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05/05/2005 - 14h25

Antigo dono da Bombril vira alvo de dossiê sobre fraude

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SÉRGIO RIPARDO
da Folha Online

Um dossiê tenta envolver o empresário Ronaldo Sampaio Ferreira, antigo dono da Bombril, em um esquema de remessa ilegal de recursos ao exterior. O caso surge no momento em que ele move um processo para voltar ao comando da empresa, tirando do poder uma equipe nomeada pela Justiça há seis meses.

O advogado de Ferreira, Eduardo Munhoz, negou a ocorrência de irregularidades por parte do seu cliente e disse que o vazamento do dossiê visa "manchar" a reputação do ex-controlador da Bombril e prejudicar o retorno dele ao comando da empresa.

A Folha Online teve acesso ao dossiê. São cópias de recibos bancários, de contratos de empréstimos, de compra e venda de títulos norte-americanos, uma carta enviada a um banco estrangeiro, relatórios internos e até um documento sigiloso --um auto de infração da Receita Federal, que multou a Bombril no fim do ano passado.

O dossiê aponta que Ferreira, sua mulher, Alice Maria, e suas empresas (Quilombo e Newco) simularam operações de venda de títulos americanos (T-Bills) para a Bombril com o objetivo de justificar depósitos em contas bancárias no Brasil e no exterior. Há cópia de uma ordem de transferência de US$ 1 milhão da conta da Bombril para a Newco no dia 24 de abril de 2001.

Não é a primeira vez que suspeitas de envio ilegal de dinheiro atingem a tradicional fabricante de lã de aço. Em 2002, um relatório de fiscalização do Banco Central veio a público expondo detalhes sobre uma investigação na contabilidade da empresa. Mas na época, o nome de Ferreira não era citado.

A divulgação dessa devassa ocorreu no mesmo ano em que estourou o escândalo do "default" (calote) decretado pelo grupo do empresário italiano Sergio Cragnotti, ex-dono da Cirio, uma das gigantes do setor de alimentos na Europa.

Cragnotti havia adquirido o controle da Bombril no início dos anos 90. O efeito no Brasil da crise do empresário italiano foi uma série de pedidos de falências por fornecedores contra a Bombril em 2003 e a intervenção da Justiça na empresa.

Já Ferreira tenta atualmente voltar ao comando da Bombril porque é credor da empresa. Quando vendeu suas ações para Cragnotti há cerca de dez anos, ele não recebeu todo o dinheiro acertado.

No mês passado, Ferreira firmou um acordo com o governo da Itália, que assumiu os negócios da Cirio. O objetivo é compartilhar a gestão da Bombril. Mas o ex-advogado de Ferreira, Antonio Augusto de Souza Coelho, que cobra na Justiça o pagamento de honorários, conseguiu uma liminar travando o acordo.

Outro lado

O advogado do ex-dono da Bombril, Eduardo Munhoz, deu a entender que o dossiê pode ter sido preparado pelo ex-advogado de seu cliente ou pelos atuais administradores da Bombril, com o objetivo de "criar uma cortina de fumaça", encobrindo possíveis denúncias contra os atuais gestores da empresa. Mas ele disse que não tem provas para acusá-los.

"Atribuo esse dossiê às pessoas com interesse de que Ronaldo seja derrotado na ação judicial, impedindo seu retorno ao controle da Bombril."

Munhoz evitou confirmar a autenticidade de todos os documentos que compõem o dossiê. Disse que precisaria de mais tempo para checar a contabilidade do seu cliente e verificar se houve realmente o depósito de US$ 1 milhão na conta da Newco. No final da semana passada, a reportagem forneceu alguns documentos para Munhoz.

Mesmo assim, ele disse que a existência desse depósito não seria indício de irregularidade, pois a Newco é uma empresa estrangeira mantida por seu cliente para receber pagamentos no exterior.

O diretor-presidente da Bombril, José Edson Bacellar Junior, comentou o surgimento do dossiê: "Não vazamos documento nenhum. Não temos essa prática de comentar assuntos íntimos da empresa com ninguém."

Por meio de sua assessoria de imprensa, o ex-advogado de Ferreira deu a seguinte declaração: "Temos uma reputação de honorabilidade. Distribuir dossiês não é nosso estilo de trabalho."

A Folha Online apurou que o dossiê deve ser encaminhado para a Receita Federal, que segue a prática de não comentar o andamento de investigações por conta do sigilo fiscal.

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