, radialista, barraqueiro e líder dos feirantes do Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, conhecido como Feira de São Cristóvão e visitado por 75 mil pessoas a cada final de semana, é um dos gurus do presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Lessa.
Almeida preside a Coopcampo, a cooperativa de barraqueiros da feira, no Campo de São Cristóvão, zona norte do Rio. A entidade é considerada por Lessa um exemplo de como a união de iniciativas isoladas de pequenos empreendedores pode se transformar em um pólo econômico significativo.
A Feira de São Cristóvão nasceu há 58 anos no local que era o ponto de chegada dos migrantes nordestinos ao Rio de Janeiro, em busca de trabalho na construção civil.
Eles viajavam nos paus-de-arara -misto de caminhão e de ônibus de madeira-, levando na bagagem, além de objetos de uso pessoal, produtos típicos da culinária nordestina, como carne-de-sol, tapioca, rapadura e queijo de coalho. Segundo Almeida, a estrada Rio-Bahia, recém-construída, era ruim e os que já viviam no Rio não sabiam quando os parentes que estavam a caminho chegariam.
Os produtos trazidos pelos viajantes para as famílias começaram a ser também trocados por objetos inexistentes ou raros no Nordeste -rádios, óculos ray-ban e relógios de pulso.
Começava assim o comércio que se transformaria em uma grande feira semanal, com venda de comidas prontas, mantimentos, roupas, utensílios e tudo o que costuma ser encontrado nas tradicionais feiras do interior do Nordeste, incluindo muito forró, repente, cerveja e cachaça. "Toquei sanfona aqui durante 18 anos", diz Almeida.
Além do comércio, a feira gerou produção local, especialmente de gêneros perecíveis. A carne-de-sol passou a ser feita em Nova Iguaçu (cidade vizinha ao Rio, na Baixada Fluminense). A tapioca agora vem de uma cooperativa de produtores de mandioca de Cachoeiras de Macacu (a 98 km do Rio).
Montada ao ar livre, informalmente, a feira chegou a ter 1.400 barracas. Desde setembro do ano passado, ela foi reorganizada, por idealização de Almeida, em um espaço fechado, o Pavilhão de São Cristóvão.
Arranjo produtivo local
Apreciador da culinária nordestina, Lessa é um apaixonado pela feira, estética e economicamente. Ele a considera um perfeito APL (arranjo produtivo local), versão tupiniquim dos "clusters" internacionais.
"A Feira de São Cristóvão é um APL extremamente bem-sucedido no setor de serviços de comércio, com articulações típicas de grande empresa e uma vitoriosa evolução de atividade informal para uma organização produtiva extremamente singular, eficiente e robusta." Segundo Almeida, a Feira de São Cristóvão, hoje com 695 barraqueiros, emprega direta e indiretamente 9.000 pessoas e recebe 75 mil visitantes por fim de semana (sexta a domingo).
Feira de São Cristóvão recebe 75 mil em três dias
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da Folha de S. Paulo, no Rio
O cearense Agamenon de Almeida, 55, sanfoneiro, radialista, barraqueiro e líder dos feirantes do Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, conhecido como Feira de São Cristóvão e visitado por 75 mil pessoas a cada final de semana, é um dos gurus do presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Lessa.
Almeida preside a Coopcampo, a cooperativa de barraqueiros da feira, no Campo de São Cristóvão, zona norte do Rio. A entidade é considerada por Lessa um exemplo de como a união de iniciativas isoladas de pequenos empreendedores pode se transformar em um pólo econômico significativo.
A Feira de São Cristóvão nasceu há 58 anos no local que era o ponto de chegada dos migrantes nordestinos ao Rio de Janeiro, em busca de trabalho na construção civil.
Eles viajavam nos paus-de-arara -misto de caminhão e de ônibus de madeira-, levando na bagagem, além de objetos de uso pessoal, produtos típicos da culinária nordestina, como carne-de-sol, tapioca, rapadura e queijo de coalho. Segundo Almeida, a estrada Rio-Bahia, recém-construída, era ruim e os que já viviam no Rio não sabiam quando os parentes que estavam a caminho chegariam.
Os produtos trazidos pelos viajantes para as famílias começaram a ser também trocados por objetos inexistentes ou raros no Nordeste -rádios, óculos ray-ban e relógios de pulso.
Começava assim o comércio que se transformaria em uma grande feira semanal, com venda de comidas prontas, mantimentos, roupas, utensílios e tudo o que costuma ser encontrado nas tradicionais feiras do interior do Nordeste, incluindo muito forró, repente, cerveja e cachaça. "Toquei sanfona aqui durante 18 anos", diz Almeida.
Além do comércio, a feira gerou produção local, especialmente de gêneros perecíveis. A carne-de-sol passou a ser feita em Nova Iguaçu (cidade vizinha ao Rio, na Baixada Fluminense). A tapioca agora vem de uma cooperativa de produtores de mandioca de Cachoeiras de Macacu (a 98 km do Rio).
Montada ao ar livre, informalmente, a feira chegou a ter 1.400 barracas. Desde setembro do ano passado, ela foi reorganizada, por idealização de Almeida, em um espaço fechado, o Pavilhão de São Cristóvão.
Arranjo produtivo local
Apreciador da culinária nordestina, Lessa é um apaixonado pela feira, estética e economicamente. Ele a considera um perfeito APL (arranjo produtivo local), versão tupiniquim dos "clusters" internacionais.
"A Feira de São Cristóvão é um APL extremamente bem-sucedido no setor de serviços de comércio, com articulações típicas de grande empresa e uma vitoriosa evolução de atividade informal para uma organização produtiva extremamente singular, eficiente e robusta." Segundo Almeida, a Feira de São Cristóvão, hoje com 695 barraqueiros, emprega direta e indiretamente 9.000 pessoas e recebe 75 mil visitantes por fim de semana (sexta a domingo).
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