14/12/2005 - 10h00

Unicastelo demite 1.300 empregados

da Folha de S.Paulo

A Universidade Camilo Castelo Branco (Unicastelo) decidiu demitir de uma só vez todos os professores e funcionários do seu campus em Itaquera, na zona leste de São Paulo. A medida, que afeta mais de 1.300 pessoas, causou indignação entre os empregados, que prometem fazer uma manifestação na tarde de hoje, em frente à instituição.

A universidade vinha enfrentando problemas desde o começo do ano. Em maio, uma greve reivindicando salários atrasados deixou os alunos sem aulas por 21 dias. Após a paralisação, houve troca no comando da mantenedora da instituição (Associação Itaquerense de Ensino) e, desde então, segundo o sindicato dos professores, "deixou de existir um canal de comunicação entre os docentes e a mantenedora".

O canal só foi restabelecido na sexta-feira passada: os funcionários receberam um telegrama afirmando que estavam dispensados do trabalho.

"O espírito da medida é reduzir gastos", disse Carlos Pacheco, um dos representantes da entidade, que não informou quem é a nova mantenedora. Ele garantiu que "entre 50% e 60% dos funcionários" serão readmitidos, mas que a porcentagem referente aos docentes ainda não está fechada.

A demissão, afirmou, não afetará os 9.000 alunos do campus já que há poucos cursos em fase de encerramento. Os estudantes, no entanto, estão receosos.

Aluna do quarto ano de psicologia, Cláudia da Costa Moraes, 24, conta que ninguém explica direito o que está acontecendo na instituição. "Desde sexta, a faculdade está fechada e ninguém fala nada", afirma. "Há um boato de que parte dos professores será recontratada, mas não sei se acredito."

Róbson Silva Melo, 28, estudante de educação física, concorda com a colega. "A gente paga as mensalidades em dia e o mínimo que a universidade deveria fazer é nos dar informações corretas", afirma. "A gente se sente perdido. Acho uma falta de ética mandar bons professores embora sem motivo e uma falta de consideração prejudicar os alunos."

Aluno do terceiro ano, Róbson faz parte de um grupo de estudos de fisiologia, que já tem trabalhos em andamento para o ano que vem, mas a professora que coordena o grupo está na relação de demitidos da Unicastelo.

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