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20/12/2006 - 10h27

Ensino público tem 33 escolas modelo

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LUCIANA CONSTANTINO
da Folha de S.Paulo, em Brasília

O dia de aprender fração na aula de matemática vira uma festa no pátio da escola municipal professor José Negri, em Sertãozinho (SP). A matéria é ensinada aos alunos por meio da divisão de bolos, que eles mesmos levam para o colégio. Também foi criada uma moeda, batizada de nick, para que eles conheçam valores monetários.

São iniciativas como essas que estão reunidas na pesquisa inédita "Aprova Brasil - O Direito de Aprender", divulgada ontem em Brasília. O trabalho foi desenvolvido pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) em parceria com Ministério da Educação e Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais).

A partir de resultados da avaliação Prova Brasil, aplicada em 2005, o Inep selecionou 33 escolas estaduais e municipais de ensino fundamental, que, além de terem boas notas no exame, apresentaram impacto no aprendizado da criança. Para isso, levou-se em conta os dados socioeconômicos da região onde a instituição funciona.

Todas essas escolas localizadas em 14 Estados e no Distrito Federal foram visitadas por pesquisadores do Unicef para analisar os motivos que levaram ao bom desempenho.

Em comum, aparecem quatro eixos como os que mais contribuíram para o desempenho positivo: professores empenhados e capacitados; alunos interessados e exigentes; projetos pedagógicos ligados ao cotidiano das crianças e gestão democrática, com o envolvimento da comunidade e dos pais.

"A escola não é um depósito. A família é a base. Se a família não vai à escola, a criança não evolui", diz Maria Teresa da Cruz, do conselho da escola Casa Meio Norte, em Teresina (PI). O depoimento dela compõe um pequeno documentário apresentado no lançamento do estudo. Na pesquisa foram ouvidos depoimentos de professores, diretores, conselhos escolares, pais e alunos.

"O estudo procurou encontrar não só as melhores escolas, mas também aquelas em que o direito de cada criança a aprender é respeitado. Percebemos que essas escolas desenvolveram projetos pedagógicos simples, criativos e ousados", diz a representante do Unicef no Brasil, Marie-Pierre Poirier.

Já a consultora de educação do Unicef e coordenadora da pesquisa, Maria de Salete Silva, diz que um dos pontos que chamaram a atenção é o fato de a infra-estrutura não ter sido incluída entre as prioridades.

"Há demandas por infra-estrutura, mas dentro de projetos pedagógicos que a escola desenvolve. Os alunos pedem quadra de esporte, por exemplo, quando já têm algum tipo de aula com essa demanda." Outro exemplo são bons projetos de leitura, desenvolvidos mesmo que a unidade não tenha uma biblioteca.

Quando se trata de professores, ela diz que planos de carreira e projetos de capacitação são citados como importantes. Mas em Uarini (AM) a remuneração chamou atenção: professores chegam a ganhar mais de R$ 1.000 --a média no país varia de R$ 500 a R$ 800 mensais.

Já no Centro Educacional 3, do Guará, no Distrito Federal, os alunos têm um cartão magnético, que é entregue no início da aula para controle de freqüência e devolvido no final do período. Os atrasos, mesmo que de cinco minutos, são anotados. Quando os atrasos viram rotina, os pais são chamados.

Para a representante do Unicef, os resultados não devem ser vistos como "uma receita pronta para o sucesso, mas sim uma inspiração para educação pública de qualidade". Os principais resultados do estudo estão na internet (www.unicef.org.br).

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