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29/04/2005 - 11h02

Economia do governo para pagar juros bate recorde histórico

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ANA PAULA RIBEIRO
da Folha Online, em Brasília

A economia feita pelo setor público consolidado (União, Estados, municípios e estatais) para o pagamento de juros, o chamado superávit primário, bateu recorde histórico em março.

No mês passado, o superávit primário (receitas menos despesas, excluídos os pagamentos de juros) foi de R$ 12,258 bilhões, bem maior do que os R$ 4,046 bilhões de fevereiro --representa, na verdade, um aumento de 203%. Esse é o melhor resultado da série histórica do Banco Central, iniciada em 1991.

No ano, o superávit acumulado é de R$ 27,677 bilhões, contra R$ 20,528 bilhões do mesmo período do ano passado. Esse valor é equivalente a 6,16% do PIB (Produto Interno Bruto, soma de todas as riquezas produzidas por um país) para o período, acima da meta de superávit para o ano, que é de 4,25% do PIB.

O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, lembra que no início de ano a economia costuma ser maior. Ainda assim, ele vê como positivo os resultados do início do ano. "Os números apresentados até agora dão confiança [para o cumprimento da meta]."

Juros

No mês passado, os gastos com juros somaram R$ 13,917 bilhões. Portanto, o resultado primário obtido pelo setor público, de R$ 12,258 bilhões, não foi suficiente para cobrir toda a despesa com juros do mês, o que resultou em um déficit nominal (saldo negativo entre receitas e despesas, incluindo os gastos com juros) de R$ 1,659 bilhão. No mês anterior, o déficit foi de R$ 7,667 bilhões.

Segundo o BC, o aumento dos gastos com juros foi decorrente, entre outras coisas, da incidência da taxa básica de juros da economia, a Selic, por mais dias úteis --22 em março contra 18 em fevereiro. A Selic, que remunera mais da metade da dívida pública, sofreu oito elevações consecutivas desde setembro, e está em 19,5% ao ano.

Em três meses, os gastos com juros já chegam a R$ 37,905 bilhões. Portanto, o superávit primário do período, de R$ 27,677 bilhões, não foi suficiente para cobrir esta despesa, com isso, o déficit nominal acumulado do ano é de R$ 10,228 bilhões --2,28% do PIB.

Apesar de insuficiente para cobrir os gastos com juros, essa economia é a melhor já registrada para o primeiro trimestre.

Dívida

A dívida líquida do setor público atingiu em março R$ 965,9 bilhões, o que representa 50,8% do PIB, contra R$ 960,5 bilhões (51,1% do PIB) do mês anterior. Em dezembro, era de 51,6% do PIB.

Segundo o BC, a redução de 0,8 ponto percentual no ano foi causada pelo aumento do resultado primário e pelo crescimento da economia.O resultado só não foi melhor devido ao aumento dos juros nominais.

Para o ano, a estimativa é que a dívida encerre o ano em 51,4% do PIB. Essa projeção é baseada nas previsões de dólar, juros e inflação do boletim Focus, pesquisa feita pelo BC com analistas do mercado financeiro.

"Se a dívida não crescer já é uma grande vantagem, ainda mais em uma trajetória de juros crescentes", disse.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre o superávit primário
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