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02/01/2001
-
08h13
especial para a Folha
Cretáceo: um Tyrannosaurus rex olha em volta, sonda o ar e pensa: "Está esfriando. Sobreviveremos?". Não sobreviveram.
Holoceno: um Homo sapiens sapiens olha em volta, sonda o ar e pensa: "Está esquentando. Sobreviveremos?". Talvez.
Costumamos crer que catástrofes ambientais sejam as grandes culpadas pela extinção de espécies na história da Terra.
Vítima do clima. É esse, portanto, o destino do homem?
Se for, pelo menos um aspecto nos diferencia dos seres inferiores do passado: seremos suicidas.
Dos problemas ambientais conhecidos, só há unanimidade entre ambientalistas, cientistas e políticos quanto ao aquecimento global.
O efeito estufa é um fenômeno natural que permite que a temperatura média da superfície da Terra seja em média de 15C, não de 20C. Logo o problema não é o efeito estufa.
O problema é a intensa emissão de gases estufa (CO2; CH4; NO2; perfluorcarbonos, PFCs; hidrofluorcarbonetos, HFCs, estes substitutos do CFC e hexafluoreto de enxofre) iniciada pela Revolução Industrial no século 18.
Estima-se que, nos últimos 25 anos, a temperatura superficial do planeta tenha subido 0,5C e que até 2100 venha a subir até 6C em alguns locais do mundo.
Poderia haver retração de geleiras, modificação nos padrões de seca e chuva (com o aumento da umidade em regiões de altas latitudes e secas nas áreas de baixas e médias latitudes, com consequências na atividade agrícola), aumento da população de insetos e proliferação de doenças, derretimento de calotas polares e elevação do nível do mar entre 50 cm e 95 cm (com as inevitáveis inundações e submersão de extensas faixas costeiras).
O Protocolo de Kyoto foi assinado em 1997 para evitar que o quadro acima exposto viesse a tornar-se realidade. Entre 2002 e 2012, os signatários devem reduzir em 5,2% a emissão de gases estufa.
O desejo de preservar a humanidade foi, porém, superado pelas prioridades políticas e econômicas: na 6ª Conferência sobre o Clima, acontecida em novembro passado em Haia, a Águia Ruim (e não Rui, a Águia) não ratificou o Protocolo de Kyoto.
Os EUA, responsáveis por 25% do CO2 lançado ao ar, não irão gastar bilhões de dólares para redefinir sua política industrial, energética e de combustíveis. Para que reduzir a emissão de gases, se o mundo pobre possui florestas e a Europa Ocidental está disposta a fazer isso?
Não somos suicidas, eles são "homicínicos".
Márcio Masatoshi Kondo é professor da Cia. de Ética, do Objetivo de Americana e do Positivo de Capivari
Resumão/geografia: A emissão de gases estufa
MARCIO MASATOSHI KONDOespecial para a Folha
Cretáceo: um Tyrannosaurus rex olha em volta, sonda o ar e pensa: "Está esfriando. Sobreviveremos?". Não sobreviveram.
Holoceno: um Homo sapiens sapiens olha em volta, sonda o ar e pensa: "Está esquentando. Sobreviveremos?". Talvez.
Costumamos crer que catástrofes ambientais sejam as grandes culpadas pela extinção de espécies na história da Terra.
Vítima do clima. É esse, portanto, o destino do homem?
Se for, pelo menos um aspecto nos diferencia dos seres inferiores do passado: seremos suicidas.
Dos problemas ambientais conhecidos, só há unanimidade entre ambientalistas, cientistas e políticos quanto ao aquecimento global.
O efeito estufa é um fenômeno natural que permite que a temperatura média da superfície da Terra seja em média de 15C, não de 20C. Logo o problema não é o efeito estufa.
O problema é a intensa emissão de gases estufa (CO2; CH4; NO2; perfluorcarbonos, PFCs; hidrofluorcarbonetos, HFCs, estes substitutos do CFC e hexafluoreto de enxofre) iniciada pela Revolução Industrial no século 18.
Estima-se que, nos últimos 25 anos, a temperatura superficial do planeta tenha subido 0,5C e que até 2100 venha a subir até 6C em alguns locais do mundo.
Poderia haver retração de geleiras, modificação nos padrões de seca e chuva (com o aumento da umidade em regiões de altas latitudes e secas nas áreas de baixas e médias latitudes, com consequências na atividade agrícola), aumento da população de insetos e proliferação de doenças, derretimento de calotas polares e elevação do nível do mar entre 50 cm e 95 cm (com as inevitáveis inundações e submersão de extensas faixas costeiras).
O Protocolo de Kyoto foi assinado em 1997 para evitar que o quadro acima exposto viesse a tornar-se realidade. Entre 2002 e 2012, os signatários devem reduzir em 5,2% a emissão de gases estufa.
O desejo de preservar a humanidade foi, porém, superado pelas prioridades políticas e econômicas: na 6ª Conferência sobre o Clima, acontecida em novembro passado em Haia, a Águia Ruim (e não Rui, a Águia) não ratificou o Protocolo de Kyoto.
Os EUA, responsáveis por 25% do CO2 lançado ao ar, não irão gastar bilhões de dólares para redefinir sua política industrial, energética e de combustíveis. Para que reduzir a emissão de gases, se o mundo pobre possui florestas e a Europa Ocidental está disposta a fazer isso?
Não somos suicidas, eles são "homicínicos".
Márcio Masatoshi Kondo é professor da Cia. de Ética, do Objetivo de Americana e do Positivo de Capivari
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