Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
29/05/2003 - 14h25

História: Movimento operário na República Velha

ROBERSON DE OLIVEIRA
da Folha de S.Paulo

O Primeiro de Maio é uma data de grande significado na história das lutas sociais em todo o mundo. A data foi escolhida por um congresso internacional de trabalhadores, realizado em Paris em 1889, para homenagear cinco operários que participaram de uma greve, em Chicago, nos EUA, em 1886. Reivindicavam a redução da jornada de trabalho para oito horas. Provas forjadas envolveram os operários num atentado, e eles foram julgados e condenados ao enforcamento.

No Brasil, as primeiras notícias das lutas operárias remontam a 1858, quando tipógrafos do Rio de Janeiro entraram em greve reivindicando aumento de salário. Nesses momentos iniciais da organização do movimento operário, destacou-se a influência da ideologia anarquista, trazida ao Brasil pelos trabalhadores imigrantes, sobretudo italianos e espanhóis.

O anarquismo era um movimento revolucionário que propunha a extinção do Estado, a democracia direta, o fim da propriedade privada dos meios de produção e a igualdade social. Era contrário aos organismos de representação (Parlamento, partido) e defendia a organização autônoma dos trabalhadores em seus locais de trabalho.

Sob a liderança dos anarquistas, ocorreu a maior greve de que se tem notícia na primeira metade do século 20 no Brasil. A paralisação, iniciada em junho de 1917, começou no setor têxtil, propagou-se rapidamente e atingiu a área portuária e o interior, envolvendo cerca de 50 mil trabalhadores. As principais reivindicações eram aumento de salários, proibição do trabalho infantil, jornada de oito horas, garantia de emprego e direito de associação.

O governo reprimiu o movimento com todos os recursos de que dispunha, mobilizando a polícia, tropas militares e até a Marinha de guerra, mas não foi bem-sucedido. Teve de negociar, e algumas das principais reivindicações foram atendidas.

A Revolução Russa, também em 1917, aumentou o prestígio do comunismo entre as classes trabalhadoras e, a partir de 1922, com a fundação do Partido Comunista Brasileiro, os comunistas passaram a disputar com os anarquistas a hegemonia sobre o movimento operário.

Foi para combater a influência dessas ideologias de esquerda que Vargas traçou uma estratégia de cooptação do movimento operário a partir de 1930, com o trabalhismo. Mas isso é assunto para um outro dia...

Roberson de Oliveira é autor de "História do Brasil: Análise e Reflexão" e "As Rebeliões Regenciais" (Editora FTD) e professor no Colégio Rio Branco e na Universidade Grande ABC. Email: roberson.co@uol.com.br
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página