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16/10/2003 - 03h52

Professor estuda mais, mas salário é baixo

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LUCIANA CONSTANTINO
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Responsáveis pela educação de 57,7 milhões de brasileiros, grande parte dos professores no país tem uma média salarial bem abaixo de outras profissões, leciona em escolas com infra-estrutura precária e cumpre jornada acima de 30 horas semanais. Mesmo assim, em todos os níveis de ensino, de 1996 a 2002, a formação desses profissionais melhorou.

O retrato está no estudo "Estatísticas dos Professores no Brasil", divulgado ontem pelo Ministério da Educação e que inclui diversos dados de 1991 a 2002.

A decisão de ser professor também não tem se mostrado atrativa tanto em relação ao mercado como em relação às condições de trabalho. O resultado é que podem faltar docentes nos próximos dez anos, caso não sejam adotadas medidas para valorizar a categoria e incentivar o ingresso de novos profissionais. Só no caso de creches e pré-escola, a estimativa é que o crescimento das matrículas vá exigir a criação de 139 mil vagas até 2006.

Hoje o país tem cerca de 2,4 milhões de professores na educação básica, 80% em escolas públicas.

Entre 1996 e 2002, melhorou a formação dos docentes. Houve uma redução significativa do número de professores com formação até o ensino fundamental --de 15,3% em 1996 para 2,8% no ano passado entre os que dão aulas da 1ª à 4ª série. Já entre os docentes de 5ª a 8ª, o percentual caiu de 1% para 0,3%.

Por outro lado, o estudo diz que "apenas 57% dos docentes que atuavam na pré-escola, no ensino fundamental e médio possuíam formação em nível superior".

Resposta oficial

Para tentar reverter a falta de acesso à informática, o governo anunciou ontem, Dia do Professor, a ampliação da linha de crédito para docentes, oferecida desde 2000, para a compra de computadores. Serão R$ 115 milhões por meio do Banco do Brasil e outros R$ 20 milhões pela Caixa Econômica Federal. Cada professor pode ter acesso a R$ 3.000.

Um dos pontos que preocupam o governo é a estimativa de falta de mão-de-obra no ensino até 2006. O aumento registrado nas matrículas em cursos de licenciatura de 556 mil em 1991 para 1,059 milhão no ano passado não tem sido suficiente para atender à demanda. Algumas áreas são mais críticas, como física e química.

A infra-estrutura das escolas da educação básica varia de acordo com a região, mas, de modo geral, é insuficiente. Do total, 45% dos professores atuam em escolas sem biblioteca. No Nordeste, esse índice passa para 66%.

Em relação a laboratórios de ciências, 80% trabalham em escolas que não contam com esse suporte, e 74% em estabelecimentos sem laboratório de informática.

Quando se fala em salário, a situação é complicada. O estudo mostra que um professor de educação infantil ganha, em média, R$ 423. Docentes que lecionam em turmas de 1ª a 4ª série recebem R$ 462, e de 5ª a 8ª, R$ 600.

Já quem atua no nível médio ganha, em média, R$ 866, quase a metade do salário de um policial civil e um quarto do rendimento de um delegado. Os rendimentos de um juiz chegam a ser 20 vezes superiores ao valor da menor média salarial do professorado --a da educação infantil.

Ontem, milhares de pessoas participaram, em todo o país, de protestos que pediam "uma escola pública de qualidade". Os atos ocorreram em cidades como Fortaleza (CE), Rio Branco (AC), Brasília (DF) e em São Paulo.

O objetivo é sensibilizar a opinião pública para as questões relativas ao financiamento da educação e pressionar o Congresso para que aumente os recursos desse setor.

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