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29/01/2004 - 08h11

Artigo: O movimento de 1964 e as formas de resistência

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ROBERSON DE OLIVEIRA
Especia para a Folha de S. Paulo

O movimento militar de 1964 encerrou um período de liberdade política como nunca havia existido no Brasil até então. Nos anos que se seguiram, as liberdades públicas foram eliminadas progressivamente até que, em dezembro de 1968, o Executivo decretou o AI-5 e passou a concentrar poderes excepcionais, transformando o regime político praticamente numa ditadura, cuja fase mais violenta e repressiva estendeu-se até 1974.

No decorrer do período, surgiram várias formas de resistência à ação repressora do regime nos planos político, sindical e cultural.

No plano político-parlamentar, vários deputados e senadores perderam os seus mandatos por desferir críticas duras e corajosas ao regime recém-instalado. Grupos de oposição mais extremistas desistiram de combater o governo por meio de palavras e resolveram organizar movimentos guerrilheiros para tirar os militares do poder pela força das armas.

O movimento operário também tentou reagir às restrições das ações sindicais e ao arrocho salarial imposto pelos militares por meio de greves em 1968, em Osasco (SP) e em Contagem (MG).

No plano da cultura, foram inúmeras as manifestações de resistência. A primeira ocorreu em dezembro de 1964, com o "Opinião". Mistura de show musical e teatro, por meio de denúncias e de músicas de protesto, ele buscava sensibilizar o público a se engajar na luta contra o regime militar.

Os festivais da canção organizados pela TV Excelsior de São Paulo em 1965, em 1966, em 1967 e em 1968 foram uma grande oportunidade para que cantores e compositores manifestassem sua oposição ao regime militar devido ao enorme alcance que essas apresentações tinham entre os jovens.

O ambiente político que vigorava no país na época exercia influência direta na preferência do público e dos jurados. Isso ficou evidente, por exemplo, em 1966, com as músicas "A Banda", de Chico Buarque, e "Disparada", de Geraldo Vandré, e em 1968, com "Sábia", de Chico Buarque e Tom Jobim, e "Caminhando", também de Geraldo Vandré.

Em graus diferenciados, de maneira explícita ou sutil, todas elas criticavam aspectos do sistema opressivo que imperava no país. A preferência do público por músicas de protesto de conteúdo mais explícito, como "Caminhando", deu origem a uma rica discussão cultural e estética.

Roberson de Oliveira é autor de "História do Brasil: Análise e Reflexão" e "As Rebeliões Regenciais" (Editora FTD) e professor no Colégio Rio Branco e na Universidade Grande ABC. E-mail: roberson.co@uol.com.br
 

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