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08/10/2004 - 09h15

Brasil propõe bloco entre sul-americanos

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ANDRÉ SOLIANI
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Depois do fracasso da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) e do provável colapso das negociações entre Mercosul e União Européia, o governo brasileiro decidiu centrar os esforços para criar uma união dos países sul-americanos.

"A base inicial [dessa união] serão os acordos de livre comércio que estamos firmando", disse o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, ao anunciar o projeto. O Mercosul já tem ou está em processo de finalizar acordos comerciais com todos os países da região. O projeto seria uma espécie de Alca sem a América do Norte e os países do Caribe.

Ao contrário da Alca e do acordo com a UE, o projeto brasileiro para a América do Sul será mais que uma zona de livre comércio. A meta é uma integração econômica, política e de infra-estrutura.

Ontem, o presidente do Conselho de Representantes Permanentes do Mercosul, Eduardo Duhalde, chegou a afirmar que os países sul-americanos poderiam trabalhar para criar uma união aduaneira, que prevê tarifas externas comuns. Ele citou a integração da União Européia como uma espécie de modelo.

Em novembro, de acordo com Duhalde, haverá uma reunião de presidentes sul-americanos no Peru para discutir o assunto. "É muito possível que, quando fizermos a reunião do Mercosul, no Brasil, no final do ano, esse tema já esteja maduro", afirmou o presidente do conselho e ex-presidente da Argentina. No final da primeira quinzena de dezembro, os presidentes dos países sócios do Mercosul irão se reunir em Ouro Preto (MG).

Duhalde se reuniu ontem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para debater o assunto. Lula autorizou o ex-presidente argentino a fazer gestões junto aos presidentes de outros países para tentar acelerar as negociações comerciais que estão em curso.

Segundo Amorim, muitas vezes os problemas que impedem a assinatura de acordos são muito específicos.

O nome da união ainda não foi decidido. Poderá ser Comunidade Sul-Americana de Nações ou União da América do Sul. Chegou-se a falar em União Sul-Americana, mas a sigla seria USA, a mesma usada, em inglês, para se referir aos Estados Unidos.

A estratégia de uma maior aproximação entre os países sul-americanos se encaixa em duas das prioridades da agenda externa de Lula: a ênfase na própria região e o que o presidente chama de "nova geografia do comércio mundial". Essa nova geografia se refere ao aumento do comércio entre países em desenvolvimento.

Ontem Amorim citou uma declaração do embaixador do Reino Unido no Brasil, Peter Collecott, para caracterizar o papel do Brasil na estratégia de integração. "O que Bolívar queria fazer com a espada o Brasil está fazendo com o BNDES", disse o chanceler brasileiro. O general Simon Bolívar, que viveu no século 19, era o defensor de uma união sul-americana e foi um dos líderes das guerras de independência das colônias espanholas na América. O BNDES, por sua vez, se programa para financiar obras de infra-estrutura nos vizinhos brasileiros.

Mercosul

Na reunião com Lula, Duhalde também tratou de temas do Mercosul, como a criação de um fundo regional, que estaria à disposição dos dos países para o financiamento de projetos e ajudar as áreas mais pobres do bloco.

Especial
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