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03/02/2003 - 06h04

Professor da Esalq examinou a prática do trote na escola

ANDRÉ NICOLETTI
da Folha de S.Paulo

Desde 1997, logo na primeira semana de aula, Oriowaldo Queda, professor de sociologia da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), exibe para seus alunos o filme "Nascido para Matar", de Stanley Kubrick. Depois, inicia um debate fazendo analogias entre o trote sofrido na unidade da USP, conhecido como um dos mais violentos do país, e o ritual de raspar a cabeça dos novos recrutas.

Cortar os cabelos é apenas o primeiro ato a que são submetidos os novos soldados, que depois têm de suportar as humilhações impostas por um sargento. O oficial acaba sendo morto por um rapaz, que depois também se mata.

Como no filme, Queda considera que raspar o cabelo, pintar o rosto, ganhar um apelido e outras atividades consideradas por muitos como brincadeira são o início de práticas mais violentas. "A brincadeira é o início da humilhação, porque é o passo inicial para submeter um aluno, humilhá-lo."

Queda também passa um questionário pedindo para os alunos listarem três práticas de trote que consideram violentas e três que consideram brincadeira. "Quando nós vamos tabular os dados, percebemos que as práticas não se diferenciam. Muita coisa que é encarada por uns como brincadeira, para outros é violência", disse ele.

Há dois anos, em parceria com o também professor da Esalq Antônio Ribeiro de Almeida Júnior, os dados começaram a fazer parte de uma pesquisa que, no mês que vem, deve ser publicada no livro "O Trote na Esalq".

A pesquisa mostra que uma das semelhanças entre as práticas feitas na Esalq e em outras universidades é o consumo abusivo de álcool. "Um dos elementos centrais é a bebida. As pessoas bebem muito e acabam perdendo o controle", disse Almeida Júnior.
 

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