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19/09/2006 - 07h30

Cursinho Popular mistura estudo e cidadania

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SIMONE HARNIK
VINÍCIUS SEGALLA
da Folha de S.Paulo

Foi no cursinho que Daniel Munhoz Fernandes, 21, descobriu a possibilidade de tentar medicina em Cuba. Sempre bom aluno, pensou também em ir para Portugal ou para a Inglaterra para fazer a faculdade. Contada assim, a história parece a de um jovem que estudou nas melhores escolas e teve grandes oportunidades. Mas não, Daniel embarcou para a terra de Fidel direto do Cursinho Popular de Jandira (na Grande São Paulo), destinado a quem tem baixa renda.

"Seria muito difícil estudar no Brasil. Eu não teria condições de pagar um cursinho caro para entrar numa boa faculdade e também não conseguiria me sustentar, se entrasse. Lá eu recebo uma bolsa total", conta.

Para Rosana de Fátima Galindo, 17, o cursinho comunitário é a esperança de ser mais competitiva em busca da vaga em engenharia. "As aulas estão me ajudando, porque muita coisa eu não vi no ensino médio na escola pública."

No ano passado, a taxa de ingresso no ensino superior dos alunos do Cursinho Popular de Jandira foi de 7%. No cursinho 20 de Novembro, ligado à Fatec, os índices são semelhantes. Desde o início, em 2002, mais de 2.000 estudantes passaram pelo pré-vestibular e cerca de 250 foram aprovados.

Mas os índices de aprovação são só parte da função de um cursinho comunitário. "Tem também o papel de resgate da auto-estima, de dar informação. É lá que ele percebe que pode fazer um curso tecnológico ou prestar uma bolsa do Prouni [programa do governo federal], por exemplo", diz a pesquisadora e coordenadora do Cursinho Popular de Jandira, Silvia Maria Dias Ruedas. Em Jandira, os jovens assistem às aulas e trabalham as noções de cidadania em projetos sociais --cadastramento de famílias em situação de risco ou arrecadação de alimentos.

A pró-reitora de extensão da Unesp, Maria Amélia Máximo de Araújo, concorda: "O importante não é só o ingresso. Na vivência, o estudante passa a ter outra visão de mundo, aumenta a auto-estima. Passa a batalhar também o emprego". Na universidade, que tem 32 unidades, existem 23 cursinhos.

O cursinho da UFSCar também extrapola a preparação para os exames. "Buscamos complementar a formação do estudante. Por isso ministramos aulas como ambiente, saúde pública, filosofia, exclusão social e cultura e arte africana", conta Fulvio Cesar Severino, professor de biologia do curso e aluno da UFSCar.

Frei David, da ONG Educafro, que tem 255 núcleos de cursinhos no Brasil (184 em SP), diz acreditar que a "função do cursinho é despertar a consciência da exclusão da qual os pobres e os negros são vítimas", para levá-los a serem incluídos na universidade pública.

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