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27/06/2005
-
09h18
PEDRO DIAS LEITE
da Folha de S.Paulo
O que os preços de uma casa em San Diego ou de um apartamento em Madri têm a ver com o crescimento da economia mundial? Segundo economistas ouvidos pela Folha e com estudos recentes, tudo. Um estouro da "bolha imobiliária", global, pode provocar recessão mais profunda e duradoura que a que se seguiu ao fim da "bolha" da internet, em 2000.
"É a maior "bolha" que nós já vimos. E em vários lugares ao redor do mundo. Não é só nos EUA, é no Reino Unido, na França, na Espanha, na Itália, em lugares da Rússia, na China. Um declínio agudo pode enfraquecer a economia mundial e provocar uma recessão", afirmou à Folha Robert Shiller, o economista de Yale que ficou famoso ao prever o estouro da "bolha" da internet, em seu livro "Exuberância Irracional".
Nos EUA, a "bolha imobiliária" está em evidência ao menos desde 2002, quando muitos já previam o seu fim, mas desde então não parou de crescer.
A avaliação de que há uma "bolha", termo usado pelos economistas, vem da constatação de que os preços das moradias estão muito acima do que valem, mas as pessoas continuam dispostas a pagar mais, na aposta de que não parem de subir. Mas ninguém sabe quando acabará, e alguns economistas, como Shiller, apostam em mais um ano de crescimento.
Em abril, os preços de imóveis nos EUA subiram no maior ritmo nos últimos 25 anos. Cresceram 15,1% sobre o ano anterior, o maior avanço desde novembro de 1980. Ainda assim, as vendas saltaram 4,5%. Os dados levaram o presidente do Fed (BC dos EUA), Alan Greenspan, a admitir pela primeira vez que existia uma "espuma" no mercado imobiliário.
Foram as baixíssimas taxas de juros do Fed, de 1% ao ano, que ajudaram a impulsionar a "bolha". Hoje, os juros estão em 3%, mas os financiamentos imobiliários continuam muito baratos nos EUA, próximos dos menores patamares em 30 anos.
"Bolha" global
Nos outros países, a escalada é a mesma. Na Espanha, os preços subiram 130% desde 1997. Na Nova Zelândia e na Irlanda, os aumentos foram de dois dígitos entre 2003 e 2004. E a situação é parecida ao menos no Reino Unido, na Itália e na Escandinávia.
"Se você olha na história do pós-guerra, os preços das moradias sempre se moveram na média acompanhando a inflação. Foi só nos últimos sete, oito anos que houve essa grande expansão, com o crescimento dos valores superando a inflação em 60%. Isso é sem precedentes", avalia Dean Baker, co-diretor do Centro para Pesquisa Econômica e Política.
"Se houvesse relação com os fundamentos do mercado imobiliário, deveria aparecer mais nos aluguéis, o que não acontece", disse, em entrevista à Folha.
O que ninguém sabe dizer ao certo é quando a "bolha" vai estourar. "É muito difícil saber. Em agosto de 2002, eu disse que seria em seis meses, mas simplesmente continuou a subir", afirma Baker.
"É natural, quando se escreve sobre uma "bolha", assumir que está para acabar. Mas as "bolhas" tendem a subir por mais tempo do que você jamais pensaria. Não estou certo de que nos EUA não subirá por mais um ano ou mais, até em ritmos rápidos. O "momentum" é tão para cima atualmente que acho que vai terminar bem forte até o final deste ano. E pode continuar a subir pelo próximo ano", afirma Shiller.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre Robert Shiller
Analistas temem "bolha" imobiliária
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da Folha de S.Paulo
O que os preços de uma casa em San Diego ou de um apartamento em Madri têm a ver com o crescimento da economia mundial? Segundo economistas ouvidos pela Folha e com estudos recentes, tudo. Um estouro da "bolha imobiliária", global, pode provocar recessão mais profunda e duradoura que a que se seguiu ao fim da "bolha" da internet, em 2000.
"É a maior "bolha" que nós já vimos. E em vários lugares ao redor do mundo. Não é só nos EUA, é no Reino Unido, na França, na Espanha, na Itália, em lugares da Rússia, na China. Um declínio agudo pode enfraquecer a economia mundial e provocar uma recessão", afirmou à Folha Robert Shiller, o economista de Yale que ficou famoso ao prever o estouro da "bolha" da internet, em seu livro "Exuberância Irracional".
Nos EUA, a "bolha imobiliária" está em evidência ao menos desde 2002, quando muitos já previam o seu fim, mas desde então não parou de crescer.
A avaliação de que há uma "bolha", termo usado pelos economistas, vem da constatação de que os preços das moradias estão muito acima do que valem, mas as pessoas continuam dispostas a pagar mais, na aposta de que não parem de subir. Mas ninguém sabe quando acabará, e alguns economistas, como Shiller, apostam em mais um ano de crescimento.
Em abril, os preços de imóveis nos EUA subiram no maior ritmo nos últimos 25 anos. Cresceram 15,1% sobre o ano anterior, o maior avanço desde novembro de 1980. Ainda assim, as vendas saltaram 4,5%. Os dados levaram o presidente do Fed (BC dos EUA), Alan Greenspan, a admitir pela primeira vez que existia uma "espuma" no mercado imobiliário.
Foram as baixíssimas taxas de juros do Fed, de 1% ao ano, que ajudaram a impulsionar a "bolha". Hoje, os juros estão em 3%, mas os financiamentos imobiliários continuam muito baratos nos EUA, próximos dos menores patamares em 30 anos.
"Bolha" global
Nos outros países, a escalada é a mesma. Na Espanha, os preços subiram 130% desde 1997. Na Nova Zelândia e na Irlanda, os aumentos foram de dois dígitos entre 2003 e 2004. E a situação é parecida ao menos no Reino Unido, na Itália e na Escandinávia.
"Se você olha na história do pós-guerra, os preços das moradias sempre se moveram na média acompanhando a inflação. Foi só nos últimos sete, oito anos que houve essa grande expansão, com o crescimento dos valores superando a inflação em 60%. Isso é sem precedentes", avalia Dean Baker, co-diretor do Centro para Pesquisa Econômica e Política.
"Se houvesse relação com os fundamentos do mercado imobiliário, deveria aparecer mais nos aluguéis, o que não acontece", disse, em entrevista à Folha.
O que ninguém sabe dizer ao certo é quando a "bolha" vai estourar. "É muito difícil saber. Em agosto de 2002, eu disse que seria em seis meses, mas simplesmente continuou a subir", afirma Baker.
"É natural, quando se escreve sobre uma "bolha", assumir que está para acabar. Mas as "bolhas" tendem a subir por mais tempo do que você jamais pensaria. Não estou certo de que nos EUA não subirá por mais um ano ou mais, até em ritmos rápidos. O "momentum" é tão para cima atualmente que acho que vai terminar bem forte até o final deste ano. E pode continuar a subir pelo próximo ano", afirma Shiller.
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