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24/02/2005 - 10h00

Renda tem queda generalizada mas ricos são mais prejudicados, diz IBGE

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JANAINA LAGE
da Folha Online, no Rio

O primeiro ano do governo Lula foi marcado pela redução da desigualdade social, segundo a Síntese dos Indicadores Sociais, divulgada hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

No entanto, a redução da desigualdade em 2003 --aparentemente uma boa notícia-- foi gerada por uma queda generalizada na renda da população e que atingiu, principalmente, as classes mais altas.

A mudança no quadro de desigualdade social significou que os 10% mais ricos passaram a ganhar 16,9 vezes o rendimento dos 40% mais pobres em 2003. No ano anterior, os ricos ganhavam 18 vezes o total dos pobres.

As regiões Norte e Centro-Oeste foram as que mais reduziram a desigualdade. Nelas, os mais ricos ganhavam 13,5 vezes e 16,1 vezes mais do que a parcela mais pobre da população, respectivamente.

Mas essa redução da desigualdade não veio acompanhada do aumento do rendimento dos mais pobres. Em 2003, houve uma queda generalizada da renda de 7,5%. A diferença é que o rendimento dos ricos caiu 9%, enquanto o dos mais pobres recuou 3%.

Os trabalhadores mais prejudicados pela queda no rendimento em 2003 foram os informais, os militares e os funcionários públicos. O rendimento médio do país passou de R$ 747,90 em 2002 para R$ 692,10 em 2003. Vale destacar que desde 1993, o rendimento mais alto do trabalhador foi obtido em 1996, quando ele chegou a ganhar R$ 853,15.

As diferentes situações do mercado de trabalho por região e por regime de contratação tiveram peso significativo sobre a renda do trabalhador. Em 2003, o rendimento médio no Sudeste chegava a R$ 822,30. No Nordeste, não passava de R$ 409,40.

Da mesma forma que os ganhos não são equânimes, as perdas de poder aquisitivo também mostraram diferenças entre regiões. Na região metropolitana de Belém, o trabalhador chegou a perder 20,9% no rendimento. No Rio Grande do Norte, a queda foi de 18,2% e na região metropolitana de Salvador, 17,3%.

Quando se avalia os salários em razão da posição na ocupação, verifica-se que os trabalhadores informais, que já contam com remuneração bastante inferior aos de carteira assinada, arcaram com boa parte das perdas. A renda desses trabalhadores caiu 9,4% em relação a 2002. Os militares e os funcionários públicos tiveram queda de 9% na renda. Os empregados com carteira e os empregadores tiveram taxa de redução de 7,9%. A menor queda foi verificada nos trabalhadores domésticos, de 4,5%.

O rendimento médio em 2003 de um trabalhador com carteira foi de R$ 745,90. Os informais ganhavam R$ 404,50. Os militares e os funcionários públicos, R$ 1.210,90. Já os trabalhadores domésticos recebiam R$ 322,70.

A queda na renda pôde ser percebida também na disseminação do grupo de pessoas com renda inferior a meio salário mínimo. Na média brasileira, eles chegam a 10% da população ocupada. Os informais representam 30,4% desta categoria. Os militares e os funcionários públicos neste segmento chegam a 6,5%.

Em Alagoas, os empregados com carteira nessa faixa de renda chegam a 43,9%. Em São Paulo, esse percentual não ultrapassa 5%. O IBGE destaca que esse resultado confirma os motivos pelos quais São Paulo continua sendo a principal região receptora de movimentos migratórios.

Houve queda no número de trabalhadores com renda superior a cinco salários. No Brasil, este percentual ficou em 10,3%, uma queda de 1,1 ponto percentual em relação a 2002. No Sudeste, a queda foi ainda mais acentuada, de quase 2 pontos percentuais. O contingente de trabalhadores com melhor remuneração nesta região soma 13,7%.

O tipo de ocupação e as desigualdades regionais não são os únicos fatores que afetam o rendimento da população brasileira. A análise do rendimento-hora do trabalhador mostra que a desigualdade de gênero ainda persiste. Em 2003, a renda caiu 4,8% entre as mulheres e 2% entre os homens. Elas costumam receber por hora cerca de 83% do rendimento dos homens. O rendimento dos trabalhadores entre regiões, independente do sexo, apresenta disparidades ainda maiores. Um trabalhador do Nordeste recebe por hora 53% do rendimento auferido por um trabalhador do Sudeste.

Apesar da falta de melhoria na renda do trabalhador, 2003 foi um ano marcado pela maior absorção da indústria. A criação de vagas neste segmento é vista de forma positiva pela geração de empregos com carteira de trabalho assinada. Em 2003, a indústria reunia 14,4% da população ocupada. A liderança ainda pertence ao setor de serviços, com 33,6%.

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