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25/09/2003 - 10h37

Curso técnico acelera entrada no mercado de trabalho

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ANDRÉ NICOLETTI
da Folha de S.Paulo

Os cursos técnicos, que até há alguns anos eram destinados principalmente aos que entravam no ensino médio, tornaram-se uma opção para quem já completou essa etapa, mas não tem condições de fazer uma faculdade. Desde 1997, o ensino técnico não é mais vinculado ao médio.

Com isso o foco principal passou a ser os estudantes que já completaram o ensino médio. No tradicional Senai, por exemplo, só se pode ingressar nos cursos técnicos após concluir o ensino médio. Já nas escolas ligadas ao Centro Paula Souza, de São Paulo, ainda são aceitos os alunos a partir do segundo ano do ensino médio, mas os que já são formados levam vantagem nos vestibulinhos: recebem 10% a mais na nota final.

O perfil dos estudantes também mudou. Segundo Nelson Kakuiti, presidente da comissão executiva do vestibulinho do Centro Paula Souza, a média de idade passou de 17 para 27 anos, e a renda média é menor do que antes.

"Até 1998, muita gente vinha para as escolas técnicas estaduais para entrar na USP, pois tínhamos um bom ensino acadêmico. Agora atendemos a uma clientela mais carente, que precisa de qualificação profissional. Quem quer entrar na universidade e tem condições não perde tempo no técnico, vai para um cursinho", disse.

Mesmo assim, o técnico pode ajudar o estudante a bancar uma faculdade. "Há vários alunos que, depois de estarem trabalhando, continuam o estudo. O técnico acaba viabilizando o primeiro emprego, que viabiliza a universidade", disse Walter Vicioni, diretor técnico do Senai de São Paulo.

Conseguir uma profissão para depois poder fazer uma faculdade foi o que motivou Sônia Cristina Neves, 28, a buscar primeiro um curso de auxiliar de enfermagem no hospital Sírio Libanês e, no começo de 2004, uma formação técnica na área.

O sonho de cursar medicina não poderia ser concretizado, quando resolveu voltar a estudar, em 1998, após cinco anos longe da escola, pois tinha de trabalhar para sustentar a família. "Já que medicina não dava, resolvi começar por baixo", disse ela.

Com a mudança na legislação, o curso de auxiliar de enfermagem tornou-se o primeiro módulo do curso técnico de enfermagem, que dura em média dois anos. Além do Sírio, outros hospitais de São Paulo, como o Albert Einstein e a Beneficência Portuguesa, também oferecem o curso.

Outro que escolheu o técnico para poder cursar uma universidade foi Bruno Luis Ramos, 17, que fez o curso de eletrônica no Senai. Quando ele entrou, a instituição ainda permitia alunos sem o ensino médio, mas já havia desvinculado as duas modalidades.

Ele representou o Brasil em sua categoria no último WorldSkills Competition, uma olimpíada internacional de cursos técnicos, realizado na Suíça. Atualmente ele faz estágio em programação de chips de máquinas de automação comercial, como as que lêem códigos de barras em livrarias.

Com o desenvolvimento da tecnologia, a imagem do técnico como um "peão com diploma" já não corresponde à realidade. "O técnico é o intermediário entre a administração e o chão de fábrica e pode chegar ao cargo de supervisor nas indústrias", disse Paulo Armando Panunzio, diretor do colégio técnico industrial de Guaratinguetá, ligado à Unesp.
 

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