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14/06/2004 - 19h41

OMC e Brasil divergem sobre consenso na Rodada Doha

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ELAINE COTTA
da Folha Online

O diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), Supachai Panitchpakdi, não se mostrou muito otimista com o cumprimento do calendário da Rodada Doha, previsto para ser concluído em julho próximo.

Considerada a mais ambiciosa rodada de negociações comerciais da história, Doha empacou em 2003, entre outros motivos, devido a divergências agrícolas entre países em desenvolvimento e economias industriais.

Durante discurso na 11ª Unctad, numa palestra para dicutir a nova geografia do comércio mundial, Panitchpakdi pediu união "para que a Rodada Doha seja colocada nos trilhos" e afirmou que a "situação é crítica no momento".

"Qualquer obstáculo será um retrocesso. Precisamos de uma proposta que convirja em um pacote até julho e não há garantia dessa proposta", afirmou. "Isso [a falta de consenso] significaria que em 2005 não haverá progresso", disse.

O chanceler brasileiro, Celso Amorim, rebateu o pessimismo de Panitchpakdi e afirmou que existe uma "boa chance" de se chegar a um acordo em julho.

"Diria que sou mais otimista que ele", afirmou Amorim. "Nunca estivemos tão perto. Não vou ficar medindo datas, mas tem uma boa chance de se chegar a um acordo em julho", disse.

Concessões

O diretor da OMC disse que a Unctad --que é um órgão representativo dos países em desenvolvimento-- deve trabalhar em conjunto com a OMC para que os países chegam a um consenso até o final de julho.

"Espero que a Unctad saiba aproveitar esse momento", disse. "Até julho é preciso ter um acordo para lidar com os subsídios. Julho não é o final da rodada, mas um acordo neste prazo é essencial."

Panitchpakdi disse ainda que "flexibilizar não é sinal de fraqueza" e que os países pobres seriam os principais perdedores caso a rodada não tenha êxito.

"Entendo as dificuldades dos países em desenvolvimento, mas é preciso ser realista", afirmou o diretor da OMC.

Amorim rebateu a cobrança e disse que a expectativa é que a conclusão das negociações seja benéfica para todos. Mas que "não se pode querer que seja uma conclusão a qualquer preço"

Subsídios

O diretor da OMC também defendeu a instituição ao afirmar que houve avanços nas discussões sobre os subsídios agrícolas --um dos entraves das negociações entre os países ricos e pobres.

"Antes falávamos de redução de subsídios. Hoje já falamos de eliminação. E isso é um avanço. Chegou a hora de resolver esse problema. Todos queremos uma solução concreta", afirmou.

Segundo ele, é a agricultura que vai "destravar" os acordos multilaterais de comércio, mas que para isso será necessário que "os países mais frágeis não sejam sobrecarregados".

Ele sugeriu que os países mais pobres sejam isentos de promover reduções tarifárias. "Isso [as negociações] pode retroceder se os países não eliminarem subsídios agrícolas".

Tarifas

Panitchpakdi disse ainda que há espaço para a expansão dos países em desenvolvimento e que as maiores tarifas comerciais são cobradas entre os próprios países pobres.

Segundo ele, o chamado comércio Sul-Sul (entre os países em desenvolvimento localizados no hemisfério sul) movimento atualmente R$ 780 bilhões ao ano, cerca de 12% do comércio mundial.

"A redução das tarifas contribuiria para a ampliar o comércio Sul-Sul.
Há muito mais espaço para expansão", afirmou.

Especial
  • Veja especial sobre a 11ª Reunião da Unctad
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