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16/12/2004
-
09h44
FABIANO MAISONNAVE
da Folha de S.Paulo, em Washington
O governo do presidente americano, George W. Bush, deu início ontem a uma "cúpula" de dois dias com uma dócil platéia formada por representantes de setores econômicos e analistas. O objetivo é fazer uma demonstração de força e consolidar apoio para a difícil agenda econômica do segundo mandato, que tem priorizado a reforma da seguridade social (Previdência).
Bush vem propondo uma privatização parcial do sistema previdenciário. A idéia é que o contribuinte tenha contas pessoais pelas quais possa, entre outros investimentos, comprar títulos do Tesouro norte-americano. O governo planeja usar o dinheiro arrecadado com a venda dos títulos para pagar parte dos benefícios aos aposentados.
"Hoje, a Previdência não é um plano de poupança individual. Não existe uma conta para onde o seu dinheiro vai e tenha rendimento. Os benefícios pagos hoje aos aposentados vêm diretamente dos impostos pagos pelos atuais trabalhadores. E a cada ano há mais aposentados tirando dinheiro do sistema, e não há trabalhadores adicionais para sustentá-los", disse o presidente americano na semana passada, em seu programa de rádio.
A privatização parcial, no entanto, enfrenta forte resistência no Congresso, mesmo entre os republicanos. Bush se encontrou com líderes no Congresso do seu partido e dos democratas, mas não foi fechado nenhum acordo.
"Alguns senadores republicanos deixaram bem claro à Casa Branca que não querem votar a favor da reforma da Previdência, que também sofre oposição dos democratas e do importante lobby dos aposentados", disse David Wessel, vice-chefe do escritório do "Wall Street Journal" em Washington, em entrevista anteontem à rádio NPR.
Mesmo em Wall Street, de onde Bush espera assegurar o apoio durante a cúpula desta semana, há dúvidas sobre a proposta. Apesar de prever mais dinheiro no mercado financeiro, analistas vêem o risco do aumento da dívida do governo com a emissão excessiva de papéis do Tesouro.
O foco do encontro na Previdência e o pouco destaque a outros temas têm sido criticados. Para o analista Mark Weisbrot, do Cepr (sigla em inglês para Centro de Pesquisa Econômica e Política), questões mais urgentes, como o aumento vertiginoso do déficit público e a desvalorização do dólar, foram deixados de lado.
"Os EUA devem conseguir uma desvalorização cadenciada do dólar, coordenada com outros países, como fizemos entre 1985 e 1987? Essa questão não aparece na agenda da cúpula."
Intitulado "Conferência da Casa Branca sobre a Economia", o encontro terá seis painéis e cerca de 30 conferencistas, entre eles John Lipsky, economista-chefe do banco JP Morgan Chase, e Richard D. Parsons, presidente da Time Warner, o maior conglomerado de mídia do mundo. Bush assistirá à maioria dos painéis, mas deve falar apenas hoje à tarde, no encerramento do encontro.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre George W. Bush
"Cúpula" econômica de Bush é criticada
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da Folha de S.Paulo, em Washington
O governo do presidente americano, George W. Bush, deu início ontem a uma "cúpula" de dois dias com uma dócil platéia formada por representantes de setores econômicos e analistas. O objetivo é fazer uma demonstração de força e consolidar apoio para a difícil agenda econômica do segundo mandato, que tem priorizado a reforma da seguridade social (Previdência).
Bush vem propondo uma privatização parcial do sistema previdenciário. A idéia é que o contribuinte tenha contas pessoais pelas quais possa, entre outros investimentos, comprar títulos do Tesouro norte-americano. O governo planeja usar o dinheiro arrecadado com a venda dos títulos para pagar parte dos benefícios aos aposentados.
"Hoje, a Previdência não é um plano de poupança individual. Não existe uma conta para onde o seu dinheiro vai e tenha rendimento. Os benefícios pagos hoje aos aposentados vêm diretamente dos impostos pagos pelos atuais trabalhadores. E a cada ano há mais aposentados tirando dinheiro do sistema, e não há trabalhadores adicionais para sustentá-los", disse o presidente americano na semana passada, em seu programa de rádio.
A privatização parcial, no entanto, enfrenta forte resistência no Congresso, mesmo entre os republicanos. Bush se encontrou com líderes no Congresso do seu partido e dos democratas, mas não foi fechado nenhum acordo.
"Alguns senadores republicanos deixaram bem claro à Casa Branca que não querem votar a favor da reforma da Previdência, que também sofre oposição dos democratas e do importante lobby dos aposentados", disse David Wessel, vice-chefe do escritório do "Wall Street Journal" em Washington, em entrevista anteontem à rádio NPR.
Mesmo em Wall Street, de onde Bush espera assegurar o apoio durante a cúpula desta semana, há dúvidas sobre a proposta. Apesar de prever mais dinheiro no mercado financeiro, analistas vêem o risco do aumento da dívida do governo com a emissão excessiva de papéis do Tesouro.
O foco do encontro na Previdência e o pouco destaque a outros temas têm sido criticados. Para o analista Mark Weisbrot, do Cepr (sigla em inglês para Centro de Pesquisa Econômica e Política), questões mais urgentes, como o aumento vertiginoso do déficit público e a desvalorização do dólar, foram deixados de lado.
"Os EUA devem conseguir uma desvalorização cadenciada do dólar, coordenada com outros países, como fizemos entre 1985 e 1987? Essa questão não aparece na agenda da cúpula."
Intitulado "Conferência da Casa Branca sobre a Economia", o encontro terá seis painéis e cerca de 30 conferencistas, entre eles John Lipsky, economista-chefe do banco JP Morgan Chase, e Richard D. Parsons, presidente da Time Warner, o maior conglomerado de mídia do mundo. Bush assistirá à maioria dos painéis, mas deve falar apenas hoje à tarde, no encerramento do encontro.
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