Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
18/11/2004 - 20h55

Demissão de Lessa abre espaço para mudanças na equipe de Lula

Publicidade

ANA PAULA RIBEIRO
JANAINA LAGE

da Folha Online, em Brasília e no Rio

Após quase dois anos de desgaste, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu demitir hoje Carlos Lessa, 68, a principal voz nacionalista dentro do governo, da presidência do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

A demissão fortalece a equipe econômica do governo, comandada pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, um dos últimos alvos de ataques públicos de Lessa.

A mudança no BNDES confirma os rumores que circularam nos últimos dias e abre a mais importante troca de cadeiras no governo Lula após as eleições municipais.

Antes de Lessa, Lula aceitou pedido de demissão do embaixador José Viegas e colocou o vice-presidente José Alencar na Defesa; aceitou a demissão de Cássio Casseb, também desgastado, no Banco do Brasil; permitiu a saída do secretário de imprensa, Ricardo Kotsho, e do assessor especial Frei Betto.

"O presidente fez algumas mudanças e provavelmente fará novas. O presidente está escalando a melhor seleção e amadurecendo as consultas para formar um governo de coalizão. Seguramente qualquer mudança futura vai ser feita nessa perspectiva", disse o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), líder do governo no Senado.

No lugar de Lessa, assumirá o posto no BNDES o ministro do Planejamento, Guido Mantega, homem de confiança de Lula, que enfrentou dificuldades para aprovar o projeto de lei das PPPs (Parcerias Público-Privadas) --o projeto precisou ser modificado várias vezes e ainda não foi aprovado.

O secretário-executivo do Planejamento, Nelson Machado, ocupará, interinamente, o comando do ministério. Em Brasília, comenta-se que o posto poderá acomodar aliados do governo no Congresso.

Dentro do PT, o nome mais cotado para ser o novo ministro do Planejamento era o de Aloizio Mercadante que, entretanto, negou ter recebido o convite do Planalto.

Folha Imagem
Lessa deixa comando do BNDES
Lessa estava desgastado devido a suas críticas à política econômica. Sua demissão foi decidida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva após entrevista concedida à Folha de S.Paulo na semana passada, quando Lessa afirmou que a gestão de Henrique Meirelles na presidência do Banco Central era um "pesadelo".

Lessa também afirmou que Meirelles "emite todos os sinais de que crescer neste momento é um pecado". Ele se referia às recentes decisões do BC de elevar a taxa básica de juros da economia brasileira. Na quarta, o Copom (Comitê de Política Monetária, do BC) elevou os juros pelo terceiro mês seguido, para 17,25%. A medida deve contribuir para esfriar a economia.

Folha Imagem
Mantega deve deixar Planejamento
Escolhido por Lula para presidir o BNDES por influência da economista Maria da Conceição Tavares e do senador Aloizio Mercadante, Lessa também entrou em rota de colisão com o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, a quem em tese estava subordinado. Desde a posse os dois tiveram diversas divergências que se tornaram públicas.

O próprio presidente do BNDES costumava reagir com ironia toda vez que os boatos sobre sua demissão circulavam em Brasília. Na semana passada, ele comemorou com champanhe o boato número 70 de sua saída, segundo relato feito por seu filho, o músico Rodrigo Lessa, na sexta-feira passada.

Intelectuais e simpatizantes de Lessa chegaram a fazer um abaixo-assinado de apoio à permanência dele no cargo. O documento tinha a assinatura de personalidades como o arquiteto Oscar Niemeyer, o compositor Chico Buarque, o jurista Fabio Konder Comparato e o roqueiro Frejat, além de entidades como a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), ABI (Associação Brasileira de Imprensa) e CUT (Central Única dos Trabalhadores).

Leia mais
  • Erramos: Demissão de Lessa abre espaço para mudanças na equipe de Lula
  • Intelectuais defendiam Lessa à frente do BNDES
  • Lessa é "formidável" e "patriótico", diz Alencar

    Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre Carlos Lessa

    Sites relacionados
  • UOL News ouve Fernando Rodrigues sobre mudança no BNDES (só assinantes do UOL)
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página