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03/02/2005 - 18h53

Mínimo atinge US$ 100 pela 1ª vez, mas não cobre necessidades básicas

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SÉRGIO RIPARDO
da Folha Online

Pela primeira vez no governo Lula, o salário mínimo atingiu US$ 100. O mérito é da forte queda do dólar, e não de uma política de recuperação da renda e do poder de compra do trabalhador. Em 2004, reajustes de tarifas monitoradas pelo governo (telefone, luz, água e gasolina), além dos impostos, pesaram no bolso e foram os principais vilões da inflação.

O valor do salário mínimo deveria ser hoje quase seis vezes maior para garantir uma vida digna ao trabalhador brasileiro, segundo estimativa do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos).

Ou seja, a cifra de US$ 100 já não significa mais um "sonho" para o assalariado. Segundo cálculo do Dieese, o salário mínimo deveria ter sido de R$ 1.452,28 em janeiro (quase US$ 560).

A estimativa do Dieese considera o maior valor apurado para a cesta básica no mês e o preceito constitucional determinando que o salário mínimo deve ser suficiente para a manutenção de um trabalhador e de sua família, suprindo suas necessidades com alimentação, moradia, educação, saúde, transporte, vestuário, higiene, lazer e previdência.

Bandeira do PT e de ACM

Nesta quinta-feira, a moeda norte-americana fechou na casa de R$ 2,60 pela primeira vez desde junho de 2002. A partir de maio que vem, o salário mínimo vai subir de R$ 260 para R$ 300.

O mínimo de US$ 100 era uma bandeira eleitoral do PT, partido do presidente Lula, e de políticos como o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). Se o dólar continuar em queda, o mínimo vai superar essa marca. Há bancos que apostam que a moeda norte-americana pode testar uma cotação mínima de R$ 2,50 nas próximas semanas.

Em 2004, o mercado de trabalho deu sinais de melhora, confirmando as previsões otimistas do governo. O desemprego encerrou 2004 no patamar inédito de um dígito: a taxa ficou em 9,6% em dezembro, a menor marca da nova Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), iniciada em outubro de 2001.

Mas o desemprego poderia ter caído ainda mais se o Banco Central não tivesse aumentado os juros desde setembro, segundo o analista Alex Agostini, da consultoria GRC Visão, que prevê uma nova queda do desemprego em 2005.

Governo FHC

Nos três últimos anos do primeiro mandato, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso manteve o salário mínimo a US$ 108, em média, devido ao câmbio fixo.

Após a liberalização da moeda norte-americana, o mínimo começou a descer a ladeira e chegou a apenas US$ 50 no segundo semestre do último ano do governo de FHC (1995-2002). No segundo mandato do ex-presidente, o salário mínimo médio esteve em US$ 74.

Por que o dólar cai

O real é a moeda que acumula a maior valorização frente ao dólar nos últimos seis meses, segundo levantamento da agência norte-americana de notícias "Bloomberg".

O dólar no Brasil segue a tendência internacional da cotação e o aumento da oferta de divisas no país. No mundo, o dólar perde valor para outras moedas fortes como euro, iene e libra. O ingresso de dólares no Brasil também é crescente. Os exportadores vendem mais. Bancos e empresas estão captando mais recursos no exterior.

Tomar empréstimo lá fora ficou mais barato, o que ajuda a aumentar a oferta de dólares no país. O custo do crédito está menor porque a percepção sobre o risco de um calote na dívida brasileira caiu de forma significativa desde 2003.

O governo Lula adotou medidas consideradas ortodoxas em troca da credibilidade com bancos credores: o país fez economia recorde para pagar juros da dívida e cumpriu metas com o FMI.

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