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23/08/2004 - 08h14

Para bancos, há crédito e falta demanda

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MARIA CRISTINA FRIAS
GUILHERME BARROS

da Folha de S.Paulo

O crescimento do crédito bancário privado está concentrado nos empréstimos às pessoas físicas e no capital de giro. A retomada de investimentos na indústria se faz sentir apenas no aumento da demanda para linhas de financiamento para máquinas e equipamentos.

As grandes empresas ainda não bateram à porta dos bancos em busca de dinheiro para aumentar sua capacidade instalada. Novos projetos de investimento de peso só agora começam a sair da gaveta para serem discutidos.

A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) calcula em 16% o crescimento do crédito bancário em junho de 2004, em relação ao mesmo mês do ano passado. Trata-se de um número expressivo, mas concentrado principalmente no aumento de mais de 20% no crédito ao consumidor.

O presidente da Febraban e do Bradesco, Márcio Cypriano, diz que não faltam recursos no sistema financeiro para custear um novo ciclo de investimentos na economia. "Há dinheiro suficiente para crescer", diz. Segundo ele, há recursos tanto para a compra de títulos públicos como para financiamento a investimentos. O crédito no Brasil ainda é pequeno, corresponde a 28% do PIB (Produto Interno Bruto).

Segundo ele, o Bradesco concedeu R$ 3,77 bilhões neste ano em crédito para compra de equipamentos -11,9% mais do que em igual período de 2003. De acordo com Cypriano, faltam projetos para financiar investimentos.

As indústrias, por sua vez, representadas pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), reclamam dos altos juros bancários e dizem que esse é um dos fatores da reduzida demanda. Outra razão é a incerteza a respeito de um crescimento sustentado e de longo prazo.

O presidente do banco ABN Amro, Fábio Barbosa, diz que há disponibilidade de recursos para curto prazo, isto é, de seis meses a um ano. "Para cinco, dez anos, não há muito. Não em reais", diz.

O presidente do Banco Itaú, Roberto Setubal, chama a atenção para o fato de que neste ano o crédito bancário apresenta o melhor desempenho desde 1996, ano de euforia do Plano Real.

O fato de o maior volume de crédito estar indo para pessoa física, além de pequena e média empresas, não é um sinal ruim, segundo presidentes de instituições financeiras. Para Setubal, alguns setores estão no limite de sua capacidade de produção, como o siderúrgico, e começam a mostrar interesse em apresentar projetos para novas plantas industriais.

Nos próximos dias, Setubal encaminhará uma carta para autoridades do governo, políticos e formadores de opinião na qual dirá que o Itaú estima para este ano um crescimento em torno de 25% no seu saldo de empréstimos. O Bradesco faz a mesma previsão. Setubal ainda irá destacar que os investimentos em títulos públicos caíram para 15,24% do total de empréstimos e títulos.

Para Cypriano, o que falta hoje no país é investimento em infra-estrutura, que depende das PPPs (Parcerias Público-Privadas) e de avanços nas agências reguladoras.

O diretor-presidente do BNP Paribas, Bernard Mencier, diz que os empresários estão em fase de conversas com os banqueiros. Segundo ele, os grandes financiamentos só deverão aparecer mesmo a partir de 2005. Mencier observa que as empresas deixaram de investir por anos e, por isso, têm caixa elevado. "Elas estão utilizando mais o caixa e os recursos de fundos de investimento, antes de tomar dinheiro caro", afirma.

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