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16/06/2004
-
09h07
MARCELO BILLI
da Folha de S.Paulo
Os países exportadores de commodities precisam da ajuda da comunidade internacional para superar a pobreza, disse ontem o secretário-geral da Unctad, Rubens Ricupero. A ajuda pode vir na forma da criação de um Fundo Internacional de Diversificação e de programas de compensação financeira para os países, recomendou a Unctad.
Além das duas recomendações, os técnicos da Unctad sugeriram 16 medidas que podem ser adotadas para ajudar os países que dependem muito da produção e exportação de poucos produtos. Entre elas, políticas para tornar os mercados de commodities mais previsíveis e justos e para controlar e diminuir os riscos de superprodução.
"Há muito tempo temos visto que o mercado não funciona bem para o caso das commodities. Precisamos de soluções criativas", disse Ricupero.
O Fundo Internacional de Diversificação seria uma espécie de linha de crédito ou financiamento, com capacidade para ajudar os países pobres a diversificar suas economias, de forma que eles dependam menos da exportação de produtos básicos. A diversificação os ajudaria também a agregar valor aos produtos já exportados.
Ricupero admitiu que a Unctad não tem recursos para a criação do fundo ou de um programa de compensação financeira, que ajudaria países que enfrentam quedas drásticas dos preços dos principais produtos de sua pauta de exportação.
"Nós somos muito pequenos, não temos pessoas nem os recursos que precisaríamos. Temos de contar com a ajuda dos demais organismos multilaterais [como o Banco Mundial, a OMC e o FMI]", disse Ricupero.
O apelo e as recomendações foram elaboradas pela Unctad em conjunto com o CFC (Fundo Comum para Commodities, na sigla em inglês), organismo do qual fazem parte uma série de países produtores de commodities, inclusive o Brasil.
Céline Charveriat, diretora da Oxfam International --ONG que discute questões comerciais--, diz que a adoção das medidas era uma reivindicação antiga dos países mais pobres. "Estamos muito satisfeitos. Creio que é possível adotar as recomendações. Agora é questão de vontade política."
Charveriat lembra que o Brasil dificilmente seria elegível para um programa de ajuda neste caso. De qualquer maneira, o país se beneficiaria indiretamente com a maior estabilidade dos mercados internacionais.
Mais abertura
O ministro Roberto Rodrigues (Agricultura) lembrou que outra maneira de os países ricos contribuírem para a redução da pobreza dos exportadores
de commodities seria abrir seus mercados para os produtos agrícolas.
"Nos países desenvolvidos há pouca gente que depende do setor agrícola, ao contrário do que ocorre nos em desenvolvimento. Os países ricos podem pagar para que seus agricultores não produzam. Os pobres, por sua vez, têm de produzir mais para obter recursos e pagar suas dívidas."
Thomas Lines, especialista do CFC que divulgou ontem um estudo sobre as relações ente pobreza e o comércio de commodities, enfatizou que não existe uma política única para resolver o problema. "Há diversos produtos e causas e, por isso, é necessário um conjunto de diferentes políticas."
Especial
Veja especial sobre a 11ª Reunião da Unctad
ONU pede ajuda a exportadores pobres para evitar volatilidade de commodities
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da Folha de S.Paulo
Os países exportadores de commodities precisam da ajuda da comunidade internacional para superar a pobreza, disse ontem o secretário-geral da Unctad, Rubens Ricupero. A ajuda pode vir na forma da criação de um Fundo Internacional de Diversificação e de programas de compensação financeira para os países, recomendou a Unctad.
Além das duas recomendações, os técnicos da Unctad sugeriram 16 medidas que podem ser adotadas para ajudar os países que dependem muito da produção e exportação de poucos produtos. Entre elas, políticas para tornar os mercados de commodities mais previsíveis e justos e para controlar e diminuir os riscos de superprodução.
"Há muito tempo temos visto que o mercado não funciona bem para o caso das commodities. Precisamos de soluções criativas", disse Ricupero.
O Fundo Internacional de Diversificação seria uma espécie de linha de crédito ou financiamento, com capacidade para ajudar os países pobres a diversificar suas economias, de forma que eles dependam menos da exportação de produtos básicos. A diversificação os ajudaria também a agregar valor aos produtos já exportados.
Ricupero admitiu que a Unctad não tem recursos para a criação do fundo ou de um programa de compensação financeira, que ajudaria países que enfrentam quedas drásticas dos preços dos principais produtos de sua pauta de exportação.
"Nós somos muito pequenos, não temos pessoas nem os recursos que precisaríamos. Temos de contar com a ajuda dos demais organismos multilaterais [como o Banco Mundial, a OMC e o FMI]", disse Ricupero.
O apelo e as recomendações foram elaboradas pela Unctad em conjunto com o CFC (Fundo Comum para Commodities, na sigla em inglês), organismo do qual fazem parte uma série de países produtores de commodities, inclusive o Brasil.
Céline Charveriat, diretora da Oxfam International --ONG que discute questões comerciais--, diz que a adoção das medidas era uma reivindicação antiga dos países mais pobres. "Estamos muito satisfeitos. Creio que é possível adotar as recomendações. Agora é questão de vontade política."
Charveriat lembra que o Brasil dificilmente seria elegível para um programa de ajuda neste caso. De qualquer maneira, o país se beneficiaria indiretamente com a maior estabilidade dos mercados internacionais.
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O ministro Roberto Rodrigues (Agricultura) lembrou que outra maneira de os países ricos contribuírem para a redução da pobreza dos exportadores
de commodities seria abrir seus mercados para os produtos agrícolas.
"Nos países desenvolvidos há pouca gente que depende do setor agrícola, ao contrário do que ocorre nos em desenvolvimento. Os países ricos podem pagar para que seus agricultores não produzam. Os pobres, por sua vez, têm de produzir mais para obter recursos e pagar suas dívidas."
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