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13/06/2004
-
08h56
da Folha de S.Paulo
O Brasil defende a união entre os países pobres, mas não despreza participar do seleto grupo dos países ricos, representado, por exemplo, pelo G8.
A própria estratégia de liderar um processo de parceria com países em desenvolvimento faz parte da tática para conseguir mais espaço nos fóruns internacionais, tradicionalmente dominados pelos EUA e pela UE. Outro objetivo é ampliar o acesso a mercados.
"Quem teve tratamento diferenciado até hoje foram os países ricos, cuja produção, sobretudo a agrícola, ficou isenta [de abertura comercial]", afirmou o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, à Folha.
Para tentar mudar esse quadro, o governo brasileiro jogará em dois tabuleiros. De um lado, iniciará negociações comerciais entre países em desenvolvimento. Do outro, quer usar a aliança com seus parceiros da periferia para pressionar UE, Japão e EUA a abrirem esses mercados para seus produtos mais competitivos.
A iniciativa não agrada aos países centrais. Segundo o secretário-geral da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento), Rubens Ricupero, os países desenvolvidos temem que as negociações Sul-Sul desviem o comércio.
As sucessivas crises econômicas que se abateram nos países em desenvolvimento nos anos 80 e 90 desarticularam a possibilidade de parcerias.
Desde o ano passado, o Brasil tenta liderar um processo de união dos países pobres. Depois do nascimento do G20, em 2003, as discussões levantadas por países em desenvolvimento começam a formar o que a Unctad tem chamado de "nova geografia do comércio internacional".
"Nós fizemos um avanço em relação à Rodada Doha que não teríamos feito se não fosse a ação dos países em desenvolvimento", disse Amorim, ao se referir ao impacto do G20 nas negociações da OMC (Organização Mundial do Comércio).
A ação incomoda os países desenvolvidos. "Há muitas manobras para tentar dividir os países em desenvolvimento", disse o ministro, ao enfatizar a reunião da semana passada do G77, grupo de 132 países em desenvolvimento.
Na sua opinião, o objetivo dos Estados Unidos e da União Européia de quebrar a articulação não funcionará. "Nós temos de reforçar a nossa cooperação, reforçar a nossa solidariedade, porque só assim vamos ter resultados", disse Amorim.
Segundo ele, os parceiros brasileiros, como a Índia, já perceberam que ganham muito em poder negociador ao se unirem.
Na mesma semana em que defendia a aliança com os países pobres, Amorim afirmou que o país estava pronto para se unir ao G8 (grupo dos sete principais economias mais a Rússia). A declaração foi feita após informações de que o próprio G8 havia cogitado a sua ampliação.
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Brasil defende união entre países pobres, mas corteja nações ricas
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O Brasil defende a união entre os países pobres, mas não despreza participar do seleto grupo dos países ricos, representado, por exemplo, pelo G8.
A própria estratégia de liderar um processo de parceria com países em desenvolvimento faz parte da tática para conseguir mais espaço nos fóruns internacionais, tradicionalmente dominados pelos EUA e pela UE. Outro objetivo é ampliar o acesso a mercados.
"Quem teve tratamento diferenciado até hoje foram os países ricos, cuja produção, sobretudo a agrícola, ficou isenta [de abertura comercial]", afirmou o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, à Folha.
Para tentar mudar esse quadro, o governo brasileiro jogará em dois tabuleiros. De um lado, iniciará negociações comerciais entre países em desenvolvimento. Do outro, quer usar a aliança com seus parceiros da periferia para pressionar UE, Japão e EUA a abrirem esses mercados para seus produtos mais competitivos.
A iniciativa não agrada aos países centrais. Segundo o secretário-geral da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento), Rubens Ricupero, os países desenvolvidos temem que as negociações Sul-Sul desviem o comércio.
As sucessivas crises econômicas que se abateram nos países em desenvolvimento nos anos 80 e 90 desarticularam a possibilidade de parcerias.
Desde o ano passado, o Brasil tenta liderar um processo de união dos países pobres. Depois do nascimento do G20, em 2003, as discussões levantadas por países em desenvolvimento começam a formar o que a Unctad tem chamado de "nova geografia do comércio internacional".
"Nós fizemos um avanço em relação à Rodada Doha que não teríamos feito se não fosse a ação dos países em desenvolvimento", disse Amorim, ao se referir ao impacto do G20 nas negociações da OMC (Organização Mundial do Comércio).
A ação incomoda os países desenvolvidos. "Há muitas manobras para tentar dividir os países em desenvolvimento", disse o ministro, ao enfatizar a reunião da semana passada do G77, grupo de 132 países em desenvolvimento.
Na sua opinião, o objetivo dos Estados Unidos e da União Européia de quebrar a articulação não funcionará. "Nós temos de reforçar a nossa cooperação, reforçar a nossa solidariedade, porque só assim vamos ter resultados", disse Amorim.
Segundo ele, os parceiros brasileiros, como a Índia, já perceberam que ganham muito em poder negociador ao se unirem.
Na mesma semana em que defendia a aliança com os países pobres, Amorim afirmou que o país estava pronto para se unir ao G8 (grupo dos sete principais economias mais a Rússia). A declaração foi feita após informações de que o próprio G8 havia cogitado a sua ampliação.
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