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26/08/2005
-
09h15
MAELI PRADO
da Folha de S.Paulo, em Buenos Aires
A crise política brasileira tem ajudado o governo argentino a manter o peso desvalorizado, o principal objetivo da política econômica do país vizinho atualmente. Nas últimas semanas, o banco central reduziu suas intervenções no mercado em parte por causa da turbulência no Brasil.
Com menor oferta de dólares, a moeda americana se valorizou e o governo precisou intervir menos no mercado.
"O banco central não estava intervindo no mesmo ritmo de antes porque a crise no Brasil fez com que os investidores especulativos não entrassem tanto na Argentina", afirma Santiago Lopez Alfaro, analista da corretora Delphos. "A crise no Brasil vem ajudando bastante o governo a manter o peso desvalorizado."
Segundo ele, o efeito das denúncias de corrupção não foi o único fator para a redução do ritmo das intervenções do BC. Outra explicação é que o ingresso de dólares decorrente da liquidação das exportações de commodities do país caiu nas últimas semanas. "A liquidação das exportações caiu pela metade. A colheita de soja foi vendida em março, abril e maio. Em julho e agosto, diminuem. Nas últimas semanas se retiraram do mercado."
Ontem, entretanto, o BC argentino voltou com força ao mercado e comprou US$ 53 milhões. Uma das causas, na avaliação de analistas, é o fato de ontem o advogado Rogério Tadeu Buratti não ter apresentado provas das suas acusações de corrupção do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda), o que acalmou os ânimos dos investidores. O dólar fechou ontem a 2,91 pesos, e a Bolsa argentina subiu 2,4%.
Manter o câmbio desvalorizado é o foco da política econômica argentina atualmente: a prioridade é proteger a indústria local e incentivar as exportações.
Para isso, o governo intervém constantemente no mercado, ao comprar dólares. Outra medida adotada foi a restrição da entrada de capitais estrangeiros especulativos: os bancos foram obrigados a imobilizar, ou seja, não usar para empréstimos ou outras operações, 30% do capital estrangeiro que ingressar com o objetivo de ser investido em ativos financeiros. Além disso, em maio o governo ampliou de 180 para 365 dias o prazo mínimo de permanência dos capitais especulativos no país.
Toda a preocupação com o câmbio esbarra, entretanto, em outro desafio para a área econômica do governo do país vizinho: controlar a inflação, que até julho acumula uma alta de 7,2%. Manter o peso desvalorizado, alertam alguns economistas, não é compatível com o combate à alta dos preços.
Controle de inflação
O Ministério da Economia da Argentina anunciou anteontem outra medida que deve ter como efeito o controle da inflação no país. A partir de novembro, os produtores só poderão destinar ao abate bovinos que pesem mais de 300 kg. A intenção é expandir a oferta, elevar a rentabilidade e reduzir preços.
Isso porque atualmente cerca de 40% dos animais abatidos estão abaixo desse peso. A medida causou protesto de parte dos produtores, que a classificaram como intervencionista. A Sociedade Rural Argentina divulgou uma nota em que manifestou seu desacordo com a medida, que não deve ter efeito no curto prazo.
A determinação do governo vale a partir de 1º de novembro e estará em vigor por seis meses.
Não é a primeira medida de controle de inflação tomada pelo Ministério da Economia que causa polêmica no setor agrícola. No mês passado, o governo argentino elevou de 5% para 15% os impostos para a exportação de produtos lácteos, com o objetivo de forçar uma queda de preços no mercado interno.
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da Folha de S.Paulo, em Buenos Aires
A crise política brasileira tem ajudado o governo argentino a manter o peso desvalorizado, o principal objetivo da política econômica do país vizinho atualmente. Nas últimas semanas, o banco central reduziu suas intervenções no mercado em parte por causa da turbulência no Brasil.
Com menor oferta de dólares, a moeda americana se valorizou e o governo precisou intervir menos no mercado.
"O banco central não estava intervindo no mesmo ritmo de antes porque a crise no Brasil fez com que os investidores especulativos não entrassem tanto na Argentina", afirma Santiago Lopez Alfaro, analista da corretora Delphos. "A crise no Brasil vem ajudando bastante o governo a manter o peso desvalorizado."
Segundo ele, o efeito das denúncias de corrupção não foi o único fator para a redução do ritmo das intervenções do BC. Outra explicação é que o ingresso de dólares decorrente da liquidação das exportações de commodities do país caiu nas últimas semanas. "A liquidação das exportações caiu pela metade. A colheita de soja foi vendida em março, abril e maio. Em julho e agosto, diminuem. Nas últimas semanas se retiraram do mercado."
Ontem, entretanto, o BC argentino voltou com força ao mercado e comprou US$ 53 milhões. Uma das causas, na avaliação de analistas, é o fato de ontem o advogado Rogério Tadeu Buratti não ter apresentado provas das suas acusações de corrupção do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda), o que acalmou os ânimos dos investidores. O dólar fechou ontem a 2,91 pesos, e a Bolsa argentina subiu 2,4%.
Manter o câmbio desvalorizado é o foco da política econômica argentina atualmente: a prioridade é proteger a indústria local e incentivar as exportações.
Para isso, o governo intervém constantemente no mercado, ao comprar dólares. Outra medida adotada foi a restrição da entrada de capitais estrangeiros especulativos: os bancos foram obrigados a imobilizar, ou seja, não usar para empréstimos ou outras operações, 30% do capital estrangeiro que ingressar com o objetivo de ser investido em ativos financeiros. Além disso, em maio o governo ampliou de 180 para 365 dias o prazo mínimo de permanência dos capitais especulativos no país.
Toda a preocupação com o câmbio esbarra, entretanto, em outro desafio para a área econômica do governo do país vizinho: controlar a inflação, que até julho acumula uma alta de 7,2%. Manter o peso desvalorizado, alertam alguns economistas, não é compatível com o combate à alta dos preços.
Controle de inflação
O Ministério da Economia da Argentina anunciou anteontem outra medida que deve ter como efeito o controle da inflação no país. A partir de novembro, os produtores só poderão destinar ao abate bovinos que pesem mais de 300 kg. A intenção é expandir a oferta, elevar a rentabilidade e reduzir preços.
Isso porque atualmente cerca de 40% dos animais abatidos estão abaixo desse peso. A medida causou protesto de parte dos produtores, que a classificaram como intervencionista. A Sociedade Rural Argentina divulgou uma nota em que manifestou seu desacordo com a medida, que não deve ter efeito no curto prazo.
A determinação do governo vale a partir de 1º de novembro e estará em vigor por seis meses.
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