15/08/2002 - 11h14
Atualidades: IDH, o índice que condena o Brasil
ROBERTO CANDELORI da Folha de S.Paulo
O relatório anual do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), edição 2002, divulgou que o Brasil ocupa o 73º lugar no ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). Os dados, coletados em 173 países, comprovam ainda a posição do Brasil entre as dez maiores economias do mundo e a desconfortável posição de estar entre os quatro países com a pior distribuição de renda mundial.
Criado pela Organização das Nações Unidas para medir a qualidade de vida das populações, o IDH é composto por uma série de indicadores econômicos e sociais. O desenvolvimento de um país, segundo o índice, não pode ser avaliado considerando apenas os números da sua economia. Por isso, além da renda per capita, considera-se também a taxa de escolaridade, o analfabetismo adulto e a expectativa de vida.
Segundo o relatório, cujos dados são de 2000, o Brasil melhorou em relação aos índices de 1999. A renda per capita cresceu de US$ 7.030 para US$ 7.625; a expectativa de vida passou de 67,5 para 67,7 anos e o percentual de adultos alfabetizados subiu de 84,9% para 85,2%. Mas há distorções graves na educação. A taxa de escolaridade indica que 98% das crianças na faixa etária do ensino fundamental estão matriculadas na escola, mas apenas 15% continuam no ensino médio.
O Brasil está mais rico e mais desigual. O avanço no ranking de desenvolvimento humano não repercutiu significativamente na melhoria da qualidade de vida da população. A discrepância entre a renda e os indicadores sociais denuncia a perversa concentração da riqueza. Uma das formas de distribuí-la é garantir educação de qualidade para todos, possibilitando uma oportunidade para que homens e mulheres não apenas realizem seu potencial como indivíduos mas conquistem a verdadeira cidadania.
Roberto Candelori é coordenador da Cia. de Ética, professor da Escola Móbile e do Objetivo. E-mail: rcandelori@uol.com.br
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