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25/04/2004 - 06h46

Teles querem Embratel para cobrar "pelo teto"

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MARIO CESAR CARVALHO
da Folha de S.Paulo
ELVIRA LOBATO
da Folha de S.Paulo, em São Paulo

A polícia apreendeu na mesa do vice-presidente da Telefônica, em São Paulo, documento interno que fala em alinhar "tarifas pelo teto" se a empresa comprar a Embratel junto com a Brasil Telecom e a Telemar. O texto aponta que o ganho seria resultado da "união das empresas". As três operadoras fixas disputam a compra da Embratel com a Telmex, maior empresa de telefonia do México.

A Telefônica prevê ganhar até R$ 750 milhões com a redução ou eliminação de descontos das tarifas da Embratel, principal concorrente das três teles. O maior ganho (R$ 283 milhões) viria do fim da guerra de preços no serviço 0800, que permitiria repassar a inflação acumulada para as tarifas. No mercado residencial, o "alinhamento" pelo teto renderia à Telefônica mais R$ 204 milhões.

As projeções de ganhos fazem parte de um relatório em espanhol sobre o "estágio de venda da Embratel", escrito em Madri. É datado de 10 de março de 2004.

Eduardo Navarro, vice-presidente de planejamento estratégico, alega que o documento não é um plano. "É o lixo do lixo do lixo", explica. Para ele, o texto "é estúpido" porque faz projeções com serviços de longa distância, que o consórcio terá de vender para evitar concentração de mercado. Questionado sobre as razões de não ter jogado no lixo tal "estupidez", ele conta: "Minha mesa é muito desorganizada. O policial disse à minha secretária que nunca tinha visto tanta bagunça".

Os documentos foram apreendidos em São Paulo no último dia 5. A busca foi autorizada pela Justiça como parte de um inquérito em que o empresário Armando Kilson Filho acusa a Telefônica de ter provocado a falência da Cobra SP, prestadora de serviços na área de telefonia. A polícia recolheu cerca de 80 kg de papéis nas salas do presidente e dos vice-presidentes de finanças e de planejamento estratégico da Telefônica.

A empresa tenta reaver na Justiça a papelada, alegando que foram apreendidos documentos pessoais, estratégicos e sigilosos. A polícia considera que há indícios de práticas criminosas nos papéis, entre os quais os de formação de cartel.

A compra da Embratel foi batizada, nos documentos, de "Projeto Carnaval", em alusão ao mês de formalização do consórcio.
 

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