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17/03/2003
-
12h20
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Numa época em que especialistas de ensino se preocupam em como adaptar a educação às novas tecnologias, que avançam cada vez mais rápido, o Brasil ainda tem pelo menos 16 milhões de analfabetos, o que representa 13,6% das pessoas com 15 anos ou mais. Além disso, de cada cem alunos que entram na escola, 41 não terminam a 8ª série.
Esses dados, apesar de serem referentes a 2000, foram divulgados na última semana em um documento do governo federal chamado "Geografia da Educação Brasileira 2001".
O levantamento dá um panorama da educação: 39 de cada cem estudantes do ensino fundamental estão acima da idade para a série que cursam, e 21,7% repetem de ano. Cursar a universidade é quase um sonho: só 6,1% da população de 25 a 64 anos tinha nível superior completo em 1999.
Os números são considerados alarmantes pelo governo. Caso a situação não seja revertida, a força de trabalho nos próximos 10 a 15 anos será deficitária e desqualificada, ou seja, pode sobrar emprego porque não haverá profissionais habilitados para ocupá-los. E, em vez de diminuir, o exército de desempregados do país aumentará.
Entre as causas do problema estão a falta de qualidade das escolas, aliada a professores mal preparados e mal remunerados, além do tempo reduzido em que o aluno fica na escola -cerca de 4,3 horas por dia, segundo o presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), Otaviano Helene. Também contribui o gasto que a família tem para manter o filho estudando, o que acaba levando à evasão.
Apesar da situação grave revelada no relatório, o quadro mostra que houve progressos desde 1995. O problema é que a melhora vem se dando de forma lenta.
Imagine se você começa o ano com o boletim no vermelho: 2,5, por exemplo. No outro bimestre, você dobra sua nota e vai para 5 na prova, mas sua média ainda é de 3,75. Mesmo que você melhore muito no próximo, ainda corre o risco de não atingir a média mínima (7,0) para passar de ano.
Assim está o Brasil. A taxa de repetência, por exemplo, era de 30,2% em 1995, caiu para 26,6% no ano seguinte, 23,4% depois, mas, desde 1998, está no patamar dos 21%. A mesma tendência acontece com a evasão.
A alternativa para reverter a situação? Continuar projetos que estão dando certo, investir na valorização dos professores e rever o papel da escola na sociedade, com a participação dela no debate. Só não dá para esperar muito.
Má qualidade da educação afeta futuro dos brasileiros
LUCIANA CONSTANTINOda Folha de S.Paulo, em Brasília
Numa época em que especialistas de ensino se preocupam em como adaptar a educação às novas tecnologias, que avançam cada vez mais rápido, o Brasil ainda tem pelo menos 16 milhões de analfabetos, o que representa 13,6% das pessoas com 15 anos ou mais. Além disso, de cada cem alunos que entram na escola, 41 não terminam a 8ª série.
Esses dados, apesar de serem referentes a 2000, foram divulgados na última semana em um documento do governo federal chamado "Geografia da Educação Brasileira 2001".
O levantamento dá um panorama da educação: 39 de cada cem estudantes do ensino fundamental estão acima da idade para a série que cursam, e 21,7% repetem de ano. Cursar a universidade é quase um sonho: só 6,1% da população de 25 a 64 anos tinha nível superior completo em 1999.
Os números são considerados alarmantes pelo governo. Caso a situação não seja revertida, a força de trabalho nos próximos 10 a 15 anos será deficitária e desqualificada, ou seja, pode sobrar emprego porque não haverá profissionais habilitados para ocupá-los. E, em vez de diminuir, o exército de desempregados do país aumentará.
Entre as causas do problema estão a falta de qualidade das escolas, aliada a professores mal preparados e mal remunerados, além do tempo reduzido em que o aluno fica na escola -cerca de 4,3 horas por dia, segundo o presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), Otaviano Helene. Também contribui o gasto que a família tem para manter o filho estudando, o que acaba levando à evasão.
Apesar da situação grave revelada no relatório, o quadro mostra que houve progressos desde 1995. O problema é que a melhora vem se dando de forma lenta.
Imagine se você começa o ano com o boletim no vermelho: 2,5, por exemplo. No outro bimestre, você dobra sua nota e vai para 5 na prova, mas sua média ainda é de 3,75. Mesmo que você melhore muito no próximo, ainda corre o risco de não atingir a média mínima (7,0) para passar de ano.
Assim está o Brasil. A taxa de repetência, por exemplo, era de 30,2% em 1995, caiu para 26,6% no ano seguinte, 23,4% depois, mas, desde 1998, está no patamar dos 21%. A mesma tendência acontece com a evasão.
A alternativa para reverter a situação? Continuar projetos que estão dando certo, investir na valorização dos professores e rever o papel da escola na sociedade, com a participação dela no debate. Só não dá para esperar muito.
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