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26/11/2004 - 09h09

Edemar e família têm empresas de R$ 1,5 bilhão

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MARIO CESAR CARVALHO
da Folha de S.Paulo

O banqueiro Edemar Cid Ferreira, seus familiares e quatro diretores do grupo são sócios de nove empresas cujo capital atinge R$ 1,52 bilhão, segundo documentos obtidos pela Folha na Junta Comercial de São Paulo.

A mulher do banqueiro, Marcia Cid da Costa, tem mais capital do que o próprio banqueiro, segundo essa documentação. O capital das empresas em que ela aparece como sócia é de cerca de R$ 865 milhões. Já as duas holdings que Cid Ferreira preside têm R$ 653,7 milhões de capital.

Só neste ano, quando o Banco Santos sofreu intervenção, esse grupo de empresas teve aumento de capital de R$ 420 milhões.

As nove empresas estão longe de esgotar o rol de negócios mantidos pelo dono do Banco Santos, sob intervenção do Banco Central desde o último dia 12 por ter um rombo estimado em R$ 700 milhões (na conta dos auditores da Trevisan & Associados, o buraco passa de R$ 1 bilhão).

Um organograma oficial do Banco Santos obtido pela Folha, com a data de agosto deste ano, lista 19 empresas sob o controle da sigla ECF --que parece remeter às iniciais de Edemar Cid Ferreira. O documento era divulgado junto com a venda de papéis do banco ou na captação de recursos para os seus fundos com o propósito de impressionar a clientela.

Negócios da mulher

A sócia mais freqüente nas nove empresas é a mulher do banqueiro, Marcia de Maria Costa Cid Ferreira. Ela aparece na diretoria de cinco das nove empresas: Maremar Empreendimentos e Participações, Atalanta Participações e Propriedades, Hyles Participações, Cid Ferreira Collection e Atalanta Investimentos.

A Cid é dona da coleção de arte do banqueiro, cujo valor é estimado entre US$ 20 milhões e US$ 30 milhões.

A maior das nove empresas em volume de capital, a Maremar, também está em nome da mulher do banqueiro e da Principle Enterprises, empresa sediada no Panamá. Como esse país é um paraíso fiscal, é virtualmente impossível descobrir que são os controladores da Principle e da Maremar.

Paraíso fiscal é o destino predileto de quem quer manter seu dinheiro fora do alcance de eventuais ações judiciais. Os donos das contas só são revelados em caso de tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e terrorismo.

O curioso é que a Principle controla 99,999796% do capital da Maremar, de R$ 601,7 milhões, mas é a mulher do banqueiro que detém o poder de assinar documentos e cheques da empresa.

Entre os parentes de Cid Ferreira, também aparecem como sócios nos negócios: a irmã do banqueiro (Edna Ferreira de Souza e Silva, na Atalanta Participações), os dois filhos (Eduardo e Rodrigo, na Cid Collection) e o sobrinho (Ricardo Ferreira de Souza Pinto, na Procid Participações, Procid Investimentos e Pluripar).

Até a mãe do banqueiro já figurou como sócia da Procid Participações e Negócios, a holding que controla o banco e o braço financeiro dos negócios de Cid Ferreira. Em 1998, quando a Procid foi criada, Marina Cid Ferreira era sócia da empresa com o filho e a Decid Participações, também controlada pela banqueiro.

Outra prática comum nos negócios dos familiares de Cid Ferreira é o controle do capital por uma empresa com sede em paraíso fiscal. A maior parte do capital da Atalanta Participações, por exemplo, estava nas mãos de uma "offshore" em 14 de julho deste ano, dois dias antes de a empresa tornar-se uma sociedade anônima. A divisão do capital era a seguinte: Blueshell (R$ 135.208.394), Principle (R$ 2 milhões), Marcia (R$ 2.199.999) e Edna, com R$ 1.

A Atalanta Participações tem um capital de R$ 155,5 milhões, segundo documento da Junta Comercial, mas funciona num endereço de aluguel na Vila Olímpia, na zona oeste de São Paulo. O endereço fornecido é o da Virtual Offices - Escritórios Virtuais, empresa que subloca o seu espaço para outras. Num escritório de 57 m2 funcionam 36 empresas, de acordo com a administração do condomínio. A Hyles Participações e Empreendimentos S/A, com capital de R$ 102,4 milhões, e a Atalanta Investimentos fornecem como endereço de suas sedes o conjunto comercial da Virtual Offices. A soma do capital das três dá cerca de R$ 260 milhões.

O advogado contratado pelo Banco Santos, Sergio Bermudes, diz que o registro das nove empresas com capital de R$ 1,5 bilhão não quer dizer que elas tenham esse dinheiro em caixa. "O valor do capital é mais um indicativo da magnitude do negócio".

Bermudes pode ter razão. A Procid Participações, que controla o banco, fez dois aumentos de capital neste ano, que somam R$ 45,65 milhões. O aumento foi feito por meio de emissão de ações (R$ 42,85 milhões) e com dinheiro de verdade (R$ 2,8 milhões). As ações para o aumento de capital foram pagas com papéis chamados Afacs (Adiantamentos para Futuros Aumentos de Capital).

Esse recurso, para especialistas em contabilidade bancária, pode ter servido para criar uma origem para dinheiro de clientes que tiveram de fazer operações casadas. O dinheiro pode não existir mais.

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