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14/02/2006
-
09h32
THARSILA PRATES
da Folha de S.Paulo
Calouros numa piscina de plástico com água suja, lama e tinta. Outros tendo de improvisar "a dança da garrafa" com uma melancia na cabeça. Sem falar na tinta no rosto e cabelos raspados. Apesar de proibidos desde 1999, os trotes marcaram o início das matrículas em algumas unidades da USP (Universidade de São Paulo).
Vanessa dos Santos Martins, 20, que passou em farmácia, disse que gostou de participar do que chamou de "farra" com os veteranos no Centro de Prática Esportiva da USP --onde também tinha uma piscina com água suja--, embora tenha ficado com a roupa imprestável e o cabelo, duro. "Eles jogaram ovos e tintas. Estou me sentindo suja, mas feliz como nunca."
Na educação física, os trotes aconteceram nas escadas em frente ao prédio da faculdade e incluíram banhos de lama. Mas os calouros disseram que a sujeira e o frio --alguns tremiam-- faziam parte da "brincadeira".
O presidente da Comissão de Graduação da Escola de Educação Física e Esporte, professor Júlio Serrão, disse que desconhecia a ocorrência de trotes. Ele diz ainda que até mesmo atividades como pintar o rosto são condenadas pela direção da unidade.
Os trotes foram proibidos em 99 após a morte de um estudante de medicina em uma festa na associação atlética. O jovem, de 22 anos, morreu afogado.
O Disque-Trote da USP recebeu até ontem três denúncias, todas relatos de testemunhas que viram os alunos sendo pintados, sujos de barro e obrigados a cortarem o cabelo. O serviço, que funciona até o dia 14 de março, informou que as unidades verificaram as denúncias, mas os calouros disseram que consentiram as "brincadeiras".
Oswaldo Crivello, responsável pelo Disque-Trote, diz que é necessário que os calouros denunciem as ocorrências. Dependendo da gravidade do trote, os envolvidos podem até ser expulsos.
Ainda na Cidade Universitária, a dona-de-casa Neide Ito, 52, acompanhou de perto tudo o que fizeram com o filho Denis Massao Ito, 19, que passou em música-composição. O novo aluno disse que que só consentiu que lhe cortassem o cabelo após muita insistência. A mãe do rapaz afirma que aprova o trote, desde que não seja violento. "Acho que tem que brincar, mas tudo dentro do limite." O estudante veio preparado para a recepção. Tinha roupa limpa e até toalhas dentro do carro.
Os pais de Leandro Moreira Duarte, 17, também assistiram ao primeiro dia do filho na Faculdade de Direito. Leandro foi cercado pelos alunos mais antigos que o pintaram e cortaram seu cabelo. Mas ele disse que gostou. "Nem me dei ao trabalho de cortar o cabelo."
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da Folha de S.Paulo
Calouros numa piscina de plástico com água suja, lama e tinta. Outros tendo de improvisar "a dança da garrafa" com uma melancia na cabeça. Sem falar na tinta no rosto e cabelos raspados. Apesar de proibidos desde 1999, os trotes marcaram o início das matrículas em algumas unidades da USP (Universidade de São Paulo).
Vanessa dos Santos Martins, 20, que passou em farmácia, disse que gostou de participar do que chamou de "farra" com os veteranos no Centro de Prática Esportiva da USP --onde também tinha uma piscina com água suja--, embora tenha ficado com a roupa imprestável e o cabelo, duro. "Eles jogaram ovos e tintas. Estou me sentindo suja, mas feliz como nunca."
Leonardo Wen/Folha Imagem |
Na USP, calouros enfrentam até banho de lama em trote |
Na educação física, os trotes aconteceram nas escadas em frente ao prédio da faculdade e incluíram banhos de lama. Mas os calouros disseram que a sujeira e o frio --alguns tremiam-- faziam parte da "brincadeira".
O presidente da Comissão de Graduação da Escola de Educação Física e Esporte, professor Júlio Serrão, disse que desconhecia a ocorrência de trotes. Ele diz ainda que até mesmo atividades como pintar o rosto são condenadas pela direção da unidade.
Os trotes foram proibidos em 99 após a morte de um estudante de medicina em uma festa na associação atlética. O jovem, de 22 anos, morreu afogado.
O Disque-Trote da USP recebeu até ontem três denúncias, todas relatos de testemunhas que viram os alunos sendo pintados, sujos de barro e obrigados a cortarem o cabelo. O serviço, que funciona até o dia 14 de março, informou que as unidades verificaram as denúncias, mas os calouros disseram que consentiram as "brincadeiras".
Oswaldo Crivello, responsável pelo Disque-Trote, diz que é necessário que os calouros denunciem as ocorrências. Dependendo da gravidade do trote, os envolvidos podem até ser expulsos.
Ainda na Cidade Universitária, a dona-de-casa Neide Ito, 52, acompanhou de perto tudo o que fizeram com o filho Denis Massao Ito, 19, que passou em música-composição. O novo aluno disse que que só consentiu que lhe cortassem o cabelo após muita insistência. A mãe do rapaz afirma que aprova o trote, desde que não seja violento. "Acho que tem que brincar, mas tudo dentro do limite." O estudante veio preparado para a recepção. Tinha roupa limpa e até toalhas dentro do carro.
Os pais de Leandro Moreira Duarte, 17, também assistiram ao primeiro dia do filho na Faculdade de Direito. Leandro foi cercado pelos alunos mais antigos que o pintaram e cortaram seu cabelo. Mas ele disse que gostou. "Nem me dei ao trabalho de cortar o cabelo."
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