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13/01/2005
-
10h42
FERNANDA BASSETTE
ANDRÉ NICOLETTI
da Folha de S.Paulo
Apesar de embalado pelos estudos para o vestibular, Ricardo Caruso Vieira, 23, foi reprovado em uma disciplina logo no primeiro ano da faculdade. Já Renata Rocha, 29, não teve grandes problemas durante a graduação.
Ricardo se formou no final do ano passado em engenharia elétrica, carreira em que 18,3% dos alunos que fizeram o provão de 2003 acharam que a graduação deveria ter sido menos ou muito menos exigente. O curso foi apontado como o mais difícil entre os 26 que participaram do exame.
Renata graduou-se na mesma época em jornalismo em uma faculdade particular de São Paulo. Em sua carreira, só 2,3% dos formandos achavam que a graduação deveria ter exigido menos ou muito menos, enquanto 73,4% consideravam que deveria ter cobrado mais ou muito mais.
"No primeiro ano, fui reprovado em cálculo, que tem índice de aprovação menor do que 50%. Já imaginava que o curso seria difícil, mas superou minhas expectativas", disse Ricardo, que foi reprovado em cinco disciplinas durante a graduação inteira da USP.
Segundo o coordenador da graduação em engenharia elétrica da Unesp de Bauru, Naasson Pereira de Alcantara Júnior, o curso causa um choque por ter práticas didáticas diferentes das que os estudantes encontram nas escolas. "A base matemática é muito forte. Disciplinas como cálculo e física são necessárias para as seguintes. Diminuir a exigência é dar um tiro no pé."
Já Renata só teve uma reprovação durante todo o curso. "No primeiro ano já fiquei decepcionada. Mesmo que não lêssemos os textos, conseguíamos fazer as provas e tirar notas boas." Ela conta que, no primeiro ano, teria de assistir a um filme para elaborar uma resenha. Como não conseguiu alugar a fita, fez o texto com base em depoimentos de amigos. "Tirei nove e meio. A partir daí, desencanei."
Para o chefe do departamento de jornalismo da USP, José Coelho Sobrinho, o problema dos cursos de comunicação é que as habilidades aprimoradas já são usadas no cotidiano. "Comunicação exige falar, escrever, ouvir, que são coisas do dia-a-dia. É diferente de engenharia, em que o aluno até sabe fazer contas, mas nunca fez o cálculo de uma viga. O importante é ajudar os estudantes a aprender a aprender."
Segundo ele, muitas vezes os alunos entram com "espírito de cursinho", o que causa decepção. "Eles entram querendo regras para aplicar. Eles têm de aperfeiçoar o que já têm, o que não se faz por meio de regras definidas."
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ANDRÉ NICOLETTI
da Folha de S.Paulo
Apesar de embalado pelos estudos para o vestibular, Ricardo Caruso Vieira, 23, foi reprovado em uma disciplina logo no primeiro ano da faculdade. Já Renata Rocha, 29, não teve grandes problemas durante a graduação.
Ricardo se formou no final do ano passado em engenharia elétrica, carreira em que 18,3% dos alunos que fizeram o provão de 2003 acharam que a graduação deveria ter sido menos ou muito menos exigente. O curso foi apontado como o mais difícil entre os 26 que participaram do exame.
Renata graduou-se na mesma época em jornalismo em uma faculdade particular de São Paulo. Em sua carreira, só 2,3% dos formandos achavam que a graduação deveria ter exigido menos ou muito menos, enquanto 73,4% consideravam que deveria ter cobrado mais ou muito mais.
"No primeiro ano, fui reprovado em cálculo, que tem índice de aprovação menor do que 50%. Já imaginava que o curso seria difícil, mas superou minhas expectativas", disse Ricardo, que foi reprovado em cinco disciplinas durante a graduação inteira da USP.
Segundo o coordenador da graduação em engenharia elétrica da Unesp de Bauru, Naasson Pereira de Alcantara Júnior, o curso causa um choque por ter práticas didáticas diferentes das que os estudantes encontram nas escolas. "A base matemática é muito forte. Disciplinas como cálculo e física são necessárias para as seguintes. Diminuir a exigência é dar um tiro no pé."
Já Renata só teve uma reprovação durante todo o curso. "No primeiro ano já fiquei decepcionada. Mesmo que não lêssemos os textos, conseguíamos fazer as provas e tirar notas boas." Ela conta que, no primeiro ano, teria de assistir a um filme para elaborar uma resenha. Como não conseguiu alugar a fita, fez o texto com base em depoimentos de amigos. "Tirei nove e meio. A partir daí, desencanei."
Para o chefe do departamento de jornalismo da USP, José Coelho Sobrinho, o problema dos cursos de comunicação é que as habilidades aprimoradas já são usadas no cotidiano. "Comunicação exige falar, escrever, ouvir, que são coisas do dia-a-dia. É diferente de engenharia, em que o aluno até sabe fazer contas, mas nunca fez o cálculo de uma viga. O importante é ajudar os estudantes a aprender a aprender."
Segundo ele, muitas vezes os alunos entram com "espírito de cursinho", o que causa decepção. "Eles entram querendo regras para aplicar. Eles têm de aperfeiçoar o que já têm, o que não se faz por meio de regras definidas."
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