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13/04/2005
-
14h57
da Folha de S.Paulo
Fiel ao estilo de educação inglesa, o engenheiro e economista Daniel Dantas, 50, mantém a imagem de empreendedor capaz de reunir fortunas com a mesma obstinação e frieza com que afasta sócios em disputas. Discreto na vida pessoal, um dos homens mais ricos do Brasil, trabalha das 7h30 às 23h. Não tira férias nem ostenta riqueza. Pouco sai de sua cobertura, no Rio.
Esse empresário baiano começou a trabalhar cedo. Montou fábrica de sacolas, teve posto de gasolina, trabalhou na indústria têxtil e numa empresa de turismo. Foi engenheiro na empreiteira baiana Odebrecht.
Ligado ao PFL, aproximou-se do senador Antonio Carlos Magalhães por indicação de Mário Henrique Simonsen. Foi conselheiro do partido e do governo federal nas sugestões para tentar salvar o banco Econômico.
Durante dez anos, foi sócio do também baiano Nizan Guanaes na agência de publicidade DM9. Dantas fez doutorado no Massachusets Institute of Technology, nos EUA. De volta ao Brasil, empregou-se no Bradesco.
Conheceu Antônio Carlos de Almeida Braga, ex-presidente daquele banco. Braga o convidou para trabalhar no banco Icatu, do qual foi presidente.
Dantas foi citado como possível ministro da Fazenda no governo Fernando Collor (1990-1992). Antes do confisco, investiu em café e soja e fez bom dinheiro com exportações.
O banco Opportunity começou a operar em 1996.
Sua irmã, Verônica Dantas, é considerada uma expert na área jurídica. Teve como sócio Pérsio Arida, ex-presidente do Banco Central.
O império de Dantas foi montado em cima de fundos de pensão públicos e de sócios estrangeiros com os quais tinha conflitos: a Telecom Italia, na telefonia fixa, e o grupo canadense TIW, no caso dos celulares.
Questionava-se seus poderes de gestor, sendo um minoritário. Os fundos de pensão exigiam maior transparência no caixa gerido pelo Opportunity.
Em 1998, Dantas esteve no centro das investigações sobre suspeitas de favorecimento na privatização de empresas do Sistema Telebrás. Em maio de 1999, começaram as divergências com os sócios Telecom Italia e os fundos de pensão. Os italianos achavam que os acordos da fundação da sociedade eram lesivos a seus interesses.
Em 2000, sócios e fundos de pensão estatais entraram na Justiça contra o Opportunity, por supostas manobras societárias.
Dantas mantém há anos uma disputa com um ex-sócio, Luis Roberto Demarco Almeida, que pediu a dissolução do CVC/Caiman, o fundo de investimentos que o banqueiro administrava no Caribe com recursos do Citibank.
No ano passado, a Brasil Telecom --controlada até então por Dantas-- foi acusada de contratar a Kroll para espionar a Telecom Italia. As investigações teriam extrapolado o mundo empresarial, atingindo figuras do governo federal. Dantas negou que tivesse pedido à Kroll a violação do sigilo telefônico de pessoas.
Em setembro, o procurador da República Luiz Francisco de Souza ofereceu ação de improbidade administrativa combinada com ação civil pública contra o Opportunity e Dantas.
A Comissão de Valores Mobiliários multou o Opportunity por burlar regras do Banco Central ao admitir brasileiros num fundo de investimento estrangeiro nas ilhas Cayman.
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Fiel ao estilo de educação inglesa, o engenheiro e economista Daniel Dantas, 50, mantém a imagem de empreendedor capaz de reunir fortunas com a mesma obstinação e frieza com que afasta sócios em disputas. Discreto na vida pessoal, um dos homens mais ricos do Brasil, trabalha das 7h30 às 23h. Não tira férias nem ostenta riqueza. Pouco sai de sua cobertura, no Rio.
Esse empresário baiano começou a trabalhar cedo. Montou fábrica de sacolas, teve posto de gasolina, trabalhou na indústria têxtil e numa empresa de turismo. Foi engenheiro na empreiteira baiana Odebrecht.
Publius Vergilius/FI |
Daniel Dantas |
Durante dez anos, foi sócio do também baiano Nizan Guanaes na agência de publicidade DM9. Dantas fez doutorado no Massachusets Institute of Technology, nos EUA. De volta ao Brasil, empregou-se no Bradesco.
Conheceu Antônio Carlos de Almeida Braga, ex-presidente daquele banco. Braga o convidou para trabalhar no banco Icatu, do qual foi presidente.
Dantas foi citado como possível ministro da Fazenda no governo Fernando Collor (1990-1992). Antes do confisco, investiu em café e soja e fez bom dinheiro com exportações.
O banco Opportunity começou a operar em 1996.
Sua irmã, Verônica Dantas, é considerada uma expert na área jurídica. Teve como sócio Pérsio Arida, ex-presidente do Banco Central.
O império de Dantas foi montado em cima de fundos de pensão públicos e de sócios estrangeiros com os quais tinha conflitos: a Telecom Italia, na telefonia fixa, e o grupo canadense TIW, no caso dos celulares.
Questionava-se seus poderes de gestor, sendo um minoritário. Os fundos de pensão exigiam maior transparência no caixa gerido pelo Opportunity.
Em 1998, Dantas esteve no centro das investigações sobre suspeitas de favorecimento na privatização de empresas do Sistema Telebrás. Em maio de 1999, começaram as divergências com os sócios Telecom Italia e os fundos de pensão. Os italianos achavam que os acordos da fundação da sociedade eram lesivos a seus interesses.
Em 2000, sócios e fundos de pensão estatais entraram na Justiça contra o Opportunity, por supostas manobras societárias.
Dantas mantém há anos uma disputa com um ex-sócio, Luis Roberto Demarco Almeida, que pediu a dissolução do CVC/Caiman, o fundo de investimentos que o banqueiro administrava no Caribe com recursos do Citibank.
No ano passado, a Brasil Telecom --controlada até então por Dantas-- foi acusada de contratar a Kroll para espionar a Telecom Italia. As investigações teriam extrapolado o mundo empresarial, atingindo figuras do governo federal. Dantas negou que tivesse pedido à Kroll a violação do sigilo telefônico de pessoas.
Em setembro, o procurador da República Luiz Francisco de Souza ofereceu ação de improbidade administrativa combinada com ação civil pública contra o Opportunity e Dantas.
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