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15/11/2005 - 09h40

Filosofia ainda é curso desconhecido

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SIMONE HARNIK
da Folha de S.Paulo

Programas de televisão, livros cada vez mais palatáveis, tudo com a intenção de tirar Platão da caverna e tornar a filosofia acessível ao gosto do público. Mas quem ingressa na graduação, na aspereza da academia, muitas vezes nem sabe com o que vai lidar ou trabalhar.

"A palavra filosofia está em moda, mas nem sempre o que pensam é o que o curso significa realmente", diz o coordenador da graduação de filosofia da USP, Roberto Bolzani Filho.

Para ele, o principal engano --e um dos motivos do abandono do curso-- é imaginar que a graduação seja um espaço para discutir. "Alguns esperam expressar opiniões. Outros vêm até com uma visão terapêutica. Aqui na faculdade o aluno vai aprender a ter opinião e não só a falar."

No curso, os alunos vão encarar aulas sobre história da filosofia, além de disciplinas sobre ética, lógica, estética, teoria do conhecimento e filosofia da linguagem. E a carga de leituras é pesada.

O mercado tradicional para quem se forma ainda é seguir a carreira acadêmica e se tornar pesquisador ou comentarista. Referências de eruditos não faltam: Marilena Chaui, Renato Janine Ribeiro, José Arthur Gianotti são professores com grande espaço na mídia.

Alternativa

Formada em filosofia e com visão administrativa apurada, Viviane Horta, com dois professores da UnB (Universidade de Brasília), colocou em prática um projeto de levar a filosofia para leigos.

Criou na capital do país, em março deste ano, um espaço que simula uma casa e onde são oferecidos cursos livres de filosofia --temáticos, abordando, por exemplo, a morte-- para quem tem interesse nesses assuntos e não quer ingressar numa faculdade só para isso. A sociedade de atividades filosóficas recebeu o nome de "Sophia +". "A gente fez um lugar aconchegante, para sair do ambiente de escola, de cadeira com braço."

O sucesso de público dos pouco mais de seis meses já tem mostrado retorno financeiro, segundo ela. E até o público infantil virou alvo. "Trabalho com as crianças de sete anos, em oficinas filosóficas. Elas ficam quatro horas duas vezes por semana e têm atividade artística e discussão", explica.

Pequeno filósofo?

Nos meios acadêmicos, a profissionalização da filosofia --com mais colóquios, seminários, revistas e encontros-- chegou a tal ponto que, hoje, alguns professores questionam se isso vale a pena. Júlio Cabrera, da UnB, acha que existe um preconceito contra a nomenclatura de "filósofo".

"Quando você acredita que é filósofo, é considerado arrogante, pouco sério. Mas muitos alunos criativos vão sendo inibidos, até se tornarem bons comentadores, especialistas", diz.

Na opinião de Cabrera, na graduação, a liberdade dos alunos é pouco incentivada. "Parece-me que há uma espécie de conformismo no Brasil. E a pergunta que deve ser feita é: "O que você prefere ser: um grande comentarista ou um pequeno filósofo?'"

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