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17/09/2004 - 17h57

Bovespa "esquece" Copom e sobe 5% após três semanas de perdas

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SÉRGIO RIPARDO
da Folha Online

A Bovespa superou o pessimismo do Copom (Comitê de Política Monetária) e interrompeu hoje uma seqüência de três semanas acumulando perdas. As ações subiram pelo quarto pregão consecutivo. O principal índice do mercado paulista voltou ao patamar de 23 mil pontos. O volume de negócios melhorou, refletindo o interesse do investidor estrangeiro de montar novas operações com papéis brasileiros.

Nesta sexta-feira, o principal índice da Bovespa encerrou em alta de 0,86%, somando 23.073 pontos. O volume financeiro atingiu R$ 1,265 bilhão, acima da média diária do ano (R$ 1,1 bilhão). Na semana, o Ibovespa, que reúne as 55 ações mais negociadas, acumulou ganhos de 5%. Em perspectiva, a valorização é mais modesta: valorização de 1,3% no mês e 3,7% no ano.

A Bolsa havia caído três semanas seguidas, antecipando-se a um cenário de freio no ritmo de crescimento da economia. O temor de uma alta de juros se confirmou na última quarta-feira. A taxa subiu de 16% para 16,25% ao ano, e o Copom ainda sinalizou novas elevações neste ano.

Mais aperto fiscal

Por outro lado, surgiram no horizonte do mercado novas especulações com potencial de animar os investidores, principalmente os estrangeiros. A principal é que o governo poderá reforçar o aperto fiscal elevando o superávit primário para além da meta de 4,25% do PIB (Produto Interno Bruto), com o objetivo de atenuar a necessidade de alta de juro.Hoje o secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, confirmou que existe a possibilidade de um aumento na meta de superávit primário.

Se confirmada, a maior economia de recursos do Brasil para pagar juros da dívida agrada os credores, pois reduz o risco de calote na dívida. Mas os críticos da medida argumentam que um superávit primário maior pode limitar os investimentos públicos, principalmente na área social.

Como é da natureza do mercado, logo se passou a comentar que, após uma elevação da meta do superávit, agências de classificação de risco podem melhorar a nota de crédito ("rating") do Brasil. Após o fechamento dos negócios, a agência de classificação de risco S&P (Standard & Poor's) elevou a nota de crédito ("rating") da dívida soberana do Brasil.

Os bancos de investimentos também voltaram a "brindar" o Brasil com avaliações otimistas. Hoje, foi o Dresdner Kleintwort Wasserstein que elevou sua recomendação para os títulos da dívida brasileira de "neutra" para "overweight" (acima da média do mercado). Esse banco foi um dos coordenadores da última captação externa feita pelo governo no mercado europeu, quando captou 750 milhões em euros no dia 8 deste mês.

Outro fator técnico favorável à rodada de ganhos na Bolsa é o vencimento dos contratos de opções. Muitos investidores colocaram todas suas fichas na aposta de que a ação preferencial da Telemar, a principal do pregão, vai custar mais de R$ 38 na próxima segunda-feira. Eles querem garantir lucros nessas operações. Hoje, o papel subiu 0,51% e fechou a R$ 39,04.

Petróleo, eleição e Fed

Mas o movimento de recuperação da Bolsa ainda é frágil. Há ainda preocupações na pauta. Em Nova York, o barril de petróleo subiu hoje 3,9%, para US$ 45,59, com o tradicional "medo do mercado" de prejuízos para a oferta do óleo após a passagem do furacão Ivan, que deixou um rastro de destruição nos EUA.

Politicamente, os bancos acompanham os desdobramentos do vazamento de nomes na CPI do Banestado, além das divergências entre o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) e o ministro da Casa Civil, José Dirceu. Adversário número um do projeto do governo que cria as PPPs (Parceria Público Privada), (PSDB-CE) afirmou hoje a proposta "é um convite à corrupção e à promiscuidade desse país".

Há ainda a reta final da campanha eleitoral, considerada uma "prévia" da disputa de forças dos partidos para as eleições presidenciais de 2006. Para ajudar na reeleição da prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, o presidente Lula decidiu entrar diretamente na campanha e vai amanhã inaugurar uma obra da petista, que aparece em segundo lugar com 33% das intenções de votos na última pesquisa Datafolha.

Segundo pesquisa CNI/Ibope, divulgada hoje, crescimento da economia brasileira fez com que a confiança no presidente aumentasse em setembro, interrompendo um movimento de queda registrado desde junho de 2003.

Disputas políticas à parte, a expectativa de continuidade de uma alta moderada dos juros nos EUA favorece os ganhos das aplicações dos investidores estrangeiros em títulos de países emergentes, como o Brasil. Na próxima terça-feira, o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) deve elevar novamente o juro em apenas 0,25 ponto percentual. Hoje a taxa está em 1,50% ao ano. O risco Brasil, que mede a desconfiança do investidor estrangeiro com os títulos do país, recuou 4,32% para 464 pontos, o menor desde janeiro.

Especial
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