Publicidade
Publicidade
03/07/2003
-
11h24
da Folha de S.Paulo
A arte moderna a muitos parece hermética ou mesmo desprovida de um sentido. Tal impressão, entretanto, talvez nasça de uma espécie de vício interpretativo, segundo o qual a obra sempre "quer dizer" algo além de si mesma e interpretá-la é descobrir o que ela oculta.
Essa aparente dificuldade de entender a arte moderna revela um observador preso a cânones inadequados para a apreensão de um novo padrão.
O que se chama de arte moderna nasceu nos primórdios do século 20, quando eclodiram na Europa os chamados movimentos de vanguarda (futurismo, cubismo, dadaísmo etc.), que significaram, à época, uma ruptura radical com o conceito de arte vigente.
O elemento figurativo, de representação da realidade, cedeu espaço ao traço metalingüístico, por meio do qual a arte se voltou para si mesma e pôs em marcha a reavaliação de suas potencialidades.
No quadro cubista "O Bilhar", de Braque, aquilo que, à primeira vista, parece um objeto deformado, é, na verdade, a fusão de diferentes pontos de vista numa mesma tela.
No dadaísmo, os artistas retiravam objetos de seu contexto de utilidade e, dessa maneira, conferiam-lhes o estatuto de arte. É o caso da "Roda de Bicicleta", assinada por Marcel Duchamp. Gestos radicais apontaram novos caminhos para a arte, que incorporou o conceito de intenção.
Se a tradição ocultou a forma e privilegiou o conteúdo da obra de arte, a modernidade fez exatamente o inverso. A harmonia das imagens ou a perícia do artista na reprodução da realidade deram vez à explicitação dos elementos e das técnicas, num processo de recombinação de informações e de constante diálogo com a tradição.
Assim, a arte contemporânea, como a arte moderna, fechada à fruição espontânea, convida o espectador à reflexão.
Thaís Nicoleti de Camargo é consultora de língua portuguesa da Folha. E-mail:tnicoleti@folhasp.com.br
Leia mais
História: A organização da sociedade medieval
Atualidades: Iranianos "em chamas" protestam na Europa
Geografia: O movimento do Sol e o solstício
Português: Arte moderna convida à reflexão
THAÍS NICOLETI DE CAMARGOda Folha de S.Paulo
A arte moderna a muitos parece hermética ou mesmo desprovida de um sentido. Tal impressão, entretanto, talvez nasça de uma espécie de vício interpretativo, segundo o qual a obra sempre "quer dizer" algo além de si mesma e interpretá-la é descobrir o que ela oculta.
Essa aparente dificuldade de entender a arte moderna revela um observador preso a cânones inadequados para a apreensão de um novo padrão.
O que se chama de arte moderna nasceu nos primórdios do século 20, quando eclodiram na Europa os chamados movimentos de vanguarda (futurismo, cubismo, dadaísmo etc.), que significaram, à época, uma ruptura radical com o conceito de arte vigente.
O elemento figurativo, de representação da realidade, cedeu espaço ao traço metalingüístico, por meio do qual a arte se voltou para si mesma e pôs em marcha a reavaliação de suas potencialidades.
No quadro cubista "O Bilhar", de Braque, aquilo que, à primeira vista, parece um objeto deformado, é, na verdade, a fusão de diferentes pontos de vista numa mesma tela.
No dadaísmo, os artistas retiravam objetos de seu contexto de utilidade e, dessa maneira, conferiam-lhes o estatuto de arte. É o caso da "Roda de Bicicleta", assinada por Marcel Duchamp. Gestos radicais apontaram novos caminhos para a arte, que incorporou o conceito de intenção.
Se a tradição ocultou a forma e privilegiou o conteúdo da obra de arte, a modernidade fez exatamente o inverso. A harmonia das imagens ou a perícia do artista na reprodução da realidade deram vez à explicitação dos elementos e das técnicas, num processo de recombinação de informações e de constante diálogo com a tradição.
Assim, a arte contemporânea, como a arte moderna, fechada à fruição espontânea, convida o espectador à reflexão.
Thaís Nicoleti de Camargo é consultora de língua portuguesa da Folha. E-mail:tnicoleti@folhasp.com.br
Leia mais
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Avaliação reprova 226 faculdades do país pelo 4º ano consecutivo
- Dilma aprova lei que troca dívidas de universidades por bolsas
- Notas das melhores escolas paulistas despencam em exame; veja
- Universidades de SP divulgam calendário dos vestibulares 2013
- Mercadante diz que não há margem para reajuste maior aos docentes
+ Comentadas
- Câmara sinaliza absolvição de deputados envolvidos com Cachoeira
- Alunos com bônus por raça repetem mais na Unicamp
+ EnviadasÍndice