Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
12/04/2005 - 14h57

Uma segunda língua: porque e quando

Publicidade

NORA MACHALOUS
FERNANDO CESAR CAPOVILLA
Colaboração para a Folha Online

Uma língua deve-se entender por um código, culturalmente herdado, um valor social, algo coletivo e uniforme, uma estrutura organizada que tem seus limites e é adquirida inconscientemente pelo indivíduo imerso numa comunidade social.

Quando isto não ocorre de forma inconsciente, o aprendizado deve se dar consciente e sistematicamente, como ocorre no ensino de uma língua estrangeira.

Com a globalização, as fronteiras têm sido cada vez menores, portanto há a necessidade de se conhecer outras línguas e outras culturas para poder interagir com outros povos, que já não estão mais tão distantes.

Quem reside na cidade de São Paulo tem um interesse ainda maior em aprender um idioma estrangeiro, pois aqui existe a maior concentração de multinacionais do país.

Procurando uma maior eficiência e facilitação no ensino de línguas estrangeiras, há uma grande quantidade de escolas "internacionais", nas quais os alunos geralmente são alfabetizados não apenas em sua língua materna, mas também na língua do país de origem da escola. Para tal, professores destes países têm a tarefa de realizar a alfabetização na língua estrangeira e professores do país ensinam a língua materna.

Esse sistema é especialmente importante para crianças que passam alguns anos em países diferentes de seu país de origem, pois, neste caso, quando a criança retornar à sua pátria, ela poderá dar continuidade aos estudos sem grandes interrupções. E esta mesma porta está aberta a todos os alunos, ou seja, qualquer criança pode ser alfabetizada em duas línguas, desde que alguns critérios sejam observados.

Quanto mais cedo melhor. Sabe-se que uma segunda língua é mais facilmente aprendida durante a infância, pois o cérebro ainda está em formação. O indivíduo com proficiência em um idioma, não precisa traduzir de seu idioma materno para o idioma estrangeiro para poder falar, ou seja, não precisa traduzir da língua com que pensa para a língua com que quer falar, pois o uso desta segunda língua já está automatizado.

É justamente essa automatização que as escolas bilíngües buscam no uso da segunda língua. Tais escolas objetivam que a língua estrangeira esteja tão automatizada quanto à língua materna. Além disso, aprendendo um idioma, faz parte do "pacote" todo um universo cultural, que quanto mais cedo se conhece, mais fácil fica interagir com as pessoas que trafegam nesta cultura.

A alfabetização bilíngüe pode se dar de modo simultâneo ou seqüencial. Na simultânea, como o próprio nome já diz, se dá simultaneamente nas duas línguas. Na seqüencial, a alfabetização, inicialmente, se dá em uma língua e, depois de um ano, em média, as crianças são instruídas apenas sobre as diferenças de uma língua para a outra no que se refere às relações grafema-fonema (letra-som).

Mas há alguns cuidados a serem tomados. Alunos com sinais claros de dislexia, devem receber uma atenção maior. Crianças com outros distúrbios de aprendizagem também devem receber atenção redobrada. Mas as grandes escolas bilíngües costumam ter profissionais especializados para detectar estes casos e prestar a assessoria necessária.

Nora Machalous é coordenadora e professora de alemão do Colégio Humboldt e doutoranda do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.
Fernando Cesar Capovilla é professor associado do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.

Os artigos publicados nesta seção não traduzem a opinião da Folha Online. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate sobre diversos assuntos em diferentes áreas do pensamento humano.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página