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15/12/2004 - 18h59

Copom eleva taxa de juros para 17,75% ao ano

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ANA PAULA RIBEIRO
da Folha Online, em Brasília

A aparente redução do ritmo de crescimento da indústria não foi suficiente para o Banco Central afrouxar a condução da política monetária. O Copom (Comitê de Política Monetária do BC) decidiu hoje elevar, pela quarta vez consecutiva, a taxa básica de juros da economia, que passa de 17,25% para 17,75% ao ano.

Trata-se da maior taxa desde outubro de 2003, quando ainda estava em 19%. Não foi adotado viés. Ou seja, a taxa não pode ser alterada antes da reunião de janeiro.

A decisão de hoje foi unânime, já era esperada pelo mercado e reforça mais ainda a idéia de que o BC está menos tolerante a choques que possam ameaçar a estabilidade.



A autoridade monetária eleva o juro para deixar o crédito mais caro e conter o consumo. Assim, evita que a inflação saia do controle.
O indicador de preços oficial do governo, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Ampliado), passou de 0,44% em outubro para 0,69% em novembro.

No ano a inflação acumulada é de 6,68%, acima da meta de 5,5% para 2004. Para o ano que vem, a meta é de 4,5%. Em ambos os casos, há uma margem de tolerância de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo.

Embora a meta seja de 4,5%, o BC anunciou em setembro que irá perseguir uma inflação de 5,1%. Ainda assim, as expectativas do mercado apontam para um IPCA de 5,78% para 2005.

O rigor do BC deve continuar enquanto as expectativas não se converterem para o objetivo.

Indicadores

A acomodação da atividade industrial, o recuo dos preços do petróleo no mercado internacional e o aumento dos investimentos não foram suficientes para brecar o aperto monetário por parte do BC.

Em novembro, o uso da capacidade instalada da indústria caiu de 83,14% para 82,65%, segundo a CNI (Confederação Nacional da Indústria).

Em outubro, a produção industrial subiu 0,4% na comparação com o mês anterior, após forte recuperação ao longo do ano, de acordo com pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Já os investimentos deram continuidade à trajetória de recuperação iniciada no final de 2003. Eles cresceram no terceiro trimestre 6,7% em relação ao segundo trimestre, o maior avanço registrado desde 1994.

No mercado internacional, o petróleo é negociado abaixo dos US$ 44. Um recuo de mais de US$ 10 em relação aos recordes atingidos nos meses anterior, quando ficou acima dos US$ 55.

Um dos temores da autoridade monetária é que as empresas se aproveitem do crescimento econômico para repassar aos consumidores o aumento de custos, recompondo a margem de lucro.

O PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 5,3% entre janeiro e setembro deste ano na comparação com o mesmo período de 2003.

A cautela do governo vem do temor da falta de investimentos --se eles não forem feitos no nível necessário, é possível uma crise de demanda, o que pressionaria ainda mais os preços. No entanto, os indicadores do IBGE mostram que os investimentos estão em crescimento.

A justificativa para a reunião de hoje será conhecida no dia 23, quando será divulgada a ata da reunião de hoje.

EUA

O aumento do Copom vem na esteira do anúncio feito ontem pelo Federal Reserve (Fed, o BC americano), que elevou sua taxa de juros em 0,25 ponto percentual, para 2,25% ao ano. O banco vem elevando gradualmente sua taxa de juros em 0,25 ponto percentual por reunião em razão do reaquecimento, ainda que inconstante, da atividade econômica nos EUA.

Com rendimento maior, os títulos do governo norte-americano --considerados as aplicações financeiras mais seguras do mundo, com risco próximo de zero-- atraem investimentos que, em tese, se sujeitariam a riscos maiores, como ações, dívidas públicas e privadas e o câmbio de moedas. Com isso, sobra menos dinheiro para investimentos em títulos de mercados emergentes, como o Brasil, considerado de risco alto.

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