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06/06/2006 - 10h45

Manifestação acaba em confronto com polícia e prisões no Chile

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FLÁVIA MARREIRO
enviada especial da Folha de S.Paulo a Santiago

A convocação dos líderes dos estudantes secundaristas chilenos era que ontem fosse um dia de "paralisação reflexiva", sem passeatas e, principalmente, sem confronto com a polícia. Mas durante todo o dia, houve focos de conflito entre manifestantes e policiais e saques nas principais ruas do centro de Santiago. Segundo o governo, havia 262 detidos à noite.

Universitários e professores responderam à convocação de greve nacional dos estudantes, que cobram benefícios e mudanças na lei educacional. Funcionários do Ministério da Educação fizeram uma paralisação pontual, durante a manhã, mas a CUT (Central Unificada dos Trabalhadores) chilena apoiou a greve apenas "simbolicamente".

Os principais confrontos ocorreram a uma quadra do Palácio de La Moneda, a sede do governo. É onde está uma das sedes da Universidade do Chile e o Instituto Nacional --o mais tradicional colégio secundário público do país. Os arredores foram escolhidos como ponto de concentração dos estudantes e manifestantes que cobriam o rosto com capuzes.

De quando em quando, tanques da polícia percorriam a avenida, lançando jatos de água e de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes, que os provocavam gritando e atirando pedras. O trânsito foi bloqueado várias vezes. "A repressão não tem sentido. Não se tem direito de fazer passeata no Chile. Eles lançam gás lacrimogêneo até aqui, dentro da universidade", reclamava Felipe Hazbun, 24, vice-presidente da União dos Estudantes Universitários chilenos, que também estão em greve para apoiar os secundaristas, apelidados de "pingüins" pelos uniformes com gravata que usam.

Saques

Comércios e restaurantes fecharam as portas por volta do meio-dia no centro --e quem permaneceu funcionando o fez protegido por grades de segurança. Houve saques de lojas.

Mais cedo, na praça Itália (a cerca de dez quadras do La Moneda), houve confronto e 20 detidos, segundo a polícia, "todos maiores de idade". O governo disse que "vândalos" se infiltraram entre os estudantes.

Líderes estudantis lamentavam os conflitos com a polícia e negavam desgaste do movimento. "Não aconteceu como nós pedimos", disse Karina Delfino, 17, uma das porta-vozes da associação de estudantes secundaristas.

A preocupação dos estudantes é que o novo dia de violência e os saques destruam o "consenso" de apoio de vários setores --entre os líderes há simpatizantes do governo Bachelet, comunistas e direitistas-- e da imprensa a suas reivindicações. A proposta inicial era fazer um buzinaço de apoio aos estudantes às 19h, mas houve pouca adesão. Esperava-se ontem ainda uma avaliação dos porta-vozes sobre a "greve nacional".

À tarde, o ex-presidente Ricardo Lagos, que deixou a Presidência com cerca de 70% de aprovação, respaldou as ações do governo Bachelet e criticou as manifestações violentas.

À noite, o movimento Frente Patriótica Manuel Rodríguez, ex-organização guerrilheira durante a ditadura, convocou uma marcha no centro que foi dispersada pela polícia. Na cidade de Valparaíso, houve uma passeata com 12 mil estudantes e professores, sem incidentes.

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