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20/05/2004 - 08h05

Decisão do Copom gera desconforto dentro do governo

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KENNEDY ALENCAR
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Apesar de ter sido avisado que o Copom poderia manter a taxa Selic em 16% ao ano devido à combinação de vários fatores negativos externos e internos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou decepção a interlocutores quando soube da decisão do Comitê de Política Monetária. "Erro grave" foi a expressão usada no Palácio do Planalto, segundo apurou a Folha.

Lula apostava numa queda de 0,25 ponto percentual, que, na sua visão, compraria tempo para o governo avaliar quão forte e duradoura é a atual turbulência internacional e para tentar superar recentes episódios internos negativos --caso "New York Times", proposta de "pacto social" do ministro José Dirceu (Casa Civil) e mais um ataque duro do PL ao Banco Central, entre outros motivos.

Até o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, demonstrava nas conversas reservadas uma expectativa de queda de 0,25 ponto da taxa básica de juros. Apesar disso, foi ele quem alertou Lula de que talvez o Copom não baixasse a taxa.

No final do ano passado, Lula fez elogios rasgados ao presidente do BC, Henrique Meirelles. Neste ano, isso mudou depois que o Copom não baixou os juros em janeiro e fevereiro, minando, na avaliação presidencial, a expectativa positiva que havia naquele período em relação ao desempenho econômico.

Interlocutores de Lula dizem que as críticas internas a Meirelles deverão subir de tom dentro do próprio governo e que, apesar de contrariado com a decisão de ontem, ele terá que bancar a posição do Copom para não gerar mais intranquilidade ainda.

Na tentativa de entender a decisão do Copom, membros da cúpula do governo avaliavam ontem que foi uma espécie de preço para manutenção de credibilidade num ano em que a política econômica tem sido questionada desde 1º de janeiro, o que obriga Lula e Palocci a defendê-la quase que cotidianamente.

Autonomia e meta

A decisão do Copom, órgão integrado pelos diretores do BC que se reúne mensalmente para fixar a taxa básica de juros da economia, também reforçará a ala do governo que é contra a autonomia do BC e que defende mudança da meta de inflação para 2005.

Governistas, como o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), líder do governo no Senado, defendem que a meta de inflação de 2005, hoje em 4,5%, seja elevada para 5,5%, a mesma meta fixada pela este ano. Até agora, Palocci era contra a idéia --preferia usar, caso fosse necessário, o intervalo de confiança de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo previsto no sistema de metas de inflação.

No caso da autonomia do BC, a decisão do Copom pode retirar o tema definitivamente da agenda legislativa do governo. Considerado no ano passado uma prioridade, a autonomia do BC não é consenso no governo nem no PT, o partido do presidente Lula.
 

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