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17/06/2004
-
18h20
ELAINE COTTA
da Folha Online
O secretário-geral da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento), Rubens Ricupero, defendeu hoje a criação de uma espécie de força-tarefa internacional para compensar as perdas financeiras dos produtores mundiais de café, entre eles os brasileiros.
A idéia é unir órgãos como a OMC (Organização Mundial do Comércio), o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e o Banco Mundial na busca de soluções para as constantes oscilações dos preços da commodity no mercado internacional.
O embaixador criticou o fato de, nos últimos anos, os ganhos de produtividade do setor terem sido praticamente revertidos para os países que fazem a intermediação, ou seja, os que processam o grão industrialmente para vender o produto acabado.
"A indústria do café, da produção até quem toma o cafezinho, gera US$ 70 bilhões, dos quais apenas US$ 5,5 bilhões vão para o produtor", disse o embaixador.
Há 20 anos, Segundo Ricupero, a receita do setor era de aproximadamente US$ 30 bilhões, dos quais US$ 11 bilhões ficavam com os produtores. Ou seja, a participação dos produtores na receita gerada pelo café caiu de 36,7% para cerca de 7,86%.
"Na minha opinião e da Unctad, os pequenos produtores de café devem ser respaldados sem restrições para que consigam receber um preço justo. Para que isso seja atingido, devemos contar com o apoio dos governos e da sociedade organizada", disse.
Protesto
As declarações de Ricupero foram dadas durante um protesto organizado pela ONG (Organização Não-Governamental) Oxfam, pela CUT (Central Única dos Trabalhadores), pela Contag (Confederação Nacional de Trabalhadores na Agricultura) e por três produtores mundiais de café (Brasil, Honduras e Haiti).
Os organizadores da manifestação afirmam que o preço do café já acumula queda de quase 50% no mercado nos últimos sete anos.
Segundo a Oxfam, 25 milhões de produtores atravessam graves problemas econômicos por conta do retorno menor com as exportações de café.
"Chegou o momento para que todos atuemos. Necessitamos mudar as regras do comércio mundial para que se ajude os mais pobres", disse Gonzalo Fanjul, porta-voz da Oxfam Internacional para os temas agrícolas da Unctad.
De acordo com a ONG, cerca de 50 países têm no café sua principal fonte de exportações. "Essas economias estão à beira de um colapso", afirma a organização.
Brasil
O Brasil é hoje o maior produtor mundial de café e tem o segundo maior mercado consumidor, atrás apenas dos EUA.
Em 2002, segundo dados da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café), o país produziu 45 milhões de sacas e consumiu 13,5 milhões de sacas neste ano. Os norte-americanos consomem 18 milhões de sacas de café ao ano.
No entanto, o país não está entre os maiores exportadores de café solúvel, superado por Itália e Alemanha, que se destacam na venda de café industrializado.
A Alemanha, por sua vez, é a maior compradora do café em grãos brasileiro, que torra e moe para vender a países da Europa, Ásia, África e América do Norte.
Para o deputado Carlos Melles (PFL-MG), presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, o Brasil tem "errado muito na sua política de defesa do café nacional".
Ele citou a necessidade de o país importador do nosso grão ter a obrigatoriedade de informar no produto final a origem do café.
"Sabemos que o acesso ao mercado tem limites, mas é preciso que esse acesso tenha regulamentação".
Isso acontece com a Colômbia, por exemplo, que tem tido a sua marca difundida por todo o mundo, inclusive com um selo que se chama "Rio de Janeiro", um café solúvel fabricado com grãos colombianos e que é muito comercializado na costa oeste dos EUA.
Segundo Melles, de 1990 para os dias atuais, os países produtores de café já perderam cerca de US$ 25 bilhões em receitas por conta dos atravessadores e da "especulação" com o preço no mercado financeiro.
"Em 1956, o café era responsável por 73% das exportações brasileiras, hoje é cerca de 2%. Isso mostra que conseguimos aprimorar a exportação de outros produtos, mas não impede que comecemos a valorizar mais o nosso café", disse.
O deputado apresentou dados que mostram que a produtividade dos agricultures de café no Brasil cresceu 137% nos últimos 10 anos.
Esse ganho, no entanto, não se reverteu para os produtores por conta da agressiva queda do preço no mercado internacional.
"A matéria-prima, atualmente, representa entre 20% e 30% do valor do café vendido nas gondolas dos supermercados", disse. A queda dos preços também colabora para o aumento da pobreza no mundo, segundo o deputado.
"O Brasil tem tido maiores níveis de trabalho infantile e pobreza por conta das perdas dos agricultures", afirmou.
Especial
Veja especial sobre a 11ª Reunião da Unctad
Unctad defende força-tarefa para ajudar produtores de café
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da Folha Online
O secretário-geral da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento), Rubens Ricupero, defendeu hoje a criação de uma espécie de força-tarefa internacional para compensar as perdas financeiras dos produtores mundiais de café, entre eles os brasileiros.
A idéia é unir órgãos como a OMC (Organização Mundial do Comércio), o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e o Banco Mundial na busca de soluções para as constantes oscilações dos preços da commodity no mercado internacional.
O embaixador criticou o fato de, nos últimos anos, os ganhos de produtividade do setor terem sido praticamente revertidos para os países que fazem a intermediação, ou seja, os que processam o grão industrialmente para vender o produto acabado.
"A indústria do café, da produção até quem toma o cafezinho, gera US$ 70 bilhões, dos quais apenas US$ 5,5 bilhões vão para o produtor", disse o embaixador.
Há 20 anos, Segundo Ricupero, a receita do setor era de aproximadamente US$ 30 bilhões, dos quais US$ 11 bilhões ficavam com os produtores. Ou seja, a participação dos produtores na receita gerada pelo café caiu de 36,7% para cerca de 7,86%.
"Na minha opinião e da Unctad, os pequenos produtores de café devem ser respaldados sem restrições para que consigam receber um preço justo. Para que isso seja atingido, devemos contar com o apoio dos governos e da sociedade organizada", disse.
Protesto
As declarações de Ricupero foram dadas durante um protesto organizado pela ONG (Organização Não-Governamental) Oxfam, pela CUT (Central Única dos Trabalhadores), pela Contag (Confederação Nacional de Trabalhadores na Agricultura) e por três produtores mundiais de café (Brasil, Honduras e Haiti).
Os organizadores da manifestação afirmam que o preço do café já acumula queda de quase 50% no mercado nos últimos sete anos.
Segundo a Oxfam, 25 milhões de produtores atravessam graves problemas econômicos por conta do retorno menor com as exportações de café.
"Chegou o momento para que todos atuemos. Necessitamos mudar as regras do comércio mundial para que se ajude os mais pobres", disse Gonzalo Fanjul, porta-voz da Oxfam Internacional para os temas agrícolas da Unctad.
De acordo com a ONG, cerca de 50 países têm no café sua principal fonte de exportações. "Essas economias estão à beira de um colapso", afirma a organização.
Brasil
O Brasil é hoje o maior produtor mundial de café e tem o segundo maior mercado consumidor, atrás apenas dos EUA.
Em 2002, segundo dados da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café), o país produziu 45 milhões de sacas e consumiu 13,5 milhões de sacas neste ano. Os norte-americanos consomem 18 milhões de sacas de café ao ano.
No entanto, o país não está entre os maiores exportadores de café solúvel, superado por Itália e Alemanha, que se destacam na venda de café industrializado.
A Alemanha, por sua vez, é a maior compradora do café em grãos brasileiro, que torra e moe para vender a países da Europa, Ásia, África e América do Norte.
Para o deputado Carlos Melles (PFL-MG), presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, o Brasil tem "errado muito na sua política de defesa do café nacional".
Ele citou a necessidade de o país importador do nosso grão ter a obrigatoriedade de informar no produto final a origem do café.
"Sabemos que o acesso ao mercado tem limites, mas é preciso que esse acesso tenha regulamentação".
Isso acontece com a Colômbia, por exemplo, que tem tido a sua marca difundida por todo o mundo, inclusive com um selo que se chama "Rio de Janeiro", um café solúvel fabricado com grãos colombianos e que é muito comercializado na costa oeste dos EUA.
Segundo Melles, de 1990 para os dias atuais, os países produtores de café já perderam cerca de US$ 25 bilhões em receitas por conta dos atravessadores e da "especulação" com o preço no mercado financeiro.
"Em 1956, o café era responsável por 73% das exportações brasileiras, hoje é cerca de 2%. Isso mostra que conseguimos aprimorar a exportação de outros produtos, mas não impede que comecemos a valorizar mais o nosso café", disse.
O deputado apresentou dados que mostram que a produtividade dos agricultures de café no Brasil cresceu 137% nos últimos 10 anos.
Esse ganho, no entanto, não se reverteu para os produtores por conta da agressiva queda do preço no mercado internacional.
"A matéria-prima, atualmente, representa entre 20% e 30% do valor do café vendido nas gondolas dos supermercados", disse. A queda dos preços também colabora para o aumento da pobreza no mundo, segundo o deputado.
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