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18/04/2006 - 09h09

Em crise, faculdades de SP já cortam cursos

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FÁBIO TAKAHASHI
SIMONE HARNIK
da Folha de S.Paulo

A crise das faculdades particulares, antes presente apenas em estudos e análises, já afeta os alunos. Só na cidade de São Paulo, ao menos sete instituições fecharam cursos, atrasaram salários de professores ou tiveram aulas prejudicadas devido a greves do ano passado até agora. Uma delas fechou as portas sem avisar os alunos.

O resultado para os universitários é a interrupção dos estudos, incerteza em relação ao tempo e ao dinheiro gastos e problemas para obter documentos. As dificuldades financeiras atingem tanto instituições novas, como a Práxis (cinco anos), quanto tradicionais, como a PUC-SP (60 anos).

A razão para a crise é o aumento da concorrência, deflagrada no fim dos anos 90 no governo Fernando Henrique Cardoso --e os resultados estão sendo sentidos agora.

A faculdade Piratininga, por exemplo, autorizada em 1999, foi fechada e descredenciada pelo MEC (Ministério da Educação) há um mês. A escola possuía cursos de administração, publicidade e propaganda, pedagogia e turismo em dois campi, na avenida Angélica e na rua da Consolação.

Hoje, nesses prédios não há um funcionário sequer para atendimento aos ex-estudantes. Nem o MEC informou quantos alunos foram afetados pelo fechamento.

Marcelo Seraphim, 39, que iria para o segundo ano de publicidade, diz que até agora nem pôde retirar o histórico escolar. "Perdi um ano porque não consigo comprovar que estudei", diz. Ele pagava R$ 260 por mês pelo curso.
O prédio da faculdade recebeu a visita de um oficial de Justiça no começo deste mês para o confisco de 2.000 cadeiras como garantia para salários atrasados.

A Anglo Latino, na Aclimação, fechou turmas de jornalismo, relações públicas e rádio e TV. Os alunos foram transferidos para publicidade. "É absurdo, não é o que escolhi. No ano que vem terei de brigar de novo por uma transferência para o que quero cursar", diz Maíra Tatiana Ribeiro França, 24, que se matriculou no início do ano em relações públicas.

A Práxis é outra faculdade com fragilidade financeira. Desde 2003, de acordo com o Sinpro (sindicato dos professores de escolas particulares), a entidade não efetuou regularmente o pagamento do 13º salário a professores. Em fevereiro deste ano, a situação se agravou e boa parte do corpo docente iniciou greve que paralisa quase toda a instituição.

"Em março, só tive aula de uma disciplina por semana. Das outras matérias, nada", conta Niclécia Alves da Silva, 36, estudante do terceiro ano de enfermagem. "Tranquei a matrícula. De que adianta terminar uma matéria só e perder o semestre?" Ela pagava mensalidade de R$ 740.

Já a PUC, uma das mais tradicionais do país, cortou 30% do corpo docente entre novembro passado e fevereiro deste ano. A instituição possui cerca de 20 mil estudantes, que pagam mensalidades de até R$ 2.500, em medicina. As aulas começaram sem professor em 70 disciplinas (5% do total). Devido à crise, a universidade informou ontem que denunciou (acabou) o contrato de trabalho dos professores.

Também têm dificuldades Unicastelo, que cortou cerca de 200 dos 600 professores, Unisa (também demitiu docentes) e São Marcos, que atrasou o 13º salário.

A PUC afirma que mantém a qualidade. A São Marcos diz que o problema salarial está resolvido. Procuradas, as outras instituições não responderam.

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