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20/04/2004
-
07h34
KENNEDY ALENCAR
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Apesar de reiteradas declarações de apoio ao ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) na área fiscal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já deixou claro a ele que deseja mudar a meta de inflação de 2005. Pela meta do ano que vem, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) poderia chegar a 4,5%. Lula quer que ela possa ser alterada para até 5,5% ao ano --a meta de 2004.
O debate na cúpula do governo é o tamanho da alteração. Se de 0,5 ponto percentual ou de 1 ponto percentual. O intervalo de variação (banda) de 2,5 pontos percentuais para mais ou menos em relação à meta seria mantido.
Na semana passada, o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), disse à Folha que havia "forte consenso" no governo para mudar a meta de 2005 e que o CMN (Conselho Monetário Nacional) "poderia fazê-lo" na sua reunião de junho.
Na semana passada, Lula ampliou o debate econômico no seu governo, ouvindo mais ministros e membros de fora da administração do que vinha fazendo.
A Folha apurou que esse debate está mais maduro do que Mercadante deu a entender. Insatisfeito com o que chama de conservadorismo do BC (Banco Central), Lula quer mudar a meta de inflação para dar mais espaço para a diminuição da taxa básica de juros --hoje em 16% ao ano.
Num regime de metas, a política monetária é usada de forma mais ou menos conservadora para cumprir o índice de inflação pretendido. Ao aumentar a meta do ano que vem, Lula afrouxa um pouco a rigidez da política monetária, ao abrir espaço para o BC reduzir a taxa ou não precisar elevá-la em caso de choque externo.
Palocci vinha resistindo à idéia. Nos debates reservados do governo, dizia que a banda de 2,5 pontos percentuais dá margem de manobra para o governo não precisar mudar as metas. De público, mantém o discurso de que não haverá mudança. Na última sexta-feira, Palocci disse que "isso [a mudança da meta para 2005] não está na pauta. O que está na pauta é o combate à inflação, e isso está tendo resultados excelentes".
Mas, nos bastidores, como a Folha apurou, ele já se prepara para atender o presidente. O presidente avalia que o BC não tem usado a banda como ele deseja. Por isso, prefere um ajuste formal: inflexão, mas não mudança da atual política econômica.
O CMN é formado por Palocci, pelo ministro Guido Mantega (Planejamento) e pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. O conselho se reúne mensalmente, mas o prazo legal para mudar a meta de inflação é a reunião de junho. Ou seja, Palocci tem até lá para articular o ajuste pretendido por Lula. O presidente só mudará de idéia, diz um auxiliar direto, se a economia der sinais de reaquecimento maiores do que os previstos hoje. O próprio Lula acha isso improvável.
O presidente também concluiu que não deve diminuir a meta de superávit primário _4,25% do PIB (Produto Interno Bruto).
Lula quer meta de inflação maior para o ano que vem
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da Folha de S.Paulo, em Brasília
Apesar de reiteradas declarações de apoio ao ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) na área fiscal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já deixou claro a ele que deseja mudar a meta de inflação de 2005. Pela meta do ano que vem, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) poderia chegar a 4,5%. Lula quer que ela possa ser alterada para até 5,5% ao ano --a meta de 2004.
O debate na cúpula do governo é o tamanho da alteração. Se de 0,5 ponto percentual ou de 1 ponto percentual. O intervalo de variação (banda) de 2,5 pontos percentuais para mais ou menos em relação à meta seria mantido.
Na semana passada, o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), disse à Folha que havia "forte consenso" no governo para mudar a meta de 2005 e que o CMN (Conselho Monetário Nacional) "poderia fazê-lo" na sua reunião de junho.
Na semana passada, Lula ampliou o debate econômico no seu governo, ouvindo mais ministros e membros de fora da administração do que vinha fazendo.
A Folha apurou que esse debate está mais maduro do que Mercadante deu a entender. Insatisfeito com o que chama de conservadorismo do BC (Banco Central), Lula quer mudar a meta de inflação para dar mais espaço para a diminuição da taxa básica de juros --hoje em 16% ao ano.
Num regime de metas, a política monetária é usada de forma mais ou menos conservadora para cumprir o índice de inflação pretendido. Ao aumentar a meta do ano que vem, Lula afrouxa um pouco a rigidez da política monetária, ao abrir espaço para o BC reduzir a taxa ou não precisar elevá-la em caso de choque externo.
Palocci vinha resistindo à idéia. Nos debates reservados do governo, dizia que a banda de 2,5 pontos percentuais dá margem de manobra para o governo não precisar mudar as metas. De público, mantém o discurso de que não haverá mudança. Na última sexta-feira, Palocci disse que "isso [a mudança da meta para 2005] não está na pauta. O que está na pauta é o combate à inflação, e isso está tendo resultados excelentes".
Mas, nos bastidores, como a Folha apurou, ele já se prepara para atender o presidente. O presidente avalia que o BC não tem usado a banda como ele deseja. Por isso, prefere um ajuste formal: inflexão, mas não mudança da atual política econômica.
O CMN é formado por Palocci, pelo ministro Guido Mantega (Planejamento) e pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. O conselho se reúne mensalmente, mas o prazo legal para mudar a meta de inflação é a reunião de junho. Ou seja, Palocci tem até lá para articular o ajuste pretendido por Lula. O presidente só mudará de idéia, diz um auxiliar direto, se a economia der sinais de reaquecimento maiores do que os previstos hoje. O próprio Lula acha isso improvável.
O presidente também concluiu que não deve diminuir a meta de superávit primário _4,25% do PIB (Produto Interno Bruto).
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